A começar pela mais antiga temos: Maria Madalena. Com exceção da Virgem Maria, mulher escolhida para gerar o Cristo, Maria Madalena é, sem dúvida, a figura mais importante do Cristianismo. Sua vida é de feição enevoada, havendo sobre ela várias versões absolutamente opostas.
Annie Besant, líder da Sociedade Teosófica. |
Jeniffer
Cristine diretora do Instituto Magala de Jerusalém, pesquisadora, escritora de
um livro sobre sua vida, nos diz que Madalena nasceu em Magdala uma região
muito prospera na época por sua indústria pesqueira, situada nas costas do mar
da Galileia.
Maria Madalena é dita como uma das mulheres
que acreditando ser o Cristo o Messias esperado teria o seguido para vários
locais de suas pregações a até sendo ela bem aquinhoada em bens o auxiliado e a
seus apóstolos, lhes fornecendo recursos necessários para o gasto ao seu
trabalho itinerante.
Ter nascido em Magdala já justificaria o seu
nome, pois sabemos que os povos antigos não davam sobrenome às pessoas, mas as
distinguiam com o nome de suas cidades de origem. Assim, Madalena seria uma
corruptela de Magdala.
Uma versão diversa, contrária a ter ela vindo
de Magdala, levanta a hipótese de ser ela a mesma Maria, irmã de Marta e
Lázaro, aquele a quem o Cristo, num milagre, fez voltar da morte. Família que
residia em Betânia.
Em Les Saintes Maries-de-La-Mer, Veselay e
Aix em Provence, todas as cidades do sul da França, Maria Madalena teria estado,
quando as perseguições aos cristãos tiveram início em Jerusalém, para, num
trabalho evangelizador, pregar nesta região a mensagem do Cristo. Até hoje Les
Saintes Maries de La Mer cultua as quatro mulheres chegadas ali em barco. Maria
Madalena, Marta, Maria Salomé e a cigana Sara. Ali é contado que Madalena teria
morrido em Aix em Provence, e que suas relíquias estão em Veselay.
O evangelho canônico de Lucas nos distingue
Madalena como a mulher de quem ”Jesus teria expulsado sete demônios“. Ora, bem
sabemos também que para os povos da Antiguidade todo e qualquer mal estar ou
doença eram vistos como manifestações demoníacas que se apossavam do corpo de
uma pessoa. Porém, ao chegar o ano 591 o Papa Gregório Magno interpretou como
prostituição os demônios que Jesus lhe teria expulsado, qualificando então
Maria Madalena de uma perdida prostituta. Que seria - dizia ele - estes demônios
senão os seus vícios? Então a Igreja levou este pensamento adiante durante
séculos.
Modernamente, contudo, no ano 2016 o nosso Papa Francisco refutou tal ideia nomeando-a novamente de “A apóstola dos
apóstolos” tal como já o fizera São Tomaz de Aquino e a intitulou de ”Santa”.
Não por acaso - afirmou ele -Madalena foi a primeira pessoa a ver Jesus
ressuscitado.
As atitudes de Maria Madalena demonstravam o
amor que sentia por seu mestre, o Cristo. Segundo João, ela lá estava junto à
cruz acompanhando a mãe do Cristo em seu sofrimento. Conta-se que, após a
crucificação, Madalena teria ido ao santo sepulcro levar ervas cheirosas,
bálsamos para ungir o corpo do Cristo como era uso na época. Porém, ali não o
encontrou. Foi quando ouviu uma voz a qual iria perguntar onde estaria o corpo
do mestre, quando então se deparou com o próprio Jesus ressuscitado. Este lhe
recomendado que fosse aos discípulos lhes revelar a sua ressurreição.
Jesus confiava tanto na perspicácia de
Madalena em entender seus ensinamentos que nos é contado que isto provocava
desconforto, uma espécie de ciumeira da parte dos apóstolos. O que é
compreensível, pois eles seguiam modelos patriarcais a respeito de mulheres que,
na Judeia de seu tempo, eram vistas como seres de pouca inteligência, sendo que
a posição oficial da Igreja de Israel contrariava qualquer liderança espiritual
vinda de uma mulher.
Contudo, por seu amor a Jesus, por sua
perspicácia e auxílios a seu mestre, Madalena mereceu o epíteto de “Santa” lhe
dado sabiamente por papa Francisco.
Diaconisas: Não podemos esquecer que o
Cristianismo contou com um número imenso de Diaconisas desde o tempo de São
Paulo. Eram mulheres encarregadas de funções auxiliares ao culto cristão.
Embora fosse vedado a elas a função sacerdotal, após a benção de um bispo,
faziam também trabalhos religiosos junto às mulheres de comunidades.
Instruíam-nas sobre o batismo quando estes ainda eram feitos em adultos e em
corpo inteiro. Preparavam-nas, enfim, para receber todos os sacramentos. A elas
também cabia visitar asilos e cárceres em nome de determinadas paróquias.
Foram, enfim mulheres essenciais ao bom desempenho do trabalho cristão.
Freiras:
Lembremos também das milhares de irmãs de caridade, freiras católicas e
protestantes que há séculos trabalham em instituições de ensino e em hospitais,
labutando abnegadamente em favor da educação e da enfermagem em vários países.
Madre Tereza de Calcutá: Entre as
religiosas católicas sobressai-se a personagem impar de Madre Tereza. Nascida
em 1910, na Macedônia. Muito jovem, fez um noviciado e ainda nele com 21 anos
foi para a Índia. Posteriormente, deixou este noviciado para vestir um sári
branco e pedir a sua nacionalidade indiana. Exercia então ali o professorado de
Geografia e História. Porém, resolveu depois dedicar-se aos pobres e doentes.
Para tanto, foi fazer um curso de enfermagem e trabalhou tanto em favor dos
necessitados indianos que acabou por receber do Estado a medalha “Senhor dos
Lótus”.
Dion Fortune, especialista em Cabala. |
De uma simplicidade extrema, morava em
favelas o que, após a sua morte aos 87 anos, lhe granjeou o título de “A Santa
das sarjetas”. Esta mulher extraordinária fundou a “Congregação das
Missionárias da Caridade” reunindo mulheres a favor do seu trabalho.
Missionárias estas que existem em número de milhares em vários países.
Recebeu
o Nobel da Paz aos 69 anos e foi beatificada pelo Papa João Paulo II que
visitou diretamente seu trabalho na Índia. Em 2016 foi canonizada pelo Papa
Francisco. Esta frase sua nos expõe claramente o âmago do seu ideal: ”Temos que
procurar pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade”.
Aixa. Nasceu na Arábia Saudita e foi a segunda
esposa do profeta Maomé. Casou-se com ele quando tinha 10 anos (nada
excepcional para sua época e local). È relatado que embora Kadhija primeira
esposa do profeta, uma viúva rica, o tenha sempre provido de bens para que levasse
adiante sua mensagem, Aixa foi a sua esposa mais amada o seu grande amor.
Maomé
faleceu quando Aixa tinha dezenove anos e desde então ela passou a dedicar-se
inteiramente, durante quarenta anos, à divulgação de suas mensagens. Lembremos
que esses primeiros anos foram essenciais no estabelecimento do Islã o que deu
a Aixa o título de “A teóloga do Islamismo”. Aixa era filha do companheiro mais
constante de Maomé e seu sucessor como o primeiro califa do novo credo. Porém,
desde o 3º califa, tido como corrupto, Aixa se envolveu em política liderando
um exército contra ele. Chegou a mandar matar 600 homens numa batalha. Aixa é a
mulher mais amada pelos islâmicos Sunitas e a mais odiada pelos radicais
Xiitas.
Desde o tempo do primeiro califa, a família
de Maomé deveria ter acesso à sua sucessão. Alí, o marido de Fátima, filha de
Maomé, se achava com direito a isso. Então, foi iniciada uma guerra entre Alí e
Aixa. Esta lutou muito, mas perdeu a guerra numa batalha que ficou conhecida
como” a batalha do Camelo”, pois Aixa lutava montada neste animal. Foi nesta
ocasião que Ali, vencedor, instituiu o Islamismo Xiita. Hoje, ainda estas duas
facções Sunitas advinda de Aixa e Xiita de Ali lutam entre si.
Porém, se considerarmos as condições de uma mulher originária da Arábia Saudita, especialmente na época em que Aixa viveu, podemos admirar a mulher corajosa que ela terá sido.
Kwan Yin, primeiro Buda mulher. |
Kuan
Yin: em 696 AC. Kuan Yin era filha de um governante do norte da China, da
dinastia Chou. Teria na época ingressado no convento das Freiras do Pássaro
Branco. Seu pai, que preferia vê-la casada, ordenou que o convento a submetesse
às tarefas mais cansativas para fazê-la desistir da vida religiosa. Porém
depois, muito contrariado por vê-la persistir no convento, mandou mata-la com
uma espada. Foi quando o primeiro milagre de Kuan Yin se deu: A espada ao tocar
no corpo dela, despedaçou-se. Fala-se depois em um trabalho seu numa ilha, onde
se dedicava à curas e atendimento a homens sobreviventes de acidentes
marítimos. Quando Kuan Yin morreu, sua mente –segundo o Budismo- não possuía
nenhuma marca de negatividades, então Kuan Yin não necessitava mais de
reencarnar-se. Porém, ela ouviu os pedidos por misericórdia dos homens da
humanidade e resolveu tornar-se um Bodhisatwa, isto é, um dos seres que
renunciam a uma situação de tranquilidade, o nirvana, para envolver-se entre as
mazelas humanas a bem de servir à humanidade e despertar nela as consciências
para a sabedoria espiritual.
Tal decisão granjeou-lhe o título que até
hoje possui: “Aquela que ouve os lamentos do mundo”. Encarnou-se então na
pessoa de Avoloktesvara, o maior Bodhisatwa nascido no Tibete.
Hoje, Kuan yin é a figura religiosa mais
cultuada na China. Criou ela um Mantra para invocar suas graças:” Om Mani Padme
Hum” que significa : ‘O joia do Lótus!. Ou também: ”Da lama nasce a flor de Lotus”.
Trabalha
como todo budista da linha tibetana: especificamente para difundir a Compaixão.
O final do Sec. IX e o começo do XX foram
ricos em ideias espiritualistas trazidas do Oriente para o Ocidente, da Europa
para a América. Nelas se sobressaindo varias mulheres especialmente importantes
para a religiosidade esotérica.
Tivemos Helena Blavatsky, a escritora russa
que no final do Sec. IX criou na Índia, junto ao coronel Henri Olcott, a
Sociedade Teosófica, com sua primeira sede na cidade de Adyar.
Blavatski atribuía seus conhecimentos à
instruções recebidas por mestres da Grande Fraternidade Branca. Em especial à
influência espiritual lhe transmitida pelo muito conhecido mestre dos místicos
El Moria. Entre os maravilhosos livros de Blavatsky tais como “Isis Sem Véu” e
“A Voz do Silêncio” o mais importante é “A Doutrina Secreta” considerada para
muitos como a “Bíblia do Ocultismo”. Blavatsky foi com certeza a maior difusora
das ideias esotéricas do Oriente entre nós.
Como sua melhor discípula tivemos Annie
Besant, segunda presidente da Sociedade Teosófica. Dedicou sua longa vida de 85
anos também à Maçonaria fundando lojas maçônicas em vários países. Inglesa,
viveu vários anos na Índia dedicando-se lá a liberdade deste país, chegando a
ser eleita presidente do Congresso Nacional da Índia. Entre os seus belos
livros podemos ressaltar: A Sabedoria Antiga” e o “Cristianismo Esotérico”.
Alice Bailey: Também inglesa, no início de 1919 começou a escrever seus livros sob a orientação do mestre tibetano Dywhal Khul. Livros seus como “Tratado sobre Magia Branca”, “De Belém ao Calvário”, “O destino das Nações”, e “O Reaparecimento do Cristo”, são imprescindíveis à formação esotérica de um espiritualista.
Alice Bailey, autora do livro "Magia branca". |
Alice Bailey fundou a “Escola Arcana” com a
finalidade de treinamentos, meditações e encontros espirituais de discípulos.
Contamos ainda trabalhando nas primeiras
décadas do século vinte com Dion Fortune. Outra inglesa, que como psicóloga
ocultista dedicou-se à magia cerimonial. Seus romances foram verdadeiros guias
para ritos e desenvolvimento de consciência.
Dedicou-se ao social, aos movimentos
feministas e influenciou a cultura moderna como a revolução sexual da mulher.
Trouxe à tona estudos da Cabala judaica. Tornou acessível à estrutura da sua “Árvore
da Vida” que se conservara até o Séc. XX como estudos fechados, só em mãos de
rabinos. Seu livro mais importante sobre o assunto é, sem duvida, “A Cabala
Mística”.
Essas quatro mulheres: Blavatsky, Besant,
Alice Bailey e Dion Fortune engrandeceram a religiosidade de quem a busca
através do esoterismo.
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