sexta-feira, 29 de março de 2019

Psiquismo, Espiritualidade, Discipulado & Mediunidade


Resumo de uma aula dada 
ao meu grupo em 14 de março...

Quero aqui abordar o acontecido na cidade de Abadiânia. Sem querer julgar o médium João de Deus, pois nada sou para julgá-lo. Não sabemos se  ele foi de início alguém muito honesto e casto e com a fama que obteve depois, decaiu. Porque a fama é um teste muito raro de alguém vencer. O Poder é o raio mais difícil de alguém transpor sem se corromper. Apenas temos de lastimá-lo e desejar que seja perdoado e que evolua muito com os sofrimentos porque passa agora. Quero apenas ver se tiramos do que se passou ali algum ensinamento para nós. Vamos começar pelo Psiquismo.

Ramana Maharshi e seu doce olhar,
um verdadeiro Mestre espiritual.

  Bem sabemos que possuímos sete corpos ou consciências: O físico, o etérico, o emocional e o mental. Que chamamos de “quaternário inferior” e três corpos superiores: Átmico, Búdico e Causal. Se dividirmos estas três consciências superiores na divina Trindade, isto é, em três categorias, as veremos assim:
  O corpo Átmico é o mais espiritual. É a Vontade de criar, o impulso criativo e o representamos na cor azul. O Búdico é a consciência que nos leva à bem aventurança, à tranquilidade e consequentemente à Sabedoria. Representamos esta consciência na cor Amarela.  No Causal, está o nosso modelo individual de perfeição, que buscamos alcançar, o nosso código genético divino e o representamos na cor rosa.
  Já os corpos inferiores físico, emocional e mental são nossos instrumentos, eles trabalham as maneiras, as atividades materiais como arte, ciência, cura, instrução, trabalho social etc, com as quais manifestamos as potências das consciências superiores.
 O etérico é o nosso corpo vital, a energia que vitaliza todas as nossas ações.
 Os corpos inferiores são os responsáveis pelos fenômenos do Psiquismo. O que é o Psiquismo? É a facilidade de obtermos através dos corpos inferiores os fenômenos conhecidos como ”paranormais”. Quando acontecem os fenômenos psíquicos? Quando o corpo vital está vitalizando demasiadamente os corpos inferiores, quando estes estão sendo muito solicitados. Como exemplos, temos o período posterior a um parto, ou à atividades braçais muito pesadas.
  Podemos considerar o paranormal alguém já evoluído, espiritualizado? Absolutamente não. Temos os chamados “magos negros”, que lidam muito bem com o psiquismo, mas são muito pouco evoluídos.  As vezes, algumas pessoas se comprazem em exibir tais poderes psíquicos, causando o deslumbramento naqueles que os cercam, que os confundem então com grandes mestres. Isto leva geralmente estes pretensos mestres à muita vaidade. Por isso Helena Blavatsky diz que “o Psiquismo é o atoleiro da Espiritualidade”.

Levitação, um fenômeno psíquico.

 Os fenômenos psíquicos são inúmeros. Com este poder fazemos coisas assombrosas. Entre elas: Levitações, levantar objetos de um lugar a outro, combustões, materializações, domínio da temperatura corporal. Com os corpos muito vitalizados, podemos perceber ruídos vindos de ondas vibratórias ambientais como rachaduras em madeiras, em cristais etc. Fenômenos vêm também do corpo emocional. Percepções de ondas de tristezas acontecendo à distância. Ainda do corpo mental, por exemplo, temos a Telepatia, acontecendo entre cérebros transmissores e receptores. Já os corpos superiores vitalizados produzem fenômenos espirituais também.
 A Cabala judaica fala muito bem da diferença entre um fenômeno psíquico e um espiritual. Exemplos disso são: a Preconização e a Intuição.  Ambos falam de um acontecimento por vir. Parecem ser iguais, mas não o são. É diferente se preconizar um acontecimento e se intuir um acontecimento.
 A Cabala explica assim: No gráfico da Árvore da Vida cabalística, temos os corpos inferiores representados por: Malkuth, Netzach, Hod e Yesod.  Respectivamente os corpos físico, emocional e mental e Yesod o vital. Yesod é chamado “a caixa de imagens”. Qualquer fenômeno onde vemos imagens é psíquicos, vindos da vitalização de Yesod.
 Assim, na Preconização, vemos a imagem do acontecimento por vir. Já na Intuição, sendo ela um fenômeno espiritual, sem vermos imagem alguma, inconscientemente, agimos como se estivéssemos nos preparando para algo que, sem sabermos, depois acontecerá. Por exemplo: Alguém irá embarcar num avião que cairá. Então, por alguma razão é impedida ou desiste de embarcar. Mas jamais verá antecipadamente a imagem do avião caindo. Outro exemplo: Alguém irá sem saber, viver um sofrimento e, é levada a ler um livro que fala no sofrer, é conduzido a assistir uma palestra cujo tema é o sofrimento. Tudo como se estivesse sendo preparada para ir vivê-lo depois. Isto é Intuição, são as nossas consciências superiores agindo a nosso favor.

Intuição, um fenômeno espiritual.

 Quanto às curas: Aquelas onde o recebedor não está muito imbuído de se melhorar espiritualmente e cuja fé é apenas uma crença cultural sem muita intensidade, geralmente a cura é provisória. Quando a causa que gerou a doença  é novamente feita, a doença retorna. A cura permanente é conseguida através das mudanças em nossas emoções e comportamentos. A cura geralmente requer um objeto de devoção.  Devoção a um santo, a um deus, à alguém ou a um local com grande energia devocional.
  Vejamos o caso de Abadiânia. O local tinha tudo para que curas acontecessem. Contava com alguém que era um objeto de devoção, por sua fama de médium que recebia espíritos de luz. Havia a devoção a um santo. Acreditava-se estar ali o espírito de santo Inácio de Loyola, um santo muito prestigiado na Igreja, escolhido para dar nome à casa de trabalhos mediúnicos. Era também um local onde a força votiva de centenas de pessoas era imensa. Muita gente já sentia isto ao entrar na cidade. Era, além disso, feita uma corrente de pessoas devotas, unidas para auxiliar voluntariamente o trabalho.
 A Fé é a grande energia espiritual da qual Jesus dizia: “Se tiverdes Fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Move-te! E ele se moverá” (naturalmente que o monte aqui se referia a obstáculos). A Fé verdadeira é uma confiança nas graças divinas.
 Acho que em Abadiânia eram oferecidos dois tipos de fenômenos. O Psíquico (fenômenos de cortes sem sangue e indolores, inclusive também remoções cirúrgicas de tecidos doentes do corpo através de incisões que se curavam imediatamente), práticas vistas as vezes em Yogas indianos, mas que eram dominadas pelo enorme poder psíquico de João de Deus, independentemente dos seu comportamento errôneo.
  Paralelamente a esta acontecia as curas espirituais. Estas conseguidas através da potente Fé de centenas de pessoas ali presentes.

O poder transformador da Fé.

  Bem, agora falemos sobre o relacionamento entre mestre e discípulo, que chamamos de Iniciação ou Discipulado. São votos, e desejos pessoais de conscientemente, dia a dia, nos dedicarmos a obter, a desenvolver a tranquilidade para obter a Sabedoria.
 É possível sempre apelarmos e contatarmos, através de um processo telepático, alguém mais evoluído que nós, mesmo estando à nossa distância. Porém, para tanto, é necessário existir uma afinidade entre nós e quem será o nosso mestre. Podemos com o seu auxílio atuarmos em qualquer campo de atividade escolhido. Seja elas a arte, a ciência, a instrução, a cura, etc. O importante neste relacionamento é termos, nós e o mestre, um objetivo igual quanto a atividade que iremos realizar.
  O propósito daqueles mestres que no esoterismo chamamos de “Mestres da Luz” é sempre a evolução pessoal do seu discípulo. Então, o comportamento externo do discípulo é importante nesta relação, pois  ele é o que vai determinar se é realmente um” Mestre da Luz” que o está orientando.  Um objetivo puro e o  seu comportamento é o que nos manterá ligados ao mestre.
Exemplificando: Digamos que algum de nós queira abrir um grupo espiritualista. Apelará como guia do trabalho algum mestre. Ele será um patrono para o grupo. Enquanto o grupo se mantiver puro, isto é, livre de concorrências com outros grupos, livre de desejos de ganhos financeiros e de vulgarizações do sexo, nosso orientador estará nos facilitando o trabalho. Porém, se o discípulo enveredar por estes atalhos perniciosos, o mestre se afastará. O relacionamento é rompido por falta de igualdade de propósitos.


O Mestre Buda e seus discípulos.

 Poderá acontecer que o trabalho grupal, sem mais o mestre, até tenha continuidade e venha a atingir até grandes proporções, como se constata em alguns gurus que mesmo já desviados do Bem, reúnem centenas de seguidores a seu redor. Estes geralmente continuam presos à lembranças de belas palavras ditas em livros, e palestras enganosas.  Porém, não se trata mais de um Discipulado, pois ali nenhum Mestre da Luz atua mais.
  O Discipulado nem sempre é fácil de levarmos adiante, porque usando de nosso livre arbítrio pode nos desviar do caminho proposto. Porém, é também gratificante, pois vivemos com a certeza de termos dado a mão à alguém que tenta evitar entramos em atalhos perigosos e sem retornos.
 Quanto à Mediunidade, que foi o trabalho de Abadiânia, o médium era, como sempre, o medianeiro entre o guia espiritual e quem buscava melhoria. Só que a Mediunidade é diferente do Discipulado. Neste, o aluno já chega com o desejo apenas de se melhorar, evoluir espiritualmente, então já conta com um bom mestre. Já o médium é mais frágil, pois podem receber as entidades tão boas quantas aquelas maléficas. Não creio que um guia, uma entidade de luz permitisse comportamentos de desrespeitos às pessoas e a exploração da Fé como o acontecido em Abadiânia.
  Para completar esta exposição, quero me referir à minha própria experiência com Abadiânia. Li livros muito elogiosos ao médium João de Deus e pus então muita Fé nele. Tomei então água magnetizada vinda de lá, e me senti com ela bem melhor de saúde.
  Porém, depois que perdi a Fé, principalmente nas entidades que o médium recebia, responsabilizei-as também pelos comportamentos errôneos do médium. Não acreditei mais na presença do espírito de santo Inácio no local.  Acho que seu nome foi usado para dar prestígio à casa mediúnica. Raciocinei assim: que seria impossível exatamente a um antigo sacerdote, que passou uma encarnação inteira fazendo votos de castidade, depois de quinhentos anos passados, não ter evoluído nada, e vir até orientar um aluno para desrespeitar justamente a energia sexual. Deixei então imediatamente de tomar a água vinda de lá, pois sem a minha Fé ela de nada me adiantaria.
  Então, meus queridos, se vocês optarem por seguir um caminho de Discipulado ou por um trabalho mediúnico, meu conselho é que sigam a frase de Jesus “Orai e Vigiai” (não a vigia nos comportamentos alheios, mas os de si mesmos).
  O Afro Brasileira que pode ser tão sábia nos diz que a vigia nos deixa de “corpo fechado” (isto é: imunes à influências maléficas). Contudo, sempre teremos à mão os magníficos conselhos do grande mestre que foi Jesus.

Um comentário:

  1. Aprendi muito, Lelete, sogrinha querida e admirada. Obrigada por compartilhar a sua sabedoria!

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