O natal cristão, tradição do ocidente,
comemora uma das mais tocantes mensagens que o mundo já recebeu de uma líder.
Como todas as datas comemorativas ela vem acompanhada de seus componentes
simbólicos: A ceia, o presépio, os magos, pinhas, etc. Vamos estudar então cada
um destes símbolos:
A CEIA: A ceia é a mais antiga das tradições
natalinas. No primeiro ano após a morte de Jesus, ela é feita pela primeira vez
por seus discípulos, que relembravam assim os últimos momentos em que numa
ceia, estiveram reunidos com o seu Mestre. Para os 12 discípulos, enquanto eles
viveram, esta decisão de relembrá-lo passa a ser mantida anualmente. Pouco a
pouco, cada novo seguidor do Cristianismo passa a fazer em seu próprio lar uma
ceia com a participação de todos os familiares, como uma afirmação de que
haviam aceitado as mensagens deixadas pelo nazareno.
Mais de dois mil anos após esta tradição é o
ponto máximo da noite de natal. A ceia tem principalmente um sentido grupal.
Quando nos sentamos frente à mesa natalina, o que deveríamos na verdade nos
conscientizar é que participamos de um grupo que se identifica por ter aceitado
todas as propostas que nos foram sugeridas pelo líder da Galileia, a quem
dizemos seguir como cristãos que dizemos ser. Assim, o sentido grupal da Ceia
poderia tirar de nós sentimentos de solidão, nos dando a felicidade de nos
sabermos inseridos nas tradições de uma família, de um pais, de um credo
religioso.
Aquele gesto do mestre Galileu de na última
ceia pegar um pedaço de pão e repartir com um grupo por si só contém toda a
idéia de ceia: O distribuir, o repartir afeto com os participantes de um todo.
Desde as primeiras horas anteriores ao
encontro de natal ,quando caprichamos na arrumação de nossas casas ,pomos a
nossa melhor roupa para a noite natalina, já devíamos viver cada um destes
passos dando a eles uma conotação de sagrado, já vivê-los intensamente como se
estivéssemos nos preparando para um momento importante: O de manifestar aquilo
que há de mais sublime em nós: trocar afeto, dar e receber amor. Dando à Ceia
um sentido solene transformaremos as energias que gastamos nela ,pois o
importante certamente não é fazermos uma ação,mas achar o seu sentido,
sermos dentro dela.O importante afinal
não é o fazer,mas o ser.
O PINHEIRO. O pinheiro é uma árvore de intensa
vitalidade, de muita resistência, resiste à aridez de climas gelados. Enquanto
outras árvores queimam-se, morrem, ela permanece verde. Presente dentro do
nossos lares ela representa a força que a fé cristã nos dá perante qualquer adversidade.
Enfim ela representa a durabilidade,a resistência do Cristianismo.
PINHA.
Fruto dos pinheiros, ela é outro importante símbolo natalino. .Representa
o fruto que podemos obter para nossa evolução, se pudermos resistir dentro de
uma dificuldade. Fazemos com a pinha enfeites, decorações, mas geralmente não
fazemos correlação, não somos sequer tocados pelo seu significado simbólico. Ela
é a representação da esperança.Num prato de enfeite, elas estão ali dizendo
:dentro de um clima gélido eu sou o fruto da sobrevivência, da força ,da
resistência.
O PRESÉPIO. O primeiro presépio surgiu no séc.
XIII. Em 1223 apareceu na Itália uma figura importantíssima para que a mensagem
do líder Jesus não fosse deturpada: Francisco de Assis. Num tempo em que a
igreja exibia um luxo excessivo, ele passou a lutar para que a simplicidade dos
primeiros seguidores do Cristo fosse recuperada. Aproveitou então a humildade
do ambiente em que o mestre Galileu viveu. Chamou então um proprietário de
terras, seu amigo, e em seus bosques escolheu uma gruta e construiu nela uma
manjedoura. Nela, pôs feno, colocou animais, reproduzindo quanto possível a
gruta de Belém. Convidou todas as famílias do vale que vieram á noite para a
gruta e ali ele fez uma pregação sobre simplicidade. Nascia assim o primeiro
presépio. Caso pudéssemos fazer nossas crianças concluírem que por traz de uma
aparência de simplicidade pode se esconder uma personalidade com força de sábia
liderança, faríamos com que nossos jovens desassociassem uma aparência de ostentação
da posse da sabedoria. O presépio é enfim o símbolo da simplicidade que nos
pede o Cristianismo.
Existe no presépio outros símbolos
interessantes: A CAVERNA: As manjedouras sendo estábulos onde se dá comida aos
animais eram no tempo de Jesus dentro de escavações, cavernas muito comum nos
terrenos pedregosos da Judeia. Para entendermos o simbolismo esotérico da
caverna é necessário que vejamos a pessoa do Cristo-menino como a representação
de uma força que cada um de nós traz dentro de seu coração: a força crística. A
manjedoura onde nasceu o Cristo é então o símbolo do nosso coração onde se
abriga esta força que numa iniciação começamos a desenvolver. È na caverna de seu coração que o iniciando sente
o pulsar da vida divina, vê e acompanha
o nascimento do seu próprio Cristo interno .
O Cristo menino representa uma espécie de
consciência divina que começa a se desenvolver na caverna do coração. Na realidade,
o germe desta força sempre esteve presente, mas oculta em todos os seres humanos.
Mas em determinado momento da nossa evolução ela começa a manifestar-se. Por
esta razão os discípulos que entram em iniciação, são chamados de pequeninos ou
crianças, também de renascidos. As palavras de Jesus de que “Um homem deve se
tornar uma criança para entrar nos reinos do céu” refere-se aos discípulos que
nos templos iniciáticos do Egito buscavam o seu Cristo-menino. Então para um
esotérico o dia do nascimento do Cristo na caverna simboliza e comemora o 1º
degrau de iniciação de um discípulo.
OS PASTORES Quando, numa iniciação,
termina-se o degrau chamado probacionário, recebe-se um sinal que nos chama a
buscar a força crística, Os pastores que encontraram um anjo lhes mandando ir a
uma caverna buscar o menino cristo que nascia é o simbolismo deste chamamento
iniciático.
No presépio aparece os quatro reinos; o vegetal
no feno, o mineral na rocha da caverna, o animal, naqueles que ali aparecem e o
humano em José Maria e o menino.
OS TRÊS REIS MAGOS Os três magos levam ao
menino presentes. A tradição religiosa nos conta que eles atravessaram
desertos, vindos de terras distantes. Vejamos se podemos dar uma consistência
histórica a estes personagens. A região da palestina era na época, em termos de
cultura sem expressão alguma, mas existiam grandes centros culturais espalhados
pelo Egito, Pérsia e Etiópia de onde a tradição nos diz terem origem os nossos
personagens. Neles, se estudava matérias como geometria, filosofia e astronomia.
Muitos homens passavam suas vidas nestas terras a bem de estudarem, pois
estamos falando de uma época em que escolas e faculdades quase não existiam em
todas cidades . Sendo a educação assim tão rara, aqueles que a tinham eram
respeitados, acatados. Aqueles que estudavam a difícil matéria da astronomia, considerada
então mágica, levando-se em conta o pouco recurso de aparelhagem técnica para
estudá-la, eram então chamados de magos.
Os três reis magos bem poderiam ser estudiosos
de astronomia guiando-se em seu caminho como era costume pelas estrelas. Estranhamos
o fato de virem três sábios tão de longe para adorarem uma criança. Vemos nisso
lenda, fantasia, mas esquecemos de que a espera da vinda de messias que trariam
reformas à humanidade era bastante comum na tradição dos povos antigos.
Naturalmente que a vinda de um messias trazia indicadores, referências que uma
vez conhecidas, dentro daqueles centros culturais, poderiam ter se enquadrado
ao menino que nascia naquela família da Galileia. A adoração a um menino
distante é perfeitamente compreensível na mentalidade da época.
Estes três magos trazem em mãos três
presentes: o ouro, o incenso e a mirra. Entender a simbologia destes presentes
é enriquecedor para nós no natal. Para os povos antigos os elementos, as
plantas, as resinas simbolizavam sentimentos humanos. Assim temos: O ouro
significava o clímax de todo o esforço que um homem faz para sobreviver. Em
resumo, a nossa energia física. O incenso é resultante da queima de uma planta
aromática que volatizando-se sobe aos céus. Representava para os antigos as
nossa energias emocionais que uma vez trabalhadas, queimadas, pode nos levar a
um céu interno que, ao espalhar-se, beneficia outros. A mirra é uma goma
resinosa, amarga, usada para mirrar, encolher materiais. Significava o
encolhimento das amarguras de nossos pensamentos, tudo o que angustia a nossa mente,
que pode ser encolhido, mirrado, para que cresçamos espiritualmente. É enfim a
nossa energia mental purificada.
A
tradição nos diz que os três magos chamavam-se Melquior, Gaspar e Baltazar. Que
teriam vindo da Pérsia do Egito e da Etiópia. Que teriam vindo recepcionar o
menino que julgavam fosse o messias esperado, oferecendo a ele sua energia
física, emocional, e mental trabalhadas.
Podemos então imaginar os três a dizer ao menino: Trago a vós messias,
ao vosso serviço, a minha energia física representada neste ouro. O outro:
Trago ao vosso serviço a minha energia emocional purificada, representada neste
incenso. O outro dizendo: Trago a vós, messias, o meu corpo mental que ponho a
vosso serviço, representado nesta mirra.
O PAPAI NOEL Não poderíamos completar
qualquer estudo sobre o natal, sem analisar o papel que esta figura pode ter
para as nossas crianças. Ela pode dar a elas algo que nosso mundo está
perdendo: o poder de fantasiar, da imaginação. Aquela transcendência de
imaginar que a figura de um velhinho bondoso, desce dos céus apenas para lhe
ofertar um presente, abre à criança o caminho do abstrato, da transcendência.
Porém nosso erro mais comum é fazer dele a figura de um justiceiro que não
atenderá á criança se ela não for bem na escola, não se comportar etc. O Papai
Noel deverá ser para uma criança um amor com que contará incondicionalmente,
sempre. Abre-se assim para a criança a porta da fé nas graças divinas, no
transcendente que ele levará consigo pela vida afora.
Por que também não transformarmos os momentos
em que dizemos a frase tão repetida nesta época, feliz natal, em momentos de
amor? Ao invés de dizê-la mecanicamente, como um hábito de nossa cultura, não
enviar a outrem um pensamento sincero, um desejo de que realize as suas
aspirações mais íntimas?
Concluindo:
Se me for perguntado qual entre os símbolos natalinos resume melhor o espírito
de natal eu diria que é a frase: “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos
homens de boa vontade.” Ela contem todo o anti sectarismo que deveria existir
nas nações cristãs. Nela não é dado louvor ao Deus deste ou daquele credo, simplesmente
ao Deus das alturas e também não ao seguidor desta ou daquela religião, mas a
todos os homens bem intencionados, de boa vontade, que desta forma encontrariam
a tão sonhada paz.