quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Trindade Sagrada

A simbologia da Trindade é uma das primeiras tentativas de entender a estruturação da natureza, do homem e do universo. Assim, vemos no antigo Egito o culto de Osíris, Ísis e Hórus, voltado à força da Trindade em relação à natureza. Hórus era a germinação que o pai Osíris, (o rio) fazia brotar nas suas margens (a mãe Ísis). Hórus era o fruto do casamento místico de Osíris e Ísis, do rio com a terra. Tríada de pai, mãe e filho que era a própria vida, a alimentação e a sobrevivência do Egito.

A trindade egípcia.

    Na Índia, a Trindade cultuada era voltada também para a natureza, mas também para os ciclos da existência humana. Era o nascer, o manter-se e o destruir-se da natureza e do homem: Brahma, Vishnu e Shiva. Shiva era o destruidor, liricamente descrito assim: ”Shiva é a força que faz a folha cair”, finaliza os ciclos, destruindo a criação para que novo ciclo criativo tenha início. Tais ciclos eram o próprio princípio da reencarnação do Bramanismo: Nascer, morrer e renascer se repetindo em ciclos contínuos.

A trindade indiana.

    A Árvore Cabalística judaica foi tida como herética durante muitos séculos própria ortodoxia judaica. Guardou-se, porém dela uma tradição que foi passada ao Cristianismo. Quando hoje numa igreja cristã afirmamos: “Tu és o reino ,o Poder e a Glória “ não imaginamos que repetimos a tríada que na base da “Arvore cabalística” sustentava o homem, e o universo, conforme pensavam os religiosos da arcaica região da Caldéia.
    As Escolas Pitagóricas no terceiro século antes de Cristo eram voltadas à parte psicológica do homem. Viam nele uma Trindade de Percepção, Razão e Intuição. Percebemos as coisas ao nosso redor com nossos sentidos, as analisamos com a nossa mente racional, concreta, mas às vezes o nosso raciocínio erra. Só acertamos quando usamos a mente intuitiva abstrata.
    A mente concreta é aquela que causa os fenômenos psíquicos. Como exemplo a Telepatia. Alguém pensa em nos visitar e podemos eventualmente ver seu pensamento, seja em sonhos ou visões. Já a mente abstrata, traz nossas intuições não de algo externo, mas do nosso interior, do nosso Eu Superior. A intuição nos leva à causa real das coisas e também a um futuro por acontecer. Pode nos preparar para momentos que iremos viver, sem termos qualquer imagem ou ideia antecipada do que serão.
    Nos primeiros séculos da era cristã, a Igreja, que estava em formação, preocupava-se com o interesse que grupos esotéricos mostravam pela Trindade. Para que se calassem, a Igreja estabeleceu o Dogma da Santíssima Trindade. Em sendo dogma, era proibida de ser estudada. A Igreja assim fechou durante séculos este estudo sob ameaça de considerar herege a quem se aventurasse a fazê-lo. O Dogma dizia: “Jesus é três pessoas distintas num só Deus verdadeiro”. Para a Igreja incomodava que a teoria da Trindade estudada por esotéricos dissesse apenas que Jesus era corpo, alma e espírito como todos nós, um homem, enfim. Que estivessem a explicar que três pessoas distintas eram aquelas citadas no dogma.
    Quando outros dogmas vieram (como o da Virgindade de Maria e o da Sua Ascensão) a Igreja limitou e determinou seu próprio papel, aquele que teria para sempre: Não seria jamais a explicadora de simbologias e princípios divinos, mas ficaria no papel de guardadora de símbolos, com os quais enriqueceria os seus templos. Na verdade, o interior de uma igreja cristã é uma mina, um manancial de símbolos. Mas jamais serão por ela explicados, limitada que está, pelos seus próprios dogmas.
    Deixou com isso de auxiliar seus fieis a chegarem à profundidade de consciência que a interpretação de símbolos lhes dá. Porém, tudo está certo. Não julguemos a Igreja, pois todos temos um papel a cumprir e o da Igreja será sempre aquele tão importante de reunir, guardar e não deixar que se percam símbolos.

A Trindade cristã.

    Para nosso contato com o Absoluto, para o nosso Religare, contamos com uma Trindade de abordagens religiosas, com três principais correntes e práticas religiosas: A indiana, a cristã e a egípcia.
    A indiana conduz o homem pela mística. Quer anular a personalidade ,o ego, para captar a essência do Pai. Refere-se à primeira pessoa da Trindade. Existe nela um perigo: A alienação. Alienarmos-nos de interesses materiais que são afinal importantes, pois Deus está em toda a parte. Conta-nos o budismo Zen que, ao estabelecer-se, ele procurou fazer um equilíbrio entre o budismo indiano e o japonês, pois enquanto o indiano não dá a mínima importância ao ambiente que o rodeia , o japonês, como um amante da beleza que é, procura sempre enchê-lo dela, sendo que na mais humilde casa um ou outro aspecto da beleza sempre estará presente.
    A linha cristã traz como marca o relacionamento de um homem para com outro homem. Sua finalidade é o ”Amai-vos uns aos outros” da doutrina da segunda pessoa da Trindade: O Filho. Porém, nela também estamos expostos a um perigo: O demasiado rigor. Isto porque o Cristianismo é originário do rigorismo da disciplina mosaica. Quando bifurcou para o Islamismo, tornou-se de um rigor intensificado. Porém, aqui no ocidente temos linhas cristãs que para respeitar e apreciar alguém, lhe impõe mudanças de costumes e hábitos em matéria de vestuários, cortes de cabelo, frequência em festas, etc. Isso ,afinal, não condiz com o verdadeiro “Amai-vos uns aos outros”, pois este independe de costumes. Tanto faz que estejamos de burca ou num sári indiano ou num jeans americano, o costume é o que menos importa, só o amor entre indivíduos vale.
    Finalmente, temos a corrente egípcia, que é mágica. Nela, o homem se sente usufrutuário das forças da natureza. Usa amuletos, sortilégios, cristais, ervas. É atraído pelos grandes mistérios do mundo físico, pelas suas forças curativas. É o Espírito Santo, 3ª pessoa da trindade que o habilitará a ser um mago. Seu perigo será a despreocupação com o próprio comportamento, confiando que poderá sempre resolver suas dificuldades através apenas da magia. Como exemplo, temos num ritual (uma magia na qual se usa perfumes , cores, sons, elementos do mundo físico) quando seria necessário o equilibrarmos com a 2ª pessoa da Trindade, com o comportamento , o amor na atividade cotidiana, e nem sempre isto é feito.
    A partir do séc. XIX novas escolas espiritualistas as chamadas modernas, nos trouxeram o estudo da Trindade. Aparece a russa Helena Blavatsky relacionando-as aos três raios básicos do prisma solar. O raio azul, o amarelo e o vermelho. Também a brasileira de pseudônimo Chiang Sing, difunde entre nós este estudo. Ambas citam também as três consciências superiores de Vontade, Sabedoria e Amor que correspondem à consciência do nosso Atma, da nossa consciência Búdica e da nossa consciência de Manas respectivamente. Ambas falam ainda dos mestres ascensionados  que nos auxiliam no desenvolvimento destas consciências.
   Diferenciamo-nos uns dos outros devido a diferença como estas potências atuam em nós.
 Os três raios de Vontade, Sabedoria e Amor formam juntos o que o espiritualista chama de “Raio Egoico de nossa Mônada” Em cada um de nós temos um deles dominante, outro secundário e outro como terciário. Isto é, cada um de nós, os temos em combinações diferentes que poderiam ser assim ilustrados:


A chama trina, os três raios.



 1 V. S. A.   dominante, secundário, terciário.
 2 V.A. S.     dom.             sec.      terc.
 3 S. V.A         “                 “          “
 4 A.V.S          ”                 “          “
 5 A.S.V.         “                 “          “
 6 S .A.V.        “                 “          “
 7  V.S.A   Todos dominantes,  pelo equilíbrio de alguém que já atingiu  a perfeição.                              
    Porém, temos também o que chamamos de “Raio Encarnatório”. Pois alguém pode ter como seu raio egoico, dominante, a Vontade e numa encarnação estar desenvolvendo o seu secundário ou seja desenvolvendo a Sabedoria, ou o Amor que poderão  estar sendo apurados como prioridades.
    Estes conhecimentos são curiosidades intelectuais para melhor nos conhecermos, porém, o mais importante para nós é usarmos estas consciências no nosso cotidiano obedecendo a esta sequência ao fazermos os nossos atos inicia-los sempre por uma forte Vontade, depois discerni-los para fazê-los com sabedoria e por fim realmente concretiza-los que é o amor posto em atividade.
    Só assim nossos atos estarão perfeitos. Observamos também se não estamos usando demasiadamente um dos três raios em detrimento dos outros, para que  o equilíbrio seja alcançado.
No uso da magia com as três cores do prisma solar, não se trata de crer ou não crer na teoria benéfica de seu uso, mas sim de um sentir. Sentir que não somos seres soltos no universo, sem qualquer envolvimento com ele. Mas por estarmos assimilando a força de um astro (no caso o sol) nos sentirmos parte do todo universal, sentimento que é própria razão do Religare, da ligação ao Absoluto, a Deus.

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