quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Desenvolvimento das Religiões e suas Caracterísitcas

Religiões Antigas

Passamos nos primórdios de épocas remotas, muito arcaicas pelos cultos das deusas do Matriarcado, sendo estas depois superadas pelos deuses do Patriarcado, que aparecem na mitologia dos vários povos.
   Mais tarde, passamos ao Monoteísmo, crença em um Deus único, com sua origem no Egito há 14.000 anos antes de nossa época, com o faraó Akenaton. Porém, este culto ao deus Aton, foi abandonado após a morte deste faraó e só reavivado depois pelo Bramanismo com culto à Brahma, pelo Judaísmo pelo culto a Javé e pelo Zoroastrismo, na Pérsia (atual Irã) com o culto a Ahura Mazda.

Akenaton, o faraó monoteísta.

   Assim, estas três religiões: Bramanismo, Judaísmo e Zoroastrismo são consideradas as mais antigas religiões monoteístas da História. Também do período anterior ao Cristo (sem, contudo contar com um Deus criador como Brahma) encontramos no Japão o Xintoísmo, na Índia o Budismo e na China o Taoismo.
   Vamos então nos deter em algumas características destas religiões da Antiguidade.
   O Bramanismo tem como princípio supremo do universo o Brama e como princípio vital dos seres (a centelha divina em nós) o Atman. Baseia-se  em dois livros sagrados; “Ao Brâmanes” e os “ Upanishadas”. O primeiro trata da evolução pela sabedoria e o segundo pela devoção(a união com o Absoluto). Nasceu da ideia de cultos celebrados e dirigidos por sacerdotes que substituíram o trabalho por transes dos xamãs tribais.
   Com a imensa autoridade que conseguiram, deram início ao sistema de castas o que maculou os seus ensinamentos mais profundos (sobre o Brama e o Atma).
   O judaísmo é dividido em quatro períodos:  Religião dos Patriarcas onde se destaca a figura de Abraão, para quem Jeová promete ao povo Judeu a terra de Canaã, a Palestina. Vem depois a religião de Moisés onde, segundo os judeus é escrito a Torá, o livro sagrado do Judaísmo. Segue-se o período dos Profetas( Daniel, Ezequiel, Jeremias etc) por ocasião em que os Judeus foram exilados na Babilônia. Foi durante este exílio, no Séc.VII AC, que surgiram as ideias esotéricas que fazendo  oposição ao ortodoxia judaica  seguidora apenas da Torá, deram origem à Cabala.
 O último período é o Pós-exílio. Nele, o poder religioso e administrativo de toda a Judeia fica nas mãos dos sacerdotes do Sínodo Judaico, cuja sede era o templo de Jerusalém com obediência rigorosa à Torá mosaica, bíblia do Velho Testamento, com o desaparecimento quase total da Cabala, que irá renascer na Idade Média. Do templo de Jerusalém, hoje só resta o famoso “ Muro das Lamentações”. Nele, os judeus lamentam a perda de seus reis sábios e poetas como Salomão e Davi.

Abraão, patriarca hebraico oferecendo
seu filho em holocausto.

   Quanto ao Zoroastrismo, foi Zoroastro quem transformou o Politeísmo persa no Monoteísmo
cujo deus único é Mazda. Tinha como principal culto, o fogo. Religião dualista onde o Bem, Mazda e o Mal Alruman estão sempre em conflito dentro dos homens. O Zoroastrismo decaiu e desapareceu no Séc.VII de nossa época na Pérsia ,quando o Islamismo se apossou do país.
Hoje o Zoroastrismo é encontrado apenas na Índia nos grupos denominados “Parsis” que fugiram para a Índia pela invasão muçulmana.
   Quanto ao Xintoísmo , é a religião do Japão, de origem remota, talvez vinda de épocas tribais, cuja maior característica era o culto aos ancestrais  aos mais velhos que eram nas tribos os senhores da experiência.  Porém, quando no Séc.VI AC o Budismo entrou no Japão, o Xintoísmo perdeu sua intensidade. Contudo, no Séc IXX, aconteceu  uma onda de nacionalismo no Japão e apesar do Budismo ter se tornado muito forte ali, foi revivido um Xintoísmo de Estado, com culto à pessoa do imperador. O imperador –segundo creem- é a representação da deusa solar Amateruzu. O cetro de seu poder  foi lhe atribuído pela deusa, para que ele tivesse sob suas ordens  as ilhas  japonesas. Sendo que o Japão é orgulhosamente considerado  pelos japoneses como um país de deuses , uma vez que a raça que nele habita é, pelo mito, de  origem divina descendente de uma deusa.Por razão desta crença, o culto ao imperador se mantêm como forma de Estado.
   Em respeito ao Budismo, este surgiu no Séc.VI antes de nossa era, como uma reação ao sistema  de castas do Bramanismo e de sua autoridade opressora.  Diferencia–se sobremaneira do Bramanismo porque não se dedica à Metafísica, isto é, não faz conjecturas sobre o universo, cadeias planetárias  e a trajetória evolutiva do homem em relação ao cosmos, ao seu Atman ou  mesmo ao  Brama criador. Sua única preocupação é a dor humana; em vencermos a dor.  Esta doutrina baseia-se nas “ Quatro Nobres Verdades” versando todas elas no sofrimento, conduzindo o crente por meio do “ Caminho Óctuplo” aos degraus  pelos quais vencerá a dor.

Um santuário xintoísta.

   Entre perseguições, o Budismo sobreviveu na Índia por mais de mil anos e no Séc.VIII da  era cristã saiu da Índia, espalhando-se em várias regiões da Ásia.  Seu mais conhecido iluminado é  o Buda Gautama também chamado Buda Sakiamuni . É uma religião com uma variedade de escolas ,sistemas e ramos que estudam em profundidade a psicologia humana. Todas se igualando no culto a este Buda.
   Hoje,  no Brasil, chegou a nós com maior  força o Budismo Tibetano, sistema búdico chamado  Lamaísmo , dirigido por instrutores Lamas sob o comando espiritual de um Dalai Lama (mestre grande como o oceano) seguidor este da escola Mahayana,  que vê na compaixão a única forma de evolução.
   Já o Taoismo é uma religião chinesa , fundada pelo  grande pensador chinês Lao Tse. Seu livro mais  famoso é o Tao Te Ching (o livro do Caminho e da Verdade) constituído por 81 aforismos (sentenças breves, morais e espirituais). É uma tradição iniciática que se transmite de mestre a discípulo.
 Tao significa O Caminho. Tudo obedece a um caminho, uma estrela ,um planeta, um rio. Tudo segue o seu próprio curso. È a ordem universal. Só o homem, por seu livre arbítrio, cria o caos  no qual se enreda. É a religião da modéstia. Nada fazer para sobressair-se é o seu lema. O culto a Deus ,tal como o ocidental o concebe não existe no Taoismo. O Tao, o Caminho, constitui por si a essência do universo,  a realidade última. O tão é a energia que flui através de toda a vida. Do Tao deriva-se o Yin e o Yang, a natureza dual de todas as coisas. Tudo enfim que vemos, o céu ,a terra, a humanidade, nasceu da energia do Tao.

Comentários sobre estas religiões

   Talvez seja o Bramanismo aquela religião que nos deu a base para desenvolvermos o sentimento religioso: A ligação com o Absoluto ,por sua crença no Brama criador, e a descoberta do Atma, o nosso eu superior, a centelha deste mesmo Deus em cada um de nós, centelha dentro da qual vivemos e temos o nosso ser.
    O judaísmo nos deixou os magníficos ensinamentos da Cabala ,onde pelo esquema da chamada Arvore da Vida, nos são apresentadas emanações divinas, que vamos assimilando através de símbolos num sistema  onde a cada vez que passamos novamente pela mesma emanação(caminhos e esferas)  a assimilamos por um prisma mais evoluído, assim nos inteirando pouco a pouco da Verdade buscada.

Lao Tsé idealizador da doutrina taoísta.


   No Zoroastrismo religião dual vemos aquilo que temos de equilibrar: nossas duas vozes internas simbolizadas nele por Mazda e Aruhman, o bem e o mal, nos requerendo discernimento como principal passo no evoluir .
   Já o Xintoísmo nos leva, com seu culto aos ancestrais,  a valorizar a  unicidade entre os seres, tudo o que devemos em corpo, mente e emoções a centenas de seres humanos  que nos antecederam ,aos que nos cercam . Com as leis divinas nos proporcionando isto através do recurso de genes doados e contatos familiares, valorizamos o respeito ao grupo familiar.
   Do Budismo recebemos também uma lição valiosa: Nós criamos nossas próprias dores. A solução delas está em nos modificarmos, e, com aquela sabedoria e objetividade peculiar ao budismo, ele nos dá uma listagem de comportamentos que nos auxiliam nesta modificação: O seu Caminho Óctuplo.

   O Taoismo nos lembra de que temos cada um de nós um papel no universo. Cada um, com um caminho a seguir.  Descobrir qual é o nosso curso ,qual o nosso papel junto a amigos, familiares e pessoas com as quais privamos em geral, é o nosso exercício principal.