sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Símbolos Natalinos


   Na época que antecede o natal, quando corremos para a compra dos presentes, para a preparação da ceia, pensamos que aquela alegria que temos depois com a reunião familiar, com a troca de presentes, etc, é toda a alegria que o natal pode nos dar. Não imaginamos  então que não estamos alcançando toda a intensidade de sentimentos que um natal bem compreendido poderia nos trazer. Nesta data, geralmente repetimos a grande falha da nossa época: Viver os nossos momentos mais importantes superficialmente. Às vezes, os estamos vivendo sem nos dar conta de sua importância, só vemos que foram importantes quando já passaram. Vulgarizamos circunstâncias, datas que poderiam fazer de nós pessoas muito mais entusiastas, profundas e felizes. Poderíamos então encontrar no natal, assim como em outras datas, valores que enriqueceriam nossa vida e que consequentemente tornariam sem relevância coisas que nos angustiam as quais atribuímos uma importância que na realidade elas não têm. Todas as datas comemorativas querem por em relevância, assinalar um sentimento, uma energia que são importantes para a nossa evolução; dia das mães, dia da pátria, etc.

   O natal cristão, tradição do ocidente, comemora uma das mais tocantes mensagens que o mundo já recebeu de uma líder. Como todas as datas comemorativas ela vem acompanhada de seus componentes simbólicos: A ceia, o presépio, os magos, pinhas, etc. Vamos estudar então cada um destes símbolos:

   A CEIA: A ceia é a mais antiga das tradições natalinas. No primeiro ano após a morte de Jesus, ela é feita pela primeira vez por seus discípulos, que relembravam assim os últimos momentos em que numa ceia, estiveram reunidos com o seu Mestre. Para os 12 discípulos, enquanto eles viveram, esta decisão de relembrá-lo passa a ser mantida anualmente. Pouco a pouco, cada novo seguidor do Cristianismo passa a fazer em seu próprio lar uma ceia com a participação de todos os familiares, como uma afirmação de que haviam aceitado as mensagens deixadas pelo nazareno.

   Mais de dois mil anos após esta tradição é o ponto máximo da noite de natal. A ceia tem principalmente um sentido grupal. Quando nos sentamos frente à mesa natalina, o que deveríamos na verdade nos conscientizar é que participamos de um grupo que se identifica por ter aceitado todas as propostas que nos foram sugeridas pelo líder da Galileia, a quem dizemos seguir como cristãos que dizemos ser. Assim, o sentido grupal da Ceia poderia tirar de nós sentimentos de solidão, nos dando a felicidade de nos sabermos inseridos nas tradições de uma família, de um pais, de um credo religioso.

   Aquele gesto do mestre Galileu de na última ceia pegar um pedaço de pão e repartir com um grupo por si só contém toda a idéia de ceia: O distribuir, o repartir afeto com os participantes de um todo.

   Desde as primeiras horas anteriores ao encontro de natal ,quando caprichamos na arrumação de nossas casas ,pomos a nossa melhor roupa para a noite natalina, já devíamos viver cada um destes passos dando a eles uma conotação de sagrado, já vivê-los intensamente como se estivéssemos nos preparando para um momento importante: O de manifestar aquilo que há de mais sublime em nós: trocar afeto, dar e receber amor. Dando à Ceia um sentido solene transformaremos as energias que gastamos nela ,pois o importante certamente não é fazermos uma ação,mas achar o seu sentido, sermos  dentro dela.O importante afinal não é o fazer,mas o ser.

   O PINHEIRO.    O pinheiro é uma árvore de intensa vitalidade, de muita resistência, resiste à aridez de climas gelados. Enquanto outras árvores queimam-se, morrem, ela permanece verde. Presente dentro do nossos lares ela representa a força que a fé cristã nos dá perante qualquer adversidade. Enfim ela representa a durabilidade,a resistência do Cristianismo.

   PINHA.  Fruto dos pinheiros, ela é outro importante símbolo natalino. .Representa o fruto que podemos obter para nossa evolução, se pudermos resistir dentro de uma dificuldade. Fazemos com a pinha enfeites, decorações, mas geralmente não fazemos correlação, não somos sequer tocados pelo seu significado simbólico. Ela é a representação da esperança.Num prato de enfeite, elas estão ali dizendo :dentro de um clima gélido eu sou o fruto da sobrevivência, da força ,da resistência.

   O PRESÉPIO. O primeiro presépio surgiu no séc. XIII. Em 1223 apareceu na Itália uma figura importantíssima para que a mensagem do líder Jesus não fosse deturpada: Francisco de Assis. Num tempo em que a igreja exibia um luxo excessivo, ele passou a lutar para que a simplicidade dos primeiros seguidores do Cristo fosse recuperada. Aproveitou então a humildade do ambiente em que o mestre Galileu viveu. Chamou então um proprietário de terras, seu amigo, e em seus bosques escolheu uma gruta e construiu nela uma manjedoura. Nela, pôs feno, colocou animais, reproduzindo quanto possível a gruta de Belém. Convidou todas as famílias do vale que vieram á noite para a gruta e ali ele fez uma pregação sobre simplicidade. Nascia assim o primeiro presépio. Caso pudéssemos fazer nossas crianças concluírem que por traz de uma aparência de simplicidade pode se esconder uma personalidade com força de sábia liderança, faríamos com que nossos jovens desassociassem uma aparência de ostentação da posse da sabedoria. O presépio é enfim o símbolo da simplicidade que nos pede o Cristianismo.

   Existe no presépio outros símbolos interessantes: A CAVERNA: As manjedouras sendo estábulos onde se dá comida aos animais eram no tempo de Jesus dentro de escavações, cavernas muito comum nos terrenos pedregosos da Judeia. Para entendermos o simbolismo esotérico da caverna é necessário que vejamos a pessoa do Cristo-menino como a representação de uma força que cada um de nós traz dentro de seu coração: a força crística. A manjedoura onde nasceu o Cristo é então o símbolo do nosso coração onde se abriga esta força que numa iniciação começamos a desenvolver. È na  caverna de seu coração que o iniciando sente o pulsar  da vida divina, vê e acompanha o nascimento do seu próprio Cristo interno .

   O Cristo menino representa uma espécie de consciência divina que começa a se desenvolver na caverna do coração. Na realidade, o germe desta força sempre esteve presente, mas oculta em todos os seres humanos. Mas em determinado momento da nossa evolução ela começa a manifestar-se. Por esta razão os discípulos que entram em iniciação, são chamados de pequeninos ou crianças, também de renascidos. As palavras de Jesus de que “Um homem deve se tornar uma criança para entrar nos reinos do céu” refere-se aos discípulos que nos templos iniciáticos do Egito buscavam o seu Cristo-menino. Então para um esotérico o dia do nascimento do Cristo na caverna simboliza e comemora o 1º degrau de iniciação de um discípulo.

   OS PASTORES Quando, numa iniciação, termina-se o degrau chamado probacionário, recebe-se um sinal que nos chama a buscar a força crística, Os pastores que encontraram um anjo lhes mandando ir a uma caverna buscar o menino cristo que nascia é o simbolismo deste chamamento iniciático.

   No presépio aparece os quatro reinos; o vegetal no feno, o mineral na rocha da caverna, o animal, naqueles que ali aparecem e o humano em José Maria e o menino.

   OS TRÊS REIS MAGOS Os três magos levam ao menino presentes. A tradição religiosa nos conta que eles atravessaram desertos, vindos de terras distantes. Vejamos se podemos dar uma consistência histórica a estes personagens. A região da palestina era na época, em termos de cultura sem expressão alguma, mas existiam grandes centros culturais espalhados pelo Egito, Pérsia e Etiópia de onde a tradição nos diz terem origem os nossos personagens. Neles, se estudava matérias como geometria, filosofia e astronomia. Muitos homens passavam suas vidas nestas terras a bem de estudarem, pois estamos falando de uma época em que escolas e faculdades quase não existiam em todas cidades . Sendo a educação assim tão rara, aqueles que a tinham eram respeitados, acatados. Aqueles que estudavam a difícil matéria da astronomia, considerada então mágica, levando-se em conta o pouco recurso de aparelhagem técnica para estudá-la, eram então chamados de magos.

   Os três reis magos bem poderiam ser estudiosos de astronomia guiando-se em seu caminho como era costume pelas estrelas. Estranhamos o fato de virem três sábios tão de longe para adorarem uma criança. Vemos nisso lenda, fantasia, mas esquecemos de que a espera da vinda de messias que trariam reformas à humanidade era bastante comum na tradição dos povos antigos. Naturalmente que a vinda de um messias trazia indicadores, referências que uma vez conhecidas, dentro daqueles centros culturais, poderiam ter se enquadrado ao menino que nascia naquela família da Galileia. A adoração a um menino distante é perfeitamente compreensível na mentalidade da época.

   Estes três magos trazem em mãos três presentes: o ouro, o incenso e a mirra. Entender a simbologia destes presentes é enriquecedor para nós no natal. Para os povos antigos os elementos, as plantas, as resinas simbolizavam sentimentos humanos. Assim temos: O ouro significava o clímax de todo o esforço que um homem faz para sobreviver. Em resumo, a nossa energia física. O incenso é resultante da queima de uma planta aromática que volatizando-se sobe aos céus. Representava para os antigos as nossa energias emocionais que uma vez trabalhadas, queimadas, pode nos levar a um céu interno que, ao espalhar-se, beneficia outros. A mirra é uma goma resinosa, amarga, usada para mirrar, encolher materiais. Significava o encolhimento das amarguras de nossos pensamentos, tudo o que angustia a nossa mente, que pode ser encolhido, mirrado, para que cresçamos espiritualmente. É enfim a nossa energia mental purificada.

A tradição nos diz que os três magos chamavam-se Melquior, Gaspar e Baltazar. Que teriam vindo da Pérsia do Egito e da Etiópia. Que teriam vindo recepcionar o menino que julgavam fosse o messias esperado, oferecendo a ele sua energia física, emocional, e mental trabalhadas.  Podemos então imaginar os três a dizer ao menino: Trago a vós messias, ao vosso serviço, a minha energia física representada neste ouro. O outro: Trago ao vosso serviço a minha energia emocional purificada, representada neste incenso. O outro dizendo: Trago a vós, messias, o meu corpo mental que ponho a vosso serviço, representado nesta mirra.


   O PAPAI NOEL Não poderíamos completar qualquer estudo sobre o natal, sem analisar o papel que esta figura pode ter para as nossas crianças. Ela pode dar a elas algo que nosso mundo está perdendo: o poder de fantasiar, da imaginação. Aquela transcendência de imaginar que a figura de um velhinho bondoso, desce dos céus apenas para lhe ofertar um presente, abre à criança o caminho do abstrato, da transcendência. Porém nosso erro mais comum é fazer dele a figura de um justiceiro que não atenderá á criança se ela não for bem na escola, não se comportar etc. O Papai Noel deverá ser para uma criança um amor com que contará incondicionalmente, sempre. Abre-se assim para a criança a porta da fé nas graças divinas, no transcendente que ele levará consigo pela vida afora.

   Por que também não transformarmos os momentos em que dizemos a frase tão repetida nesta época, feliz natal, em momentos de amor? Ao invés de dizê-la mecanicamente, como um hábito de nossa cultura, não enviar a outrem um pensamento sincero, um desejo de que realize as suas aspirações mais íntimas?

Concluindo: Se me for perguntado qual entre os símbolos natalinos resume melhor o espírito de natal eu diria que é a frase: “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.” Ela contem todo o anti sectarismo que deveria existir nas nações cristãs. Nela não é dado louvor ao Deus deste ou daquele credo, simplesmente ao Deus das alturas e também não ao seguidor desta ou daquela religião, mas a todos os homens bem intencionados, de boa vontade, que desta forma encontrariam a tão sonhada paz.


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