sábado, 13 de maio de 2023

A Onipresença de Deus na Evolução das Civilizações

   A evolução humana obedece a ciclos contínuos que dão início ao desenvolvimento de virtudes que o homem necessita manifestar.

   Para tanto, nos parece que o Absoluto se serve de protagonistas que O auxiliam no difundir de tais virtudes.  Surgem eles como ondas que atuam impulsionadoras.

   Se partirmos do século VI AC, podemos seguir estas ondas com seus respectivos protagonistas que vão abrindo espaço para o nosso processo evolutivo. O decorrer daquele século podemos considerá-lo como um facho de luz que iluminou as mentes dos homens. Vinham eles de um longo período civilizatório marcado por buscas espirituais frágeis, supersticiosas e temerosas. Nele, só sacrifícios feitos aos deuses, oferendas e troca de benesses pareciam nos ligar ao Criador. Perguntas existenciais, que são o âmago mesmo da tendência espiritualista, eram inexistentes ainda.

   Contudo, antecedidos por Lao Tsé, o grande pensador chinês, criador do Taoísmo que nos mostrava o Tao (o Caminho), neste século passamos a contar com figuras luminares como Buda, Confúcio e Pitágoras. Buda a nos libertar de ambições e desejos para atingirmos a felicidade do Nirvana, O grande professor Confúcio (mestre Kong) a nos livrar de lutas sociais que levavam países ao caos, através de sua luta por um Estado ordenado e disciplinado. Pitágoras, o mais fascinante dos pensadores, que gerava em seus alunos um culto como se convivessem com um semideus. Mais místico do que filósofo, deixou com sua personalidade carismática uma influência em muitos pensadores que o sucederam e muito tempo depois ainda a cientistas como Kepler.

    Poucos séculos após aquele, outra onda de protagonistas benfeitores como Sócrates, Platão e Demócrito, o grande atomista, iluminou o céu da Grécia. Sócrates que aceitou a sua sentença de morte imposta, porque era fiel a esta sua verdade: “o mundo era apenas uma projeção, uma simples sombra de um mundo real, verdadeiro, existente.” Ideia tão bem exposta depois por seu aluno Platão em sua linda metáfora da “Gruta platônica”.

   Porém, será no século I de nossa era que nascerá Jesus, o Cristo, que manifestará e transmitirá a virtude mais necessária ao homem: O amor. Tal palavra estará presente em cada um de seus pensamentos, em cada uma de SUS frases. O “Amai-vos uns aos outros” é a sua afirmativa mais conhecida, que embora nem sempre cumprida, jamais, apesar de milênios passados, foi perdida.

   Quando o nacionalismo judeu, através de seus próprios discípulos, quis deturpar a bela mensagem do Cristo, dando acesso a ela apenas aos circuncidados, surgiu à figura universalista de Paulo de Tarso que fez do Cristianismo uma crença que ultrapassa qualquer espaço e que está apesar do tempo decorrido, em todos os cantos de nosso mundo.

   Muitas vezes, o Cristianismo esteve à beira de um abismo moral. Contudo, parece receber da onipresença divina uma proteção para salva-lo de extinguir-se.

    Vejam que o século XIII foi o do fanatismo religioso, o das Cruzadas. Nada escapava dele, nem crianças. Aos gritos animadores de “Deus o quer! Deus o quer!” eram induzidas a irem ao Oriente salvar o túmulo de Jesus das mãos dos “Infiéis”. Assim, na chamada “Cruzada das Crianças”, estas acreditavam que ao atingirem as costas, o mar se abriria para lhes dar passagem, assim como acontecido a Moisés. Conseguiram reunir mais de 35 mil crianças. Aquelas que sobreviveram ao penoso percurso (este ficou cheio de seus pequeninos corpos) foram vendidas na África como escravas. Além de que as crueldades feitas pelos próprios Cruzados na Terra Santa foram estarrecedoras. Contudo, neste século nascia também o santo andarilho aquele que emocionaria com a sua piedade o coração de cada cristão, aquele que, sem dúvida, provoca até hoje uma imensa energia devocional: Francisco de Assis.

   Quando na Idade Média a ganância dos organizadores do Cristianismo lhe deu uma tendência puramente comercial, com o absurdo das indulgências, dadas em troca de “Cadeiras no Céu”, aparece Lutero. Seu papel purificador foi uma sacudida para que o Cristianismo revisse os seus erros, o que resultou na criação de duas versões cristãs ambas dentro de linhas desejadas, com certeza, pelo Cristo.

   Se somarmos todos os horrores feitos pela Inquisição com origens na própria Igreja, e que já entravam em varias partes do planeta ensejado pelas grandes navegações, nos parece que o mundo tinha sido esquecido pelo Criador, virara Caos. No entanto, entre os séculos XV e XVI vieram à tona ideias humanísticas que ressuscitavam pensamentos gregos antigos com luminares como Erasmo de Rotterdam e Tomas More. O Humanismo provocou o grande florescimento literário, artístico e científico do Renascimento. Tivemos então a época da beleza e do espírito de análise.

   Os sublimes mestres da Renascença italiana foram, sem dúvida, Rafael, Leonardo e Miguel Ângelo. Pintores e escultores. Na literatura, Nicolau Maquiavel escritor de “O Príncipe” em sua crítica ao Absolutismo e naturalmente também William Shakespeare autor de peças dramáticas como Hamlet, Romeu e Julieta e Macbeth teatralizadas até hoje. Em Portugal, Luiz de camões e na literatura espanhola Miguel de Cervantes.

   A ciência floresceu então como uma flor preciosa em meio às antigas superstições religiosas. Sobressaindo-se então as personagens de Copérnico, Giordano bruno, Kepler, Nilton e Galileu.

   Além de abrir-se com o descobrimento da América, o século XV, foi aquele em que inúmeros novos recursos foram obtidos pelos homens, lhes proporcionando aumentar a visão do seu mundo conhecido. Passamos a contar com as melhorias na arte de navegar, as grandes construções navais, como a Escola Náutica portuguesa de Sagres. Passamos a contar com o astrolábio, a bússola, o compasso. Foi então que surgiram os protagonistas das grandes descobertas que movidos ou por ambição ou por vaidade, mas, sobretudo corajosos, enfrentavam mares desconhecidos.

   O regime absolutista europeu, que teve no rei francês Luiz XIV seu símbolo mais perfeito, foi aquele que mais oprimiu os homens desde o alvorecer de 1500 até o final de 1800. Com gastos excessivos na corte e luxos demasiados, este rei em sua frase: ”O Estado sou eu” manifestava como ele via irreprimível tudo o que viesse de sua autoridade. Tanta opressão, não só na França, mas em todos os regimes absolutistas europeus, culminou como era de esperar-se, com revoltas que resultaram na Revolução Francesa. Embora tudo acabando de forma violenta com a fuga do rei (já então Luiz XVI), a marcha de oito mil mulheres sobre Versalhes, a nacionalização dos bens do clero, etc. politica e moralmente o mundo conseguiu ali algo extraordinário: A “Declaração dos Direitos Humanos”.

   Em seus 17 artigos, totaliza princípios a serem seguidos por qualquer povo, em qualquer época. Tal selo final para esta Revolução parece-nos a própria presença divina contrabalançando os sofrimentos de um conflito social que durou nada menos que 10 anos.

   Sem esquecermos as figuras excepcionais de Mozart e Beethoven nascidos no final deste século XVIII, o próximo século XIX foi aquele em que curiosamente uma grande falange de gênios no setor musical nasceram com diferenças de apenas anos. Senão, vejamos: Chopin nasceu em1810, Liszt em 1811, Vagner 1813, Guinod em 1818, Brahms em 1833. A humanidade realmente foi contemplada com a sensibilidade aos sons, o fascínio à harmonia de seus acordes. Os protagonistas de Deus -poderíamos pensar- estavam como sempre em plena ação.

   Os homens necessitam desenvolver em seu evoluir qualidades como humildade, desprendimento, valentia, amor, persistência. Porém, há homens que parecem já reuni-las em si. Estão-se falando de alguém assim, certamente nos referimos a Gandhi, o inigualável Mahatma. Com todos estes talentos reunidos, fez a liberdade de uma nação.

   A curiosidade que a tudo indaga, que nos leva à perguntas existenciais, que nos fascina pelo mistério, que é tão ousada que aventura-se até, a saber, os fundamentos, os enigmas, o comportamento do próprio universo, nos é suscitada pela verdadeira espiritualidade e, nada melhor para terminarmos esta exposição que mostrou alguns homens artificieis de nossa evolução, que se lembrar dele: o grande gênio científico, o maior curiosos desta nossa era: Einstein.