sábado, 30 de julho de 2016

A Mitologia e a criação do Universo


  A palavra mitologia é composta de “Mito” significando fábula, estória, mais “Logia”: tratado.
   Seus conceitos são variados: Seria um tratado que memoriza uma história real, verdadeira do homem e do mundo; uma memória da origem das coisas intuída e expressada através das fábulas dos povos pagãos. Seria também um imaginário onde os povos pagãos personalizam as forças da natureza. Ainda seria a personificação das potências internas do homem. Os mitos transformando emoções como amor, ciúme etc. em personagens de suas fábulas.
   É por este último conceito que o mito passa a ter muita importância, na medida em que procura e expressa a profundidade dos sentimentos e comportamentos humanos. O mito passa a ter valor para a Psicologia, mormente na psicanálise onde é conceituado como arquétipos, como um inconsciente coletivo, isto é, modelos de estados de ser comuns a todos os homens. Como o grande estudioso de mitos dentro da psicanálise contamos com o psicanalista Jung.
   A mitologia grega, sendo a base do patrimônio artístico e cultural do povo grego, vem a ser também a base de muitos de nossos usos artísticos e de expressões, que chegaram até nós através de Roma. Sabemos que esta sempre assimilou a cultura dos vencidos e, assimilando a grega , espalhou-a no ocidente.
   Por exemplo: Ao dizermos: ”Isto é presente de grego”, estamos nos referindo a estória mitológica do “Cavalo de Troia”.
   Quanto as fontes deste estudo, lembremos que a maioria do povo grego primitivo não sabia ler. Mas, suas lendas eram transmitidas oralmente por poetas, os Aedos, que transformavam as lendas em poemas, e os declamavam de aldeia em aldeia. Também os Rapsodes, cantores populares, as cantavam perante o público.
No século. IX AC, temos a fonte mitológica da obra de Homero que escreveu a Ilíada e a Odisseia. No século VIII AC, a obra de Hesíodo. Escreve a Teogonia, isto é, a criação do mundo, dos deuses e homens. Também temos as Escolas de Mistérios Iniciáticos como a Escola Órfica. (Escola Iniciática de Orfeus) , os Mistérios de Elêusis (que teatralizavam os mitos), também as artes plásticas do classicismo grego e o Teatro.
   A Mitologia grega desenrolou-se no Peloponeso (Grécia peninsular), nas suas famosas ilhas (Grécia insular) e onde hoje é a Turquia (antiga Grécia asiática).
Geia, a Terra e Urano, o céu estrelado.
  O povo grego ficou conhecido como o mais imaginativo da Antiguidade e haviam razões para isso. Principalmente por sua geografia. Pais situado sobre grandes penhascos, de onde se divisa ao longe horizontes muito distantes, visões marinhas amplas. Em um cenário radioso, o pensamento tende a divagar, pois sabemos que a medida que somos colocados, ao contrário, em espaços geográficos muito limitados nossa mente tende a se apequenar. Entre os próprios gregos vimos a diferença entre os atenienses e os espartanos, estes últimos colocados em cenários interioranos fechados.
   O espírito imaginativo do ateniense o fez criar personificações geniais para seus deuses, fazendo seus deuses à imagem dos homens, retratando neles suas fraquezas e talentos. Mais tarde, dali sairiam também os grandes filósofos.
   Do alto dos seus penhascos, os gregos viam a noite sumir e o sol chegar e imaginavam que a noite foi a primeira coisa a existir no universo. Então, aceitaram como verdadeiro o grande poema de Hesíodo. Nele, era dito que nas trevas flutuavam as sementes de toda a vida em absoluta desordem, todos os elementos da matéria.
   Deste Caos, surgiu Geia, a grande mãe, a força limitadora que iria construir as formas, pôr uma ordem ao Caos. Como um grande útero, Geia (ou Gaia) limitará e dará forma também a um mundo que vai repetir o seu nome, Geia. Dará também nascimento e formas a astros, criando o estrelado espaço celeste, que chamariam de Urano. Espaço que envolverá Geia num forte abraço. Assim, vemos os princípios que, segundo os gregos mitológicos, estruturaram o universo: Forma e Força, mãe e pai primordiais.  Do globo terra, brota um grande ovo do qual sairá Eros, o primeiro ser criado do par Geia e Urano. Eros é o amor, a vitalização, o movimento do qual nascerão depois todos os seres vivos.

A Tocha Olímpica, numa visão mitológica

Era chamada pelos antigos gregos que inauguraram os jogos olímpicos de: “A Tocha Sagrada de Prometeu”.
    Prometeu o grande herói civilizador, havia criado homens, moldando-os com o barro da terra e com as suas próprias lágrimas. Dava assim a estas suas criaturas não só um corpo físico, mas também muita emoção.
    Corria o tempo e Prometeu percebeu que os homens estavam muito tristes, sentindo-se frágeis e inoperantes, pois nem sabiam como forjar ferramentas para o plantio do solo.
    Subiu então ao carro de fogo do deus solar Apolo, que todas as manhãs surgia radioso no céu, e dele roubou uma tocha de fogo e entregou-a aos homens.
    Deu-lhes assim a sua maior aquisição. Com o fogo forjador, capacitaram-se a sobreviver não apenas pela labuta de matar animais, mas abastecendo-se com as riquezas da “Mãe Terra”.
  Zeus, o sábio deus governante do Olimpo, submeteu então Prometeu a um doloroso castigo, por ele haver dado tanto poder aos homens. Zeus temia que estes viessem a usar o fogo para forjar armas belicosas.
    Em nossa modernidade, a tocha agora chamada de “Tocha Olímpica“ representaria, segundo a Mitologia, uma época em que Prometeu iluminou os homens com o poder de usufruir a natureza.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Trindade Sagrada

A simbologia da Trindade é uma das primeiras tentativas de entender a estruturação da natureza, do homem e do universo. Assim, vemos no antigo Egito o culto de Osíris, Ísis e Hórus, voltado à força da Trindade em relação à natureza. Hórus era a germinação que o pai Osíris, (o rio) fazia brotar nas suas margens (a mãe Ísis). Hórus era o fruto do casamento místico de Osíris e Ísis, do rio com a terra. Tríada de pai, mãe e filho que era a própria vida, a alimentação e a sobrevivência do Egito.

A trindade egípcia.

    Na Índia, a Trindade cultuada era voltada também para a natureza, mas também para os ciclos da existência humana. Era o nascer, o manter-se e o destruir-se da natureza e do homem: Brahma, Vishnu e Shiva. Shiva era o destruidor, liricamente descrito assim: ”Shiva é a força que faz a folha cair”, finaliza os ciclos, destruindo a criação para que novo ciclo criativo tenha início. Tais ciclos eram o próprio princípio da reencarnação do Bramanismo: Nascer, morrer e renascer se repetindo em ciclos contínuos.

A trindade indiana.

    A Árvore Cabalística judaica foi tida como herética durante muitos séculos própria ortodoxia judaica. Guardou-se, porém dela uma tradição que foi passada ao Cristianismo. Quando hoje numa igreja cristã afirmamos: “Tu és o reino ,o Poder e a Glória “ não imaginamos que repetimos a tríada que na base da “Arvore cabalística” sustentava o homem, e o universo, conforme pensavam os religiosos da arcaica região da Caldéia.
    As Escolas Pitagóricas no terceiro século antes de Cristo eram voltadas à parte psicológica do homem. Viam nele uma Trindade de Percepção, Razão e Intuição. Percebemos as coisas ao nosso redor com nossos sentidos, as analisamos com a nossa mente racional, concreta, mas às vezes o nosso raciocínio erra. Só acertamos quando usamos a mente intuitiva abstrata.
    A mente concreta é aquela que causa os fenômenos psíquicos. Como exemplo a Telepatia. Alguém pensa em nos visitar e podemos eventualmente ver seu pensamento, seja em sonhos ou visões. Já a mente abstrata, traz nossas intuições não de algo externo, mas do nosso interior, do nosso Eu Superior. A intuição nos leva à causa real das coisas e também a um futuro por acontecer. Pode nos preparar para momentos que iremos viver, sem termos qualquer imagem ou ideia antecipada do que serão.
    Nos primeiros séculos da era cristã, a Igreja, que estava em formação, preocupava-se com o interesse que grupos esotéricos mostravam pela Trindade. Para que se calassem, a Igreja estabeleceu o Dogma da Santíssima Trindade. Em sendo dogma, era proibida de ser estudada. A Igreja assim fechou durante séculos este estudo sob ameaça de considerar herege a quem se aventurasse a fazê-lo. O Dogma dizia: “Jesus é três pessoas distintas num só Deus verdadeiro”. Para a Igreja incomodava que a teoria da Trindade estudada por esotéricos dissesse apenas que Jesus era corpo, alma e espírito como todos nós, um homem, enfim. Que estivessem a explicar que três pessoas distintas eram aquelas citadas no dogma.
    Quando outros dogmas vieram (como o da Virgindade de Maria e o da Sua Ascensão) a Igreja limitou e determinou seu próprio papel, aquele que teria para sempre: Não seria jamais a explicadora de simbologias e princípios divinos, mas ficaria no papel de guardadora de símbolos, com os quais enriqueceria os seus templos. Na verdade, o interior de uma igreja cristã é uma mina, um manancial de símbolos. Mas jamais serão por ela explicados, limitada que está, pelos seus próprios dogmas.
    Deixou com isso de auxiliar seus fieis a chegarem à profundidade de consciência que a interpretação de símbolos lhes dá. Porém, tudo está certo. Não julguemos a Igreja, pois todos temos um papel a cumprir e o da Igreja será sempre aquele tão importante de reunir, guardar e não deixar que se percam símbolos.

A Trindade cristã.

    Para nosso contato com o Absoluto, para o nosso Religare, contamos com uma Trindade de abordagens religiosas, com três principais correntes e práticas religiosas: A indiana, a cristã e a egípcia.
    A indiana conduz o homem pela mística. Quer anular a personalidade ,o ego, para captar a essência do Pai. Refere-se à primeira pessoa da Trindade. Existe nela um perigo: A alienação. Alienarmos-nos de interesses materiais que são afinal importantes, pois Deus está em toda a parte. Conta-nos o budismo Zen que, ao estabelecer-se, ele procurou fazer um equilíbrio entre o budismo indiano e o japonês, pois enquanto o indiano não dá a mínima importância ao ambiente que o rodeia , o japonês, como um amante da beleza que é, procura sempre enchê-lo dela, sendo que na mais humilde casa um ou outro aspecto da beleza sempre estará presente.
    A linha cristã traz como marca o relacionamento de um homem para com outro homem. Sua finalidade é o ”Amai-vos uns aos outros” da doutrina da segunda pessoa da Trindade: O Filho. Porém, nela também estamos expostos a um perigo: O demasiado rigor. Isto porque o Cristianismo é originário do rigorismo da disciplina mosaica. Quando bifurcou para o Islamismo, tornou-se de um rigor intensificado. Porém, aqui no ocidente temos linhas cristãs que para respeitar e apreciar alguém, lhe impõe mudanças de costumes e hábitos em matéria de vestuários, cortes de cabelo, frequência em festas, etc. Isso ,afinal, não condiz com o verdadeiro “Amai-vos uns aos outros”, pois este independe de costumes. Tanto faz que estejamos de burca ou num sári indiano ou num jeans americano, o costume é o que menos importa, só o amor entre indivíduos vale.
    Finalmente, temos a corrente egípcia, que é mágica. Nela, o homem se sente usufrutuário das forças da natureza. Usa amuletos, sortilégios, cristais, ervas. É atraído pelos grandes mistérios do mundo físico, pelas suas forças curativas. É o Espírito Santo, 3ª pessoa da trindade que o habilitará a ser um mago. Seu perigo será a despreocupação com o próprio comportamento, confiando que poderá sempre resolver suas dificuldades através apenas da magia. Como exemplo, temos num ritual (uma magia na qual se usa perfumes , cores, sons, elementos do mundo físico) quando seria necessário o equilibrarmos com a 2ª pessoa da Trindade, com o comportamento , o amor na atividade cotidiana, e nem sempre isto é feito.
    A partir do séc. XIX novas escolas espiritualistas as chamadas modernas, nos trouxeram o estudo da Trindade. Aparece a russa Helena Blavatsky relacionando-as aos três raios básicos do prisma solar. O raio azul, o amarelo e o vermelho. Também a brasileira de pseudônimo Chiang Sing, difunde entre nós este estudo. Ambas citam também as três consciências superiores de Vontade, Sabedoria e Amor que correspondem à consciência do nosso Atma, da nossa consciência Búdica e da nossa consciência de Manas respectivamente. Ambas falam ainda dos mestres ascensionados  que nos auxiliam no desenvolvimento destas consciências.
   Diferenciamo-nos uns dos outros devido a diferença como estas potências atuam em nós.
 Os três raios de Vontade, Sabedoria e Amor formam juntos o que o espiritualista chama de “Raio Egoico de nossa Mônada” Em cada um de nós temos um deles dominante, outro secundário e outro como terciário. Isto é, cada um de nós, os temos em combinações diferentes que poderiam ser assim ilustrados:


A chama trina, os três raios.



 1 V. S. A.   dominante, secundário, terciário.
 2 V.A. S.     dom.             sec.      terc.
 3 S. V.A         “                 “          “
 4 A.V.S          ”                 “          “
 5 A.S.V.         “                 “          “
 6 S .A.V.        “                 “          “
 7  V.S.A   Todos dominantes,  pelo equilíbrio de alguém que já atingiu  a perfeição.                              
    Porém, temos também o que chamamos de “Raio Encarnatório”. Pois alguém pode ter como seu raio egoico, dominante, a Vontade e numa encarnação estar desenvolvendo o seu secundário ou seja desenvolvendo a Sabedoria, ou o Amor que poderão  estar sendo apurados como prioridades.
    Estes conhecimentos são curiosidades intelectuais para melhor nos conhecermos, porém, o mais importante para nós é usarmos estas consciências no nosso cotidiano obedecendo a esta sequência ao fazermos os nossos atos inicia-los sempre por uma forte Vontade, depois discerni-los para fazê-los com sabedoria e por fim realmente concretiza-los que é o amor posto em atividade.
    Só assim nossos atos estarão perfeitos. Observamos também se não estamos usando demasiadamente um dos três raios em detrimento dos outros, para que  o equilíbrio seja alcançado.
No uso da magia com as três cores do prisma solar, não se trata de crer ou não crer na teoria benéfica de seu uso, mas sim de um sentir. Sentir que não somos seres soltos no universo, sem qualquer envolvimento com ele. Mas por estarmos assimilando a força de um astro (no caso o sol) nos sentirmos parte do todo universal, sentimento que é própria razão do Religare, da ligação ao Absoluto, a Deus.