domingo, 11 de fevereiro de 2024

Sobre o Bramanismo (O Moderno Hinduísmo)

 Temos no Bramanismo a única religião sem fundador. Pela mesma época da civilização egípcia, lá por uns 5 mil anos atrás, vivia no vale na índia do rio hindu ,na Índia, uma civilização chamada Draviniana. Ali se encontra um dos sítios arqueológicos mais antigos: o Mohenjo Daro. Era uma civilização de pele escura. Foram invadidos por um grupo de Arianos conduzidos pelo Avatar Rama. Vinham da Europa (provavelmente dos Balcãs) eram então os arianos indo-europeus. Misturando-se aos dravinianos, emprestaram aos indianos aquela cor azeitonada, bonita, que têm. Os arianos chegados eram um povo guerreiro, ativo, de civilização mais adiantada.

  A região do rio Hindo era fértil e o povo otimista, alegre, sua filosofia religiosa nada tinha de determinismo, do pessimismo, das figuras macilentas e esquálidas dos yogas bramânicos que vêm depois. Os trabalhos arqueológicos nos dizem que não eram tribais, mas que os arianos edificaram ali boas cidades. Sua língua era o sânscrito.

  Pela vinda dos arianos surge ali a maior epopeia já escrita: Os Vedas. Até hoje o livro sagrado por excelência do Bramanismo. Os Vedas é tão grande quanto a Ilíada e a Odisseia juntas. Tem 20.000 versos duplos. Esta obra surge no ano 1000 A.C.

  Os bramânicos eram e ainda são politeístas. Todas as tentativas de levar os indianos ao monoteísmo tem sido infrutíferas. Eles têm centenas de deuses. Os deuses mais adorados do período védico eram Indra (deus dos raios e trovões), Agny (deus do fogo), Soma (deus da bebida sagrada) Varuna( deus da ética, do bem e do mal) e Ushas (deusa da madrugada). Em homenagem à Ushas são os mais belos versos dos Vedas.

  Três teorias tentam explicar o porquê das características que entram depois  na visão religiosa bramânica: O fatalismo, a negação à vida material e o determinismo cármico. 1º: a mudança deste grupo para virem habitar as margens do rio Ganges, uma região árida, onde a sobrevivência tornou-se muito difícil. 2°: o poder dos sacerdotes que eram os entendidos das fórmulas mágicas, que eram necessários para pedir aos deuses melhores condições de vida. 3º: ´É uma resistência dos Arianos de se misturarem com as classes mais baixas, de pele escura dos dravinianos a quem tinham dominado e tornado seus servos.

  Nasce neste período, após o Védico, o sistema de castas, uma palavra sânscrita que quer dizer: cor. Ficaram assim divididos: Brâmanes (os sacerdotes), Xatrias (os guerreiros), Vaisias (os artífices), Sudras (Servos), e Parias (Intocáveis).

  O rigor dos sacerdotes bramânicos era tanto que os Vedas, seu livro sagrado, só era acessível às três primeiras classes. Se um servo ou um pária ouvisse um trecho dos Vedas lhe era derramado azeite quente em seu ouvido. O determinismo cármico, por sua vez, prendia e prende até hoje o pária à sua condição. Se você nasce pária, assim quis o destino, deverá permanecer pária.

  A casta é diferente da nossa classe social. Nesta, você pode nascer de uma classe humilde e ascender à outra condição social. A casta lhe recusa  esta chance. Até hoje ninguém bebe na mesma taça de um pária nem passa pela sua sombra sob o perigo de ficar impuro.

   Surgiu também após o período védico a doutrina da transmigração das almas ou metempsicose, ligada a um carma determinista. Na transmigração, um homem pode retornar em outras formas de vida. Pode voltar como uma minhoca, uma aranha, uma formiga, etc.

  Muitos modernos Hinduístas (substitutos dos brâmanes) não aceitam a transmigração e falam em reencarnações onde um homem retorna apenas como homem. Esta é a maneira que nós ocidentais adeptos da teoria da evolução vermos a única maneira de um homem retornar.

  A lei da reencarnação está ligada à lei do carma e é o carma que acorrenta o homem à roda da vida. Se um brâmane da casta mais beneficiada comete muitos erros nesta vida pode tornar como um intocável.  O fatalismo, a negação à vida do tempo pós-védico ainda é encontrado no Hinduísmo moderno. Lembremos que é uma religião onde encontramos os conceitos filosóficos mais profundos e encontramos também as práticas rituais mais abomináveis, as superstições mais primitivas, flagelos horríveis. Os sacrifícios sangrentos, flagelos, vieram a ser abolidos quando surgiram as três grandes reações ao elitismo bramânico : O Teísmo, o Budismo e o Jainismo.

  No Teísmo, Brahma aparece com três qualidades: O Deus criador, o preservador e o destruidor. È a trindade bramânica: Brahma, Vishinu e Shiva. No desenvolvimento teísta o homem atinge a perfeição através da devoção, da Backti. Surgem os Avatares de Vishnu. Vishnu tem 10 Avatares. Um deles é Rama, o condutor do povo ariano e outro é Krishna. Quanto ao Budismo é a grande religião do conhecimento, da obediência a princípios divinos.

    Outra reação foi o Jainismo A doutrina da não violência, a doutrina adotada por Gandhi. Com ela, Gandhi provou vencer uma nação pela não violência.

  Do Bramanismo antigo vieram as grandes filosofias da Yoga (Karma, Raja, Ynana, Bakty e Vedanta). A Hatha é a preparação física. A Raja é a do controle mental, A Ynana a da sabedoria, A Karma a da ação, A Bakty a da devoção . Na Vedanta não existe a existência individual, um ser individual. O que existe é apenas o Todo. A frase que expressa este pensamento é “Tu és Isto”.

   A cosmovisão de todas as filosofias bramânicas é cíclica. Na teoria dos ciclos cósmicos passamos por 4 idades ou 4 yugas (Idade de ouro, idade de prata, idade de bronze, Idade de ferro.) Esta última é chamada de Kali Yuga, o ciclo em que agora estamos, que é uma idade sombria, de sofrimentos. Porém, depois virá novamente a Idade de Ouro.

   A matéria é muito estudada em suas qualidades de Satwa, Rajas e Tamas.  Do Bramanismo nos vem também os quatro estágios da vida de um homem: Estudante, pai de família, eremita e asceta.

  Nós, ocidentais, estranhamos que um homem largue a família para fazer seu preparo espiritual, para um indiano hinduísta isto é perfeitamente normal. O Eremita geralmente vai em busca de um mestre . O asceta é aquele que renunciou ao mundo. O ascetismo é considerado o mais elevado ideal da vida religiosa.

  Os livros sagrados do bramanismo são; os Vedas- os Brâmanes- Aranyaka - Upanishadas. As obras épicas são: O Ramayana (a história de Rama) e o Bagavagitã (A canção do Senhor), que faz parte do Mahabarata onde é contada a história de Krishna.

  A energia feminina é muito importante no Bramanismo. A mãe de todos os deuses é Adite.  Todos os deuses têm a sua consorte: as Shaktis. A esposa de Rama é Sita, de Vishnu é Lakshmi, de Shiva é Kali , de Krishna é Radha.

  Sua cidade sagrada é Benares, hoje chamada Varanasi, as margens do rio Ganges.

A característica principal do Hinduísmo é a tolerância, a convivência pacífica com as muitas seitas, filosofias e deuses que existem na Índia.