sexta-feira, 12 de abril de 2024

Uma Negra Chamada Vitória

Negra Vitória está no mercado público. Mísera, seca, fedorenta, ruína que a vida teimava em levar até os noventa. Todas as noites por ali. Nunca encontrando um rico em seu caminho àquelas horas. Também, por que rico viria agora, como ela buscar restos pra forrar barriga, se podia escolher o que queria em dia claro? Mas tudo estava certo. Cada um como cada qual! Diversidade de sorte não a perturbava nada, principalmente hoje que para ela era uma noite diferente. Noite de realização e de entusiasmo. Noite pela qual tanto aguardava! Sentia até o coração lhe bater alegre, assanhado no peito murcho e derreado

Alterar-se com mazelas não era mesmo do feitio de negra Vitória. Miséria vira acomodação se bem organizada e a sua era. Vejam só: O seu Custódio lá da banca de carnes escondia-lhe sempre um pedaço de sebo dentro de um caixote. Ela sabia que o sebo seria seu sempre até que descansada e inerte não necessitasse dele mais.

O céu parecia mesmo a ter escolhido por afilhada, pois lá no fundo do mercado o vendeiro displicente jogava fora, nem bem podres ainda, abóboras e espinafre. Um dia até uma pera, fruta de rico, encontrara. Não. Não podia considerar sua sina de ingrata. Mas que às vezes cansava caminhar estirão tão comprido lá isso era verdade. As juntas de seu corpo rangiam todas parecendo até gemer com ela. Mas engraçado, até solidão que fustiga mesmo esta noite não fustigava.

Só achava que negras de sua classe deviam finar-se enquanto de canela jovem, senão já queriam até se igualar à gente delicada. Vejam ela: Quando o caldo do sebo misturado ao rebotalho caia-lhe nas entranhas esganadas, entranhas que esperavam o dia todo por aquela única panelada, ela sentia um bruto vômito e sujava o chão todo do barraco. Onde se viu negra acostumada a todos os tipos de mazela, com aqueles luxos de velha mimada?

Só uma coisa virava-lhe o pensamento, a perturbava: Aquele nome pretensioso posto nela: Vitória, Não que soubesse bem o significado do vocábulo. De estudo tinha apenas a tabuada que um patrão letrado lhe ensinara.  Mas sabia que o termo tinha a ver com algo que a gente podia alcançar. Se cada bebê que nasce tem o direito de chamar-se claridade, gloria e até vitória, algo dentro de si dizia que aguardasse. Tinha a certeza. Quando adquirisse o que queria com os trocados que trazia dentro do lenço encardido, todas as coisas ruins para ela desapareceriam como se tocadas por um mágico.

Dali a pouco negra Vitória já está na rua levando em suas mãos um pacote. As esperanças de negra Vitória ela traz todinhas enroladas numa única folha de jornal. Negra Vitória apressa-se, porque felicidade não pode mais esperar para acontecer. Suas pernas pareciam até aladas Mas, teve apenas um momento azarado. Tão excitada estava, que tropeça em palhas de milho em frente ao mercado e lá se vão ao chão todas as suas esperanças embrulhadas. Ela pega o pacote apalpando-o apalpando-o ansiosamente e abre depois a boca desdentada num sorriso puro, perfeito, quando o sente intacto.

Finalmente chega à frente da porta do seu barraco. Ela chama de porta as duas tabuas ruídas e cruzadas. Entra e coloca então o pacote sobre um caixote novo, evidentemente a pouco comprado. Está coberto com uma toalha alva. Aquela alvura pondo contraste chocante ante a penúria do barraco. Negra Vitória para olhando tudo extasiada. Está encantada, com o aparato que ela própria idealizara.

Tira depois do pacote uma estátua de São Jorge e pensa: Seu barraco serve agora de teto ao sagrado ao que é divino, que não é domínio de pobre, nem domínio de rico.

Ali dentro ela sente uma alegria, uma paz, um êxtase. Uma transcendência que nem o patrão letrado que lhe ensinara tabuada saberia explicar. Porém negra vitória, mísera, velha, seca, conseguiu tudo isto.


segunda-feira, 11 de março de 2024

Símbolos nos Templos Cristãos

 Visitar templos cristãos é adentrar um manancial revelador da simbologia cristã, da vivência do Cristo e do desenvolvimento dos períodos históricos em que foram edificados.

    Aquilo que nos indica um de seus templos é a cruz que encima a sua construção. Ela logo nos relembra cada homem entrando na vida terrena, crucificado na matéria para vivenciar experiências de dualidades. Tentando harmonizar opostos como alegria e tristeza, amor e ódio etc. Simbolizados nos braços verticais e horizontais da cruz.

     A Cruz – diz Fulcanelli em sua bela obra “O mistério das catedrais” – é o crisol onde até o próprio Cristo sofreu sua Paixão. É enfim uma purgação onde renovamos sentimentos e evoluímos.

Bourbon Marie, o sino da catetral
de Notre-Dame consagrado à Virgem Maria.

Muitos templos destacam-se por possuir em seu adro um cruzeiro de pedra, mormente as construções franciscanas. O conjunto religioso de capela e monastério dos monges Cartuxos, nos Alpes de Chartreuse (França) num cruzeiro à sua frente, dá à sua cruz o simbolismo da permanência da mensagem crística, pelo que traz escrito nele: “Mudam e mudam os mundos, mas a cruz permanece sempre girando em direção aos céus”.

    O Sino é outro elemento importante na torre de igrejas e capelas. Ao soar, chama os cristãos para um contato entre o transcendente e o material. Chama o homem para que ouça a voz divina, a harmonia cósmica.  Hoje, o som dos sinos se perdem entre a selva de edifícios de uma metrópole.  Porém, nas pequenas comunidades ele faz também a função de unir seus habitantes, anunciando um novo nascimento, um enlace e um rompimento de morte.

    O Galo é também um símbolo cristão já usado, porém, dentro do paganismo. Neste, anunciava com seu canto matinal, a luz de Apolo, deus solar que chegava. No Cristianismo, ele é a presença da ressurreição, da vigilância e do chamamento. Enquanto o homem dorme (também espiritualmente) o galo vigia. Depois canta três vezes para acordá-lo.

Anuncia o surgir de um novo dia, chama o homem a um despertar, uma ressurreição.

    Já possuía um significado transcendente de vigia e chamamento ao tempo de Jesus. No Evangelho de São Marcos, este diz: ”Sê vigilante, pois nunca sabeis quando o vosso mestre virá vos chamar. Se será esta tarde, no meio da noite ou na madrugada quando o galo cantar”. Sobre a torre de uma igreja cristã ele é o emblema solar do Cristo, a chamar para a supremacia da luz sobre as trevas humanas.

    Labirintos são também priorizados nos solos dos templos cristãos. São círculos concêntricos que interrompidos em certos trajetos tornam difícil encontrar aquele que conduz ao seu centro. O seu ponto central simboliza o mais íntimo de cada homem, onde este pode encontrar sua própria divindade. Percorrendo os caminhos daqueles desenhos labirínticos vivemos sensações angustiantes de nos perdermos; de frustrações por crermos que jamais chegaremos ao centro, vamos enfim vivendo emoções que nos levam à interiorizações para nos conhecermos, vencermos nossos medos, para enfim atingirmos nosso próprio âmago. Uma verdadeira Iniciação.

Labirinto da catedral de Chartres.

    O símbolo do labirinto foi também consagrado desde os tempos mitológicos gregos. Lembremos a fortaleza de Creta onde, no mito, em seu centro tentávamos matar nossas inferioridades, nossos monstros internos, simbolizados no Minotauro que Teseu por fim matou para tornar-se um herói vencedor.

    Já também o mausoléu de Augusto em Roma fora construído na forma de um labirinto, talvez aproveitando a idéia grega de que, através de um labirinto, sua alma chegasse ao estado paradisíaco de vitória.

    A um cristão, além da busca por seu próprio âmago, o labirinto significava os difíceis caminhos das peregrinações, por onde alguém queria chegar a um local sagrado, a um local considerado um ônfalo, um centro do mundo.

    Quando as Cruzadas medievais do sec. XIII impossibilitaram as peregrinações à Jerusalém, então considerada um centro sagrado para o cristão europeu, este passou a usar os labirintos desenhados no chão das catedrais, em especial aquele da catedral francesa de Chartres. Neste imenso labirinto de duzentos metros, eram feitas então viagens simbólicas à cidade santa.

    Nos altares, ali estão também as Velas com sua simbologia de luz. Elas nos lembram um tempo em que, como primitivos tribais, dançávamos em redor de um fogo para homenagear o deus que era o sol, o fogo para os tribais. Hoje, o fogo de uma vela ainda representa o próprio Deus, um deus interno no qual nos movemos e existimos e a acendemos quando, num rito, queremos contatar e reverenciar o divino.

    O pelicano com sua lenda de que ao sentir que seus filhos estão famintos, rasga o peito com o bico para alimentá-los com o seu sangue, é o símbolo do sacrifício. Nenhum símbolo - pensam os cristãos- se ajusta tanto à figura do Cristo que como salvador sacrificou-se para ajudar a humanidade. Assim, em muitos templos cristãos em pinturas e esculturas o pelicano se faz presente. Quem visitar o deslumbrante esplendor da igreja de São Francisco na Bahia verá de tanto em tanto, em meio a sua ofuscante arte barroca, imagens de vários pelicanos negros.

    O Cristo é naturalmente o ser mais glorificado em seus templos. Já na parte externa das igrejas românicas e góticas, em seus tímpanos que sobrepõem suas portas principais, Ele aparece em seu papel de mestre instrutor, onde é chamado de “Cristo Pantacrator”. O Cristo traz sempre numa das mãos um livro, símbolo da instrução e com a outra mão nos abençoa com um mudra onde tem levantados os dedos indicador e médio.  Nesta concepção, o Cristo está sempre cercado pelos 4 animais do Apocalipse: o leão, o touro, a águia e o homem, identificados aos 4 evangelistas: São Marcos ao leão, São Lucas ao touro, São João à águia e Mateus ao homem. No início do cristianismo esses animais eram identificados apenas ao Cristo. Era dito que Ele viveu como um homem morreu como um touro imolado ergueu-se do túmulo com força de um leão e ascendeu aos céus como uma águia. Posteriormente, esses animais foram identificados às qualidades dos 4 evangelistas, sendo desde então requeridos aos discípulos de linha cristã que desenvolvam além da consciência do homem, a coragem do leão, a persistência do touro e o desejo de liberdade da águia. Em outras concepções do Cristo instrutor ele está apenas cercado pelos 4 evangelistas.

 Sua genealogia como descendente de Davi é expressa também em obras de arte que são as Árvores de Jessé, este pai de Davi, sempre principia a origem genealógica do Cristo, dando a Ele a sua realidade histórica. Assim, no belíssimo Pórtico da Glória da catedral de Compostela entre 200 esculturas de granito, aparece na parte inferior Jessé dormindo. Segue-se para cima o rei Davi, grande músico, tocando harpa. Depois a Virgem e finalmente o Cristo. No retábulo de ouro da catedral espanhola de Burgos, Jessé dorme enquanto de seu corpo partem galhos com as imagens dos ancestrais do Cristo. Aparecem ali em evidência São Joaquim e santa Ana, os avós do Cristo.

Cruzes das catedrais bizantinas da Rússia.

    A transfiguração do cristo é outro motivo para retábulos de ouro. Neles, o Cristo está sempre acompanhado de seus três discípulos: Pedro, Tiago e João. Conta-se que os três representam ali as três energias que o mestre havia desenvolvido neles: Pedro a obediência, Tiago a valentia e João o amor. Acima, o Cristo está sempre glorioso, de braços erguidos como se atendesse a um chamado espiritual.

    Algo que nos chama a atenção nos templos cristãos são as Virgens Negras. Quando o Cristianismo difundiu-se pela Europa, encontrou ali uma grande devoção à mãe terra do Paganismo. Proliferavam os locais onde se adorava aquela energia que, vista como saída dos minérios do interior da terra era idealizada como uma mulher de cor negra. Sobre estes locais, a Igreja colocou depois os grandes santuários à Virgem. Na França, as famosas Notre Dames. Aproveitava-se assim a grande força votiva existente naqueles locais e o hábito de neles a Virgem ser reverenciada. Porém, mesmo hoje em criptas subterrâneas e úmidas, que na Antiguidade eram subterrâneos considerados as moradas das deusas mães, encontramos hoje as chamadas pelo Cristianismo de “Virgens Parituras, isto é, relativas a uma terra primitiva, à  matéria  ainda não fecundada”. Bons exemplos são as da cripta da igreja de Chartres, também a Virgem negra da catedral de Le Puy  e ainda aquela da cripta de São Vitor em Marselha.

Na Provença encontramos uma grande veneração a uma Virgem negra. Esta, sem ligação com a mãe terra do Paganismo. Refere-se a uma serva negra que teria chegada ali com as três Marias que teriam vindo da Palestina após a morte de Jesus para pregarem a mensagem crística na França. Tais Marias deram o nome à cidade: Stas. Maries de La Mer. A serva negra tornou-se ali a grande devoção dos ciganos locais. Sua estátua, dentro da catedral sai dali anualmente apenas para ser reverenciada em grandes festejos e procissões.

    Momentos históricos diversos produzem estilos diversos em templos. Assim, na Idade Media tivemos o estilo Românico, fechado, pesado escuro, com poucas aberturas revelando um homem medieval oprimido, sem oportunidade ou capacidade para externar-se.  Tal estilo duraria até o sec.XIII quando então seria substituído pelo Gótico.

    O século XIII surgia com mudanças, com o homem tendo oportunidade de conhecer novos povos, novas mentalidades, despertando para a sua individualidade. Abria-se para novos mercados num renascimento de indústria e comércio. Assistia a difusão do ensino secundário, a abertura até de universidades, organizava então Ligas para defender seus direitos contra senhores e reis.

    Quando no século XIII dá-se o apogeu da literatura medieval, o homem passa a ver Deus como manifestação, abertura. Então, no estilo Gótico, o homem levanta os olhos para o alto, para as inúmeras torres pontiagudas das catedrais. A nova indústria de vitrais coloridos enfeitam as muitas janelas e rosetões das Góticas para deixar passar a luz. Deus é enfim Luz. Assim, temos entre inúmeros exemplos o templo gótico de Leon na Espanha que conta com 125 janelas de vitrais.  Um verdadeiro esplendor.

 “A palavra “Gótico” é explicada de duas maneiras: “Historiadores dizem ser um termo pejorativo que os arquitetos medievais deram ao novo estilo expandido na França,  termo originado de” Godos “, bárbaros franceses, visto então como um estilo de primitivos. Já os ocultistas medievais e também os atuais, explicam que o termo ”Gótico“ seria uma deformação linguística da palavra” argótico”. O argótico seria uma arte mágica. Ela define uma linguagem pela qual indivíduos comunicam seus pensamentos por símbolos, sem serem compreendidos pela maioria daqueles que os rodeiam. É enfim uma cabala simbólica. Hoje o ocultista diz de um homem astuto: Ele sabe tudo, entende o argótico. (Fulcanelli, El mistério de las catedrales, pág. 62).

    Muitos iniciados perseguidos como foi o caso dos Gnósticos e Cavaleiros Templários, estes financiadores dos templos góticos, junto aos maçons arquitetos, colocaram neles seus conhecimentos esotéricos através de simbologias que  apenas poucos entendiam.

   Temos como exemplo a estátua de um velho chamado “O Alquimista”, nas partes altas da Notre-Dame de Paris. Sua figura meditativa traz sobre a cabeça um gorro. Tal gorro é um sinal distintivo dos grandes Iniciados.  Foram usados também como talismã protetor pelos “sans culottes”, revolucionários franceses. Só poucos vêm nele a figura de um discípulo do caminho iniciatório. È ainda Fulcanelli na mesma obra já citada acima quem nos relata.

    Os templos medievais invariavelmente têm o seu altar-mor no Oriente, onde nasce o sol, de forma que os fieis ao entrarem neles façam frente à Palestina, onde nasceu o Cristo. Por esta disposição o grande rozetão da fachada principal é iluminado pelo sol poente, de maneira que o fiel que adentra aquelas catedrais  saiam das trevas indo em direção à luz, ao próprio Cristo, fazendo junto ao sol um renascimento.


domingo, 11 de fevereiro de 2024

Sobre o Bramanismo (O Moderno Hinduísmo)

 Temos no Bramanismo a única religião sem fundador. Pela mesma época da civilização egípcia, lá por uns 5 mil anos atrás, vivia no vale na índia do rio hindu ,na Índia, uma civilização chamada Draviniana. Ali se encontra um dos sítios arqueológicos mais antigos: o Mohenjo Daro. Era uma civilização de pele escura. Foram invadidos por um grupo de Arianos conduzidos pelo Avatar Rama. Vinham da Europa (provavelmente dos Balcãs) eram então os arianos indo-europeus. Misturando-se aos dravinianos, emprestaram aos indianos aquela cor azeitonada, bonita, que têm. Os arianos chegados eram um povo guerreiro, ativo, de civilização mais adiantada.

  A região do rio Hindo era fértil e o povo otimista, alegre, sua filosofia religiosa nada tinha de determinismo, do pessimismo, das figuras macilentas e esquálidas dos yogas bramânicos que vêm depois. Os trabalhos arqueológicos nos dizem que não eram tribais, mas que os arianos edificaram ali boas cidades. Sua língua era o sânscrito.

  Pela vinda dos arianos surge ali a maior epopeia já escrita: Os Vedas. Até hoje o livro sagrado por excelência do Bramanismo. Os Vedas é tão grande quanto a Ilíada e a Odisseia juntas. Tem 20.000 versos duplos. Esta obra surge no ano 1000 A.C.

  Os bramânicos eram e ainda são politeístas. Todas as tentativas de levar os indianos ao monoteísmo tem sido infrutíferas. Eles têm centenas de deuses. Os deuses mais adorados do período védico eram Indra (deus dos raios e trovões), Agny (deus do fogo), Soma (deus da bebida sagrada) Varuna( deus da ética, do bem e do mal) e Ushas (deusa da madrugada). Em homenagem à Ushas são os mais belos versos dos Vedas.

  Três teorias tentam explicar o porquê das características que entram depois  na visão religiosa bramânica: O fatalismo, a negação à vida material e o determinismo cármico. 1º: a mudança deste grupo para virem habitar as margens do rio Ganges, uma região árida, onde a sobrevivência tornou-se muito difícil. 2°: o poder dos sacerdotes que eram os entendidos das fórmulas mágicas, que eram necessários para pedir aos deuses melhores condições de vida. 3º: ´É uma resistência dos Arianos de se misturarem com as classes mais baixas, de pele escura dos dravinianos a quem tinham dominado e tornado seus servos.

  Nasce neste período, após o Védico, o sistema de castas, uma palavra sânscrita que quer dizer: cor. Ficaram assim divididos: Brâmanes (os sacerdotes), Xatrias (os guerreiros), Vaisias (os artífices), Sudras (Servos), e Parias (Intocáveis).

  O rigor dos sacerdotes bramânicos era tanto que os Vedas, seu livro sagrado, só era acessível às três primeiras classes. Se um servo ou um pária ouvisse um trecho dos Vedas lhe era derramado azeite quente em seu ouvido. O determinismo cármico, por sua vez, prendia e prende até hoje o pária à sua condição. Se você nasce pária, assim quis o destino, deverá permanecer pária.

  A casta é diferente da nossa classe social. Nesta, você pode nascer de uma classe humilde e ascender à outra condição social. A casta lhe recusa  esta chance. Até hoje ninguém bebe na mesma taça de um pária nem passa pela sua sombra sob o perigo de ficar impuro.

   Surgiu também após o período védico a doutrina da transmigração das almas ou metempsicose, ligada a um carma determinista. Na transmigração, um homem pode retornar em outras formas de vida. Pode voltar como uma minhoca, uma aranha, uma formiga, etc.

  Muitos modernos Hinduístas (substitutos dos brâmanes) não aceitam a transmigração e falam em reencarnações onde um homem retorna apenas como homem. Esta é a maneira que nós ocidentais adeptos da teoria da evolução vermos a única maneira de um homem retornar.

  A lei da reencarnação está ligada à lei do carma e é o carma que acorrenta o homem à roda da vida. Se um brâmane da casta mais beneficiada comete muitos erros nesta vida pode tornar como um intocável.  O fatalismo, a negação à vida do tempo pós-védico ainda é encontrado no Hinduísmo moderno. Lembremos que é uma religião onde encontramos os conceitos filosóficos mais profundos e encontramos também as práticas rituais mais abomináveis, as superstições mais primitivas, flagelos horríveis. Os sacrifícios sangrentos, flagelos, vieram a ser abolidos quando surgiram as três grandes reações ao elitismo bramânico : O Teísmo, o Budismo e o Jainismo.

  No Teísmo, Brahma aparece com três qualidades: O Deus criador, o preservador e o destruidor. È a trindade bramânica: Brahma, Vishinu e Shiva. No desenvolvimento teísta o homem atinge a perfeição através da devoção, da Backti. Surgem os Avatares de Vishnu. Vishnu tem 10 Avatares. Um deles é Rama, o condutor do povo ariano e outro é Krishna. Quanto ao Budismo é a grande religião do conhecimento, da obediência a princípios divinos.

    Outra reação foi o Jainismo A doutrina da não violência, a doutrina adotada por Gandhi. Com ela, Gandhi provou vencer uma nação pela não violência.

  Do Bramanismo antigo vieram as grandes filosofias da Yoga (Karma, Raja, Ynana, Bakty e Vedanta). A Hatha é a preparação física. A Raja é a do controle mental, A Ynana a da sabedoria, A Karma a da ação, A Bakty a da devoção . Na Vedanta não existe a existência individual, um ser individual. O que existe é apenas o Todo. A frase que expressa este pensamento é “Tu és Isto”.

   A cosmovisão de todas as filosofias bramânicas é cíclica. Na teoria dos ciclos cósmicos passamos por 4 idades ou 4 yugas (Idade de ouro, idade de prata, idade de bronze, Idade de ferro.) Esta última é chamada de Kali Yuga, o ciclo em que agora estamos, que é uma idade sombria, de sofrimentos. Porém, depois virá novamente a Idade de Ouro.

   A matéria é muito estudada em suas qualidades de Satwa, Rajas e Tamas.  Do Bramanismo nos vem também os quatro estágios da vida de um homem: Estudante, pai de família, eremita e asceta.

  Nós, ocidentais, estranhamos que um homem largue a família para fazer seu preparo espiritual, para um indiano hinduísta isto é perfeitamente normal. O Eremita geralmente vai em busca de um mestre . O asceta é aquele que renunciou ao mundo. O ascetismo é considerado o mais elevado ideal da vida religiosa.

  Os livros sagrados do bramanismo são; os Vedas- os Brâmanes- Aranyaka - Upanishadas. As obras épicas são: O Ramayana (a história de Rama) e o Bagavagitã (A canção do Senhor), que faz parte do Mahabarata onde é contada a história de Krishna.

  A energia feminina é muito importante no Bramanismo. A mãe de todos os deuses é Adite.  Todos os deuses têm a sua consorte: as Shaktis. A esposa de Rama é Sita, de Vishnu é Lakshmi, de Shiva é Kali , de Krishna é Radha.

  Sua cidade sagrada é Benares, hoje chamada Varanasi, as margens do rio Ganges.

A característica principal do Hinduísmo é a tolerância, a convivência pacífica com as muitas seitas, filosofias e deuses que existem na Índia.


domingo, 28 de janeiro de 2024

Ritual ao País

Oração da unidade. Ó grande força do altíssimo, perante o altar da tua divindade viemos trazer-te as melhores oferendas da nossa devoção Que tudo quanto aqui dissermos, sentirmos, e pensarmos sejam apenas para engrandecer o Teu nome dar maior beleza e dignidade às Tuas criaturas. Estai em nossos pensamentos e sabeis: Queremos hoje obter as Tuas energias santificadas para este país que pelos homens recebeu o nome de Brasil. Esteja conosco o’ Altíssimo neste trabalho.

Catedral Metropolitana de Brasília.

   Consagramos agora estas chamas, representativas das cores de nosso pais a vós veladores silenciosos, guardiões de seu plano divino

   Veladores dos planos brasileiros, nós vos pedimos; Enquanto a cera impura destas velas vai se derretendo ao calor deste fogo, assim sejam também derretidas as energias mal usadas pela coletividade brasileira quando sobre ela brilhar a luz de seu fogo sagrado.

   Fixemos agora a atenção nesta estampa da representação da catedral de Brasília (Pausa grande). Fechemos agora os olhos e levemos a nossa consciência até esta igreja que brilha, pintada de branco sobre um gramado verde. O céu sobre ela é de um azul forte e a cruz que a encima e de um refulgente metal dourado. Verde amarelo azul e branco , as cores da pátria Brasil. Que esta catedral seja ali um foco de luz a irradiar-se por toda a cidade de Brasília. Deixemos a alquimia divina destas cores ,processando-se e vamos levantar os nossos braços em forma de taça. Todos nós somos um graal recebedor. Agora vejamos penetrar em nossa taça a luz verde da verdade. Vemos entrar agora nela a luz dourada do discernimento. Agora vemos ainda entrar em nossa taça a luz azul de um poder santificado. Agora vemos ainda entrar em nossa taça a luz branca cristalina da pureza de propósito.

   Abaixemos então os nossos braços Num oferenda de nosso grupo, pedimos que o conteúdo de nossas taças seja derramado sobre a cidade de Brasília, sede e coração administrativo de nosso país.

   Votemos a nossa consciência à nossa sala para fazermos juntos a forma pensamento da pomba da paz em benefício do povo brasileiro.

   Abram os olhos e vejam o mapa do Brasil. Vamos imaginar uma pomba branca pousada sobre o altar Ela traz no bico ramos de oliveira. Ela será uma forma pensamento e assim não existem obstáculos físicos a ela. Impulsionada por nossa vontade, ela irá levantar vôo e percorrer com a velocidade das ondas do pensamento, os estados brasileiros, largando neles os ramos de oliveiras símbolo da paz e volta aqui ao altar. Vamos então segui-la mentalmente lembrando o mapa brasileiro.

   Visualizamos uma pomba branca sobre o altar. Ela traz em seu bico ramos de oliveira. Agora ela sai voando passa agora sobre o Rio Grande do Sul larga um ramo. Sobre Santa Catarina larga um ramo. Está agora sobre o Paraná deixa um ramo. Sobrevoa São Paulo,Rio de janeiro, Minas gerais Espírito Santo, Bahia e segue para o norte sempre largando em cada uma o seu ramo. Sobrevoa Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, RG.do Norte. Sobrevoa agora Ceará, Piauí , Maranhão Pará. Após largar seus ramos nestes estados a pomba está sobre Amapá ,Roraima e sobrevoa Amazonas. Larga ramos. Desce agora em retorno passando pelo Acre, Rondônia, Mato Grosso do Norte, depois Mato Grosso do Sul ,Tocantins e finalmente está sobre Goiás larga um ramo e rapidamente retorna ao RG do Sul e pousa sobre o nosso altar.

   Agradecemos esta forma pensamento criada pelo Maha Choan, que usamos em favor de energias de paz que venham abençoar o nosso país.