domingo, 13 de outubro de 2024

Os Elementos Alquímicos

Os três símbolos alquímícos.

Quais os trés elementos alquímicos?

Os três elementos alquímicos são o Enxofre, o Mercúrio e o Sal. 

O que cada um deles representa?

Enxofre - O princípio fixo, as propriedades ativas, ação corrosiva, o poder de atacar os metais, e também o princípio ativo ou masculino. Movimento, a forma e o quente. É considerado o embrião da pedra e é alimentado pelo Mercúrio, pois está contido em seu ventre. Também é considerado a energia animadora e constitui o objetivo da grande obra.

Mercúrio - Princípio volátil, representa as propriedades passivas, maleabilidade, fraca tensão de vapor, o escorregadio que toma várias formas e o fugidio. Além de designar a matéria designa também outros aspectos como o princípio passivo ou feminino, o inerte, o frio. O Mercúrio também pode designar a matéria prima, é considerado a mãe dos metais ou a água primitiva que deu origem a todos eles. Este é o Mercúrio filosófico ou Mercúrio duplo, que contém os dois princípios, Mercúrio e Enxofre.

O primeiro Mercúrio, também chamado Mercúrio comum, é conhecido como dissolvente universal.

O Mercúrio é ao mesmo tempo, o caminho e o andarilho, com a Grande Obra representando uma viagem. Estes dois princípios possuem as propriedades contrárias, e a mistura das propriedades contrárias é muito importante na Alquimia, ou seja, o dualismo Enxofre/Mercúrio de todas as coisas. O Mercúrio também é chamado de o Sal dos metais. Na realidade o Mercúrio no final da Obra adquire a tríplice qualidade.

Sal - Também conhecido por arsênio. É o meio de união das propriedades do Mercúrio e a do Enxofre com a força da interação, muitas vezes associado à energia vital que une a alma ao corpo. No ser humano o Enxofre seria o corpo físico, o Mercúrio a alma e o Sal e espírito mediador.


Em que época histórica foram mais usados os elementos alquímicos, quem os usava, e com que finalidade?

A época em que os elementos alquímicos foram mais usados foi durante a Idade Média, entre séculos V à XV.

Os alquimistas, cultores da Alquimia, formados por cientistas e filósofos usavam diversas formas para obter um antigo segredo de um caminho material, como por exemplo, a transmutação de qualquer metal em ouro. A mais antiga das ciências influenciou todas as demais. O objetivo de compreender a natureza e reproduzir seus fenômenos é para conseguir ima ascensão a um estado superior de consciência. 

Os alquimistas buscavam a Pedra Filosofal (fórmula secreta que tentaram descobrir para transmutar metais em ouro), que lhes conferia poderes como a invisibilidade, viagens astrais, curas milagrosas etc. Encontrar a Pedra Filosofal significa descobrir o segredo da existência, um estado de perfeita harmonia física, mental e espiritual, a felicidade perfeita, descobrir os processos da natureza da vida e com isso recuperar a pureza primordial do homem. O alquimista que consegue obter a Pedra Filosofal modifica a sua aura eliminando a cobiça e a avidez.

Os alquimistas relacionam à Hermes (Trimegistro*) a arte Hermética, ou ciência Hermética. Essa com grande contribuição para o desenvolvimento da química e medicina.

*Significa o três vezes grande.


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Sherazade e o Rei Chariar

Em tempos antigos dois reis árabes, irmãos, chamados a encontraram suas ambos suas respectivas esposas nos braços de robustos negros escravos. Desesperados por esta traição resolveram correr mundo para acharem um consolo e uma resposta de Alah para aquela dupla decepção. Após muito caminharem, pararam num local à beira mar. Ali tiveram a aparição de um Dijin, um gênio que lhes contou que ele tinha tanto ciúme da sua mulher que a trancava num cofre e depois atirava o cofre no mar. Buscava-o depois, dormia de novo com ela e tornava a tranca-la e joga-la ao mar repetindo isto sempre. No entanto, ela sempre arrumava um jeito de trai-lo e o fazia de forma tão descarada que de cada amante que tinha guardava um anel que ganhara e fazia dos anéis um colar que já lhe rodeava o pescoço com muitas voltas.   O rei Chariar viu na aparição do gênio e no seu relato uma resposta de Alah.  Achou que Deus estava lhe dizendo: Nenhum homem jamais pode conseguir domar uma mulher a não ser matando-a. – Então, se é assim-disse o irmão – que se faça a vontade deAlah.                                                                                                                                                                                                                    Quando chegou a casa, ele mandou cortar a cabeça da rainha e capar todos os escravos negros do palácio. Chamou depois o seu vizir e disse: quero que uma jovem virgem venha dormir no meu leito e depois que eu tenha desfrutado uma note de prazer com a jovem, que de manhã lhe cortem a cabeça Assim fez por anos, noite após noite, ate que as virgens do reino, especialmente as mais belas, como gostava, começaram a rarear.    O vizir que tinha duas filhas virgens e lindas chamadas Sherazade e Dunizade começou a temer pelo futuro delas. Contou a elas as maldades do rei Sherazade a mais velha era uma moça instruída, coisa muito rara naquela época. Vivia cercada de livros e gostava de ler lendas antigas. Sherazade pensou no que o pai lhe contava e depois disse: Alah, em sua infinita sabedoria está me fazendo ver que somente eu posso demover este rei de suas maldades. Só eu posso adoçar-lhe o coração. Eu quero ser a próxima esposa deste rei. Está louca, filha, disse apavorado o vizir. Antes eu lhe caso com o primeiro pretendente e deixarás de ser virgem.  Ela, porém retrucou: Não quero pai!   Só quero agora mudar a cabeça deste rei, mantendo a minha sobre o meu pescoço. No dia seguinte Sherazade procurou o rei e fez a oferta de si mesma. - Muito bem disse o rei encantado . Como filha de meu vizir. Terás um trato melhor, mas pela manha, já sabes; zas! Fê-lo cortando ar, frente ao pescoço dela.   Quando estava já no auge de seus preparativos para a sua noite de núpcias, entrou para banha-la e vesti-la numa saleta próxima ao quarto, a sua irmã Dunizade. Enquanto o rei esperava-a sentado no quarto, Sherazade e Dunizade. Conversavam e riam muito. Do que será que tanto riam? Perguntava-se o rei e curioso foi até a porta e apurou o ouvido para escutá-las. Sherazade (combinada com Dunizade) enquanto se banhava, contava á irmã uma estória tão hipnótica que o rei se manteve ali paralisado, ouvindo-a muito tempo até que Sherazade se interrompeu , dizendo: Não posso contar o resto porque não sei contar estórias quando não tem mais lua no céu. Atrase-me muito e nem fui ainda para a cama do rei. Mas Sherazade o havia prendido ali tantas horas que o rei, ao deitar-se pegou logo no sono. Assim, pela manhã, porque não havia ainda cumprido seus deveres conjugais, transferiu a execução de Shrerazade para a manhã seguinte.

Na próxima noite, instada insistentemente pelo rei, Sherazade terminou de contar-lhe a estória que contara á Dunisade. Porém, teve a sabedoria de rapidamente já encadeá-la á outra estória, que espichou até o novo dia raiar – Ora meu rei, disse interrompendo-se como se estivesse muito aborrecida. Veja! Já está surgindo o sol! Eu não sei contar sob a luz do dia.  -----Como é o desfecho? Insistiu o rei – Só posso lhe dizer que é muito empolgante.                                              – Está -concordou ele- deixemos então o fim para anoite que vem. Mas sabes, de manhã, zas! E apontou o pescoço dela. Mas antes de dormir perguntou: conheces muitas estórias? Oh!  Sim! É realmente uma lastima que eu não possa lhe contar todas... – Mas sua irmã, por certo conhece muitas, não? – Minha irmã não sabe ler, meu senhor, nunca leu um livro de lendas e, além disso, se expressa muito mal. Assim se repetiram as coisas na noite seguinte e nas outras 998 que somadas às duas primeiras perfizeram as famosas “Estórias das Mil e Uma Noites”, nas quais Sherazade manteve sempre vivo o interesse do rei e a sua cabeça presa ao seu pescoço. Quando as mil estórias terminaram o casal já tinha três filhos, o rei ficara mais instruído, o seu coração se adoçara, e ele não queria por nada perder uma mulher com tanta determinação e sabedoria.


terça-feira, 23 de julho de 2024

A Anatomia do Ser

  Para estudarmos a constituição do nosso ser, primeiramente precisamos nos familiarizar com os nomes que as várias partes de nossas consciências recebem.  Temos a mônada ou centelha de Deus em nós, depois o Eu superior ou Eu Real também chamado de Individualidade. E, finalmente, o nosso Eu inferior também chamado de quaternário inferior ou personalidade.

Dharma, a lei divina para cada ser.

    A mônada contém em semente, em essência, os poderes latentes de todos os nossos corpos formais e tipos de consciências, enfim contém tudo o que fomos o que somos e o que seremos. É a centelha de Deus em nós. É incognoscível, não podemos imaginá-la como é exatamente. Mesmo quando nos voltamos a ela em meditação e dizemos: Nossa mônada é luz, a estamos vendo por um prisma humano, porque a luz é para nós a coisa mais sutil, mais bela que conhecemos. Ela está no mais íntimo do nosso ser, vem de dentro para fora de nossos corpos, desde o local que chamamos de ponto central do ser, ou fogo sagrado. Sua irradiação de energia transpassa sete corpos nossos e mantém íntegra as suas estruturas.

    Em meditações a vemos em cor branca, uma vez que é a cor completa que contém todos os prismas de luz. A primeira pessoa a dar o nome de mônada à força de Deus em nós, foi Pitágoras, dentro da Escola Pitagórica.

    Quanto a nossa individualidade, o nosso Eu Real, é transpassado pela mônada e busca concretizar aquela totalidade de Deus em si, é a parte do nosso ser que está num processo evolutivo. Serve-se dos corpos inferiores, das várias personalidades que têm nas suas várias vidas como instrumentos de sua evolução.

    Então o que observamos é que enquanto os nossos corpos inferiores e suas consciências são transitórias e mortais o nosso Eu real é imortal. Todos os frutos das experiências das nossas vidas são recolhidos para o nosso Eu Real para a sua evolução. 

O corpo etérico traz a vitalidade
para o corpo físico.

    Quanto ao nosso Eu inferior, este que manifestamos neste mundo, ele é a nossa personalidade porque esta palavra se origina do vocábulo “persona” que quer dizer máscara. Entendendo que em cada uma de nossas encarnações aparecemos com aparências, emoções e sentimentos diferentes que são como máscaras que encobrem o nosso Eu real em evolução.

Chamamos este corpo inferior de quaternário, porque o dividimos em quatro consciências: física, etérica, emocional e mental. Uma consciência que reestrutura tecidos, cicatriza, gera fome a sede, outra que sente, outra que pensa.

    No seu relacionamento com o Eu real é como se este estivesse querendo tocar uma melodia e se servisse dos corpos inferiores como seus violinos, como seus instrumentos musicais Estes quatro corpos instrumentos teriam que estar cada vez mais afinados sensíveis para que a melodia do Eu real pudesse ser mais bem tocada. Então em cada uma de nossas vidas as nossas consciências inferiores vão melhorando, mas as finalidades delas é servir ao Eu Real e mostram também para nós quanto o nosso Eu Real já evoluiu.

    Annie Besant faz uma bonita metáfora para o relacionamento entre o nosso Eu Real e seus instrumentos inferiores.  Diz ela; "nossas personalidades inferiores são como folhas de uma grande árvore, Tais folhas caem e se renovam periodicamente. Mas tudo o que as folhas absorveram e assimilaram do externo, enriquece uma seiva que se refugia dentro do tronco". O tronco seria o nosso Eu Real que se abastece com a seiva das experiências recolhidas e ao mesmo tempo seria o gerador de novas folhas que irão renascer em novo ciclo de vida. Como podemos imaginar o nosso Eu real? É um ser cuja beleza vai se acentuando à medida que ele evolui. Como se daria a evolução desta beleza do nosso Eu real? 

Pela época em que fez suas primeiras manifestações neste nosso mundo colocando sobre si as quatro máscaras (capas) do quaternário inferior, aparecendo neste mundo como personalidade, o nosso Eu Real possuía um ovo áurico incolor que o rodava conhecido no ocultismo como Algóides. Porém, à medida que foi evoluindo pelas experiências materiais encarnatórias, o seu Algóide foi se colorindo de nuances luminosas. 

    O nosso Eu Real conta com três consciências e eventualmente estamos contatando uma ou outra delas. Temos a mente abstrata ou causal. Nós a usamos quando nos aprofundamos buscando o sentido, a causa dos acontecimentos que vivemos, presenciou ou nos são narrados. Quando em cima de informações apenas intelectivas que nos passa a mente inferior, nós chegamos a perceber um plano divino, quando formulamos conceitos que estão de acordo ao Dharma, as leis divinas, para nós e para a humanidade.

    Aqui temos que distinguir o trabalho da mente inferior intelectiva racional, da mente abstrata. A mente racional é apenas um instrumento coletor de informações, de conhecimentos. A mente abstrata se serve da mente intelectiva para transformar os conhecimentos em sabedoria. A mente abstrata saboreia (origem da palavra sabedoria) o conhecimento, com ele formula um conceito, um princípio, um plano divino e vai dando passos na sua evolução.

    Temos uma segunda consciência superior: a búdica. Esta contém o nosso arquétipo, isto é, contem o plano divino reservado para cada um de nós; O papel que cada um de nós tem dentro do cosmos e que o Eu Real terá que cumprir. Nenhum Eu Real pode concretizar a totalidade de sua mônada sem cumprir o papel que lhe cabe como individualidade. É o que nos faz diferentes uns dos outros. Cada um caminha em direção do cumprimento do seu papel. Quando compreendemos isto, aceitamos todas as pessoas. Aquelas pessoas que fazem as coisas com sentido de missão, conforme vimos no estudo da Arvore da Vida, elas são muito cientes de ter que cumprir um papel.

    Este nosso arquétipo é chamado pelas escolas esotéricas de ”corpo crístico”. Quando alguém cumpre muito o seu arquétipo, ele se torna um Cristo manifesto, e tal como Jesus, poderá afirmar: “ninguém vai ao Pai (a centelha) a não ser através de mim” (um Cristo que ele representa).

    A nossa terceira consciência é a nirvânica. É a consciência de repouso, de paz. Geralmente podemos encontrá-la quando nos interiorizamos em meditação. Esta consciência nos repousa das labutas, das dores, enfim das nossas atividades humanas. Tal consciência é chamada também de “O Grande Silêncio”. Porém esta tranquilidade, esta bem-aventurança, e alegria, é apenas uma ínfima parte que teremos, quando conseguirmos estar sempre expressando esta tranquilidade, no nosso Eu Real.

    Quando morremos, esta consciência nirvânica se faz muito forte, porque quer nos dar o necessário repouso para depois voltarmos a novo período de atividade. Se nós não perturbarmos um desencarnado com constantes chamamentos, a morte lhe será apenas um grande sono repousante, preparador de um retorno à vida física.


terça-feira, 11 de junho de 2024

Meditação dos Quatro Elementos

Comunguemos com o elemento Terra. Sentamos sobre o chão. Estamos apoiados sobre a fortaleza, sobre a fertilidade da nossa Mãe Natureza. As pedras nela são os ossos da nossa Mãe Terra. Sentimos que toda a nossa parte óssea desde nossos pés, pernas, braços, coluna, crânio está recebendo e unido à potência deste solo, dos minérios contidos nele. Somos parte dele. Dizemos agora: Salve ó seres dos minérios, salve anjos da natureza. Abrimos os olhos e descansamos

  Comunguemos agora com o elemento Ar. Respiramos profundamente, várias vezes, tornando-nos conscientes do ar enquanto ele flui para dentro e sai dos nossos pulmões. Ele é o sopro que nos estão dando os seres do ar. Deixemos que nossa respiração vá se incorporar à brisa do ar. Pensemos no ar ao nosso redor. Somos parte dele.  Vivemos nele. Agora digamos: Salve ó seres do ar, anjos da natureza! Abrimos os olhos e descansamos.

Comunguemos com o elemento Água.  Fechamos os olhos. Pensemos agora nas águas da natureza. As dos rios, das cachoeiras. Ouçam mentalmente o barulho das águas em sua movimentação. A mesma água está dentro de nós. Sintamos no interior do nosso corpo o sangue fluindo, correndo através de nossas veias. Digamos agora: Salve ó seres da Água, anjos da natureza!

  Comunguemos com o elemento Fogo. Fechemos nossos olhos. Sintamos o interior de nosso corpo cintilando como pequeninas luzes. Elas são a eletricidade da vida, luz, vigor, a vitalidade, o calor de nosso corpo.  Pensemos que no centro de nosso sistema solar lá está o sol a nos dar vida e calor. Nós e ele somos um só. Agora digamos: Salve ó seres do Fogo. Anjos da natureza! Abrimos os olhos e descansamos.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

Uma Negra Chamada Vitória

Negra Vitória está no mercado público. Mísera, seca, fedorenta, ruína que a vida teimava em levar até os noventa. Todas as noites por ali. Nunca encontrando um rico em seu caminho àquelas horas. Também, por que rico viria agora, como ela buscar restos pra forrar barriga, se podia escolher o que queria em dia claro? Mas tudo estava certo. Cada um como cada qual! Diversidade de sorte não a perturbava nada, principalmente hoje que para ela era uma noite diferente. Noite de realização e de entusiasmo. Noite pela qual tanto aguardava! Sentia até o coração lhe bater alegre, assanhado no peito murcho e derreado

Alterar-se com mazelas não era mesmo do feitio de negra Vitória. Miséria vira acomodação se bem organizada e a sua era. Vejam só: O seu Custódio lá da banca de carnes escondia-lhe sempre um pedaço de sebo dentro de um caixote. Ela sabia que o sebo seria seu sempre até que descansada e inerte não necessitasse dele mais.

O céu parecia mesmo a ter escolhido por afilhada, pois lá no fundo do mercado o vendeiro displicente jogava fora, nem bem podres ainda, abóboras e espinafre. Um dia até uma pera, fruta de rico, encontrara. Não. Não podia considerar sua sina de ingrata. Mas que às vezes cansava caminhar estirão tão comprido lá isso era verdade. As juntas de seu corpo rangiam todas parecendo até gemer com ela. Mas engraçado, até solidão que fustiga mesmo esta noite não fustigava.

Só achava que negras de sua classe deviam finar-se enquanto de canela jovem, senão já queriam até se igualar à gente delicada. Vejam ela: Quando o caldo do sebo misturado ao rebotalho caia-lhe nas entranhas esganadas, entranhas que esperavam o dia todo por aquela única panelada, ela sentia um bruto vômito e sujava o chão todo do barraco. Onde se viu negra acostumada a todos os tipos de mazela, com aqueles luxos de velha mimada?

Só uma coisa virava-lhe o pensamento, a perturbava: Aquele nome pretensioso posto nela: Vitória, Não que soubesse bem o significado do vocábulo. De estudo tinha apenas a tabuada que um patrão letrado lhe ensinara.  Mas sabia que o termo tinha a ver com algo que a gente podia alcançar. Se cada bebê que nasce tem o direito de chamar-se claridade, gloria e até vitória, algo dentro de si dizia que aguardasse. Tinha a certeza. Quando adquirisse o que queria com os trocados que trazia dentro do lenço encardido, todas as coisas ruins para ela desapareceriam como se tocadas por um mágico.

Dali a pouco negra Vitória já está na rua levando em suas mãos um pacote. As esperanças de negra Vitória ela traz todinhas enroladas numa única folha de jornal. Negra Vitória apressa-se, porque felicidade não pode mais esperar para acontecer. Suas pernas pareciam até aladas Mas, teve apenas um momento azarado. Tão excitada estava, que tropeça em palhas de milho em frente ao mercado e lá se vão ao chão todas as suas esperanças embrulhadas. Ela pega o pacote apalpando-o apalpando-o ansiosamente e abre depois a boca desdentada num sorriso puro, perfeito, quando o sente intacto.

Finalmente chega à frente da porta do seu barraco. Ela chama de porta as duas tabuas ruídas e cruzadas. Entra e coloca então o pacote sobre um caixote novo, evidentemente a pouco comprado. Está coberto com uma toalha alva. Aquela alvura pondo contraste chocante ante a penúria do barraco. Negra Vitória para olhando tudo extasiada. Está encantada, com o aparato que ela própria idealizara.

Tira depois do pacote uma estátua de São Jorge e pensa: Seu barraco serve agora de teto ao sagrado ao que é divino, que não é domínio de pobre, nem domínio de rico.

Ali dentro ela sente uma alegria, uma paz, um êxtase. Uma transcendência que nem o patrão letrado que lhe ensinara tabuada saberia explicar. Porém negra vitória, mísera, velha, seca, conseguiu tudo isto.


segunda-feira, 11 de março de 2024

Símbolos nos Templos Cristãos

 Visitar templos cristãos é adentrar um manancial revelador da simbologia cristã, da vivência do Cristo e do desenvolvimento dos períodos históricos em que foram edificados.

    Aquilo que nos indica um de seus templos é a cruz que encima a sua construção. Ela logo nos relembra cada homem entrando na vida terrena, crucificado na matéria para vivenciar experiências de dualidades. Tentando harmonizar opostos como alegria e tristeza, amor e ódio etc. Simbolizados nos braços verticais e horizontais da cruz.

     A Cruz – diz Fulcanelli em sua bela obra “O mistério das catedrais” – é o crisol onde até o próprio Cristo sofreu sua Paixão. É enfim uma purgação onde renovamos sentimentos e evoluímos.

Bourbon Marie, o sino da catetral
de Notre-Dame consagrado à Virgem Maria.

Muitos templos destacam-se por possuir em seu adro um cruzeiro de pedra, mormente as construções franciscanas. O conjunto religioso de capela e monastério dos monges Cartuxos, nos Alpes de Chartreuse (França) num cruzeiro à sua frente, dá à sua cruz o simbolismo da permanência da mensagem crística, pelo que traz escrito nele: “Mudam e mudam os mundos, mas a cruz permanece sempre girando em direção aos céus”.

    O Sino é outro elemento importante na torre de igrejas e capelas. Ao soar, chama os cristãos para um contato entre o transcendente e o material. Chama o homem para que ouça a voz divina, a harmonia cósmica.  Hoje, o som dos sinos se perdem entre a selva de edifícios de uma metrópole.  Porém, nas pequenas comunidades ele faz também a função de unir seus habitantes, anunciando um novo nascimento, um enlace e um rompimento de morte.

    O Galo é também um símbolo cristão já usado, porém, dentro do paganismo. Neste, anunciava com seu canto matinal, a luz de Apolo, deus solar que chegava. No Cristianismo, ele é a presença da ressurreição, da vigilância e do chamamento. Enquanto o homem dorme (também espiritualmente) o galo vigia. Depois canta três vezes para acordá-lo.

Anuncia o surgir de um novo dia, chama o homem a um despertar, uma ressurreição.

    Já possuía um significado transcendente de vigia e chamamento ao tempo de Jesus. No Evangelho de São Marcos, este diz: ”Sê vigilante, pois nunca sabeis quando o vosso mestre virá vos chamar. Se será esta tarde, no meio da noite ou na madrugada quando o galo cantar”. Sobre a torre de uma igreja cristã ele é o emblema solar do Cristo, a chamar para a supremacia da luz sobre as trevas humanas.

    Labirintos são também priorizados nos solos dos templos cristãos. São círculos concêntricos que interrompidos em certos trajetos tornam difícil encontrar aquele que conduz ao seu centro. O seu ponto central simboliza o mais íntimo de cada homem, onde este pode encontrar sua própria divindade. Percorrendo os caminhos daqueles desenhos labirínticos vivemos sensações angustiantes de nos perdermos; de frustrações por crermos que jamais chegaremos ao centro, vamos enfim vivendo emoções que nos levam à interiorizações para nos conhecermos, vencermos nossos medos, para enfim atingirmos nosso próprio âmago. Uma verdadeira Iniciação.

Labirinto da catedral de Chartres.

    O símbolo do labirinto foi também consagrado desde os tempos mitológicos gregos. Lembremos a fortaleza de Creta onde, no mito, em seu centro tentávamos matar nossas inferioridades, nossos monstros internos, simbolizados no Minotauro que Teseu por fim matou para tornar-se um herói vencedor.

    Já também o mausoléu de Augusto em Roma fora construído na forma de um labirinto, talvez aproveitando a idéia grega de que, através de um labirinto, sua alma chegasse ao estado paradisíaco de vitória.

    A um cristão, além da busca por seu próprio âmago, o labirinto significava os difíceis caminhos das peregrinações, por onde alguém queria chegar a um local sagrado, a um local considerado um ônfalo, um centro do mundo.

    Quando as Cruzadas medievais do sec. XIII impossibilitaram as peregrinações à Jerusalém, então considerada um centro sagrado para o cristão europeu, este passou a usar os labirintos desenhados no chão das catedrais, em especial aquele da catedral francesa de Chartres. Neste imenso labirinto de duzentos metros, eram feitas então viagens simbólicas à cidade santa.

    Nos altares, ali estão também as Velas com sua simbologia de luz. Elas nos lembram um tempo em que, como primitivos tribais, dançávamos em redor de um fogo para homenagear o deus que era o sol, o fogo para os tribais. Hoje, o fogo de uma vela ainda representa o próprio Deus, um deus interno no qual nos movemos e existimos e a acendemos quando, num rito, queremos contatar e reverenciar o divino.

    O pelicano com sua lenda de que ao sentir que seus filhos estão famintos, rasga o peito com o bico para alimentá-los com o seu sangue, é o símbolo do sacrifício. Nenhum símbolo - pensam os cristãos- se ajusta tanto à figura do Cristo que como salvador sacrificou-se para ajudar a humanidade. Assim, em muitos templos cristãos em pinturas e esculturas o pelicano se faz presente. Quem visitar o deslumbrante esplendor da igreja de São Francisco na Bahia verá de tanto em tanto, em meio a sua ofuscante arte barroca, imagens de vários pelicanos negros.

    O Cristo é naturalmente o ser mais glorificado em seus templos. Já na parte externa das igrejas românicas e góticas, em seus tímpanos que sobrepõem suas portas principais, Ele aparece em seu papel de mestre instrutor, onde é chamado de “Cristo Pantacrator”. O Cristo traz sempre numa das mãos um livro, símbolo da instrução e com a outra mão nos abençoa com um mudra onde tem levantados os dedos indicador e médio.  Nesta concepção, o Cristo está sempre cercado pelos 4 animais do Apocalipse: o leão, o touro, a águia e o homem, identificados aos 4 evangelistas: São Marcos ao leão, São Lucas ao touro, São João à águia e Mateus ao homem. No início do cristianismo esses animais eram identificados apenas ao Cristo. Era dito que Ele viveu como um homem morreu como um touro imolado ergueu-se do túmulo com força de um leão e ascendeu aos céus como uma águia. Posteriormente, esses animais foram identificados às qualidades dos 4 evangelistas, sendo desde então requeridos aos discípulos de linha cristã que desenvolvam além da consciência do homem, a coragem do leão, a persistência do touro e o desejo de liberdade da águia. Em outras concepções do Cristo instrutor ele está apenas cercado pelos 4 evangelistas.

 Sua genealogia como descendente de Davi é expressa também em obras de arte que são as Árvores de Jessé, este pai de Davi, sempre principia a origem genealógica do Cristo, dando a Ele a sua realidade histórica. Assim, no belíssimo Pórtico da Glória da catedral de Compostela entre 200 esculturas de granito, aparece na parte inferior Jessé dormindo. Segue-se para cima o rei Davi, grande músico, tocando harpa. Depois a Virgem e finalmente o Cristo. No retábulo de ouro da catedral espanhola de Burgos, Jessé dorme enquanto de seu corpo partem galhos com as imagens dos ancestrais do Cristo. Aparecem ali em evidência São Joaquim e santa Ana, os avós do Cristo.

Cruzes das catedrais bizantinas da Rússia.

    A transfiguração do cristo é outro motivo para retábulos de ouro. Neles, o Cristo está sempre acompanhado de seus três discípulos: Pedro, Tiago e João. Conta-se que os três representam ali as três energias que o mestre havia desenvolvido neles: Pedro a obediência, Tiago a valentia e João o amor. Acima, o Cristo está sempre glorioso, de braços erguidos como se atendesse a um chamado espiritual.

    Algo que nos chama a atenção nos templos cristãos são as Virgens Negras. Quando o Cristianismo difundiu-se pela Europa, encontrou ali uma grande devoção à mãe terra do Paganismo. Proliferavam os locais onde se adorava aquela energia que, vista como saída dos minérios do interior da terra era idealizada como uma mulher de cor negra. Sobre estes locais, a Igreja colocou depois os grandes santuários à Virgem. Na França, as famosas Notre Dames. Aproveitava-se assim a grande força votiva existente naqueles locais e o hábito de neles a Virgem ser reverenciada. Porém, mesmo hoje em criptas subterrâneas e úmidas, que na Antiguidade eram subterrâneos considerados as moradas das deusas mães, encontramos hoje as chamadas pelo Cristianismo de “Virgens Parituras, isto é, relativas a uma terra primitiva, à  matéria  ainda não fecundada”. Bons exemplos são as da cripta da igreja de Chartres, também a Virgem negra da catedral de Le Puy  e ainda aquela da cripta de São Vitor em Marselha.

Na Provença encontramos uma grande veneração a uma Virgem negra. Esta, sem ligação com a mãe terra do Paganismo. Refere-se a uma serva negra que teria chegada ali com as três Marias que teriam vindo da Palestina após a morte de Jesus para pregarem a mensagem crística na França. Tais Marias deram o nome à cidade: Stas. Maries de La Mer. A serva negra tornou-se ali a grande devoção dos ciganos locais. Sua estátua, dentro da catedral sai dali anualmente apenas para ser reverenciada em grandes festejos e procissões.

    Momentos históricos diversos produzem estilos diversos em templos. Assim, na Idade Media tivemos o estilo Românico, fechado, pesado escuro, com poucas aberturas revelando um homem medieval oprimido, sem oportunidade ou capacidade para externar-se.  Tal estilo duraria até o sec.XIII quando então seria substituído pelo Gótico.

    O século XIII surgia com mudanças, com o homem tendo oportunidade de conhecer novos povos, novas mentalidades, despertando para a sua individualidade. Abria-se para novos mercados num renascimento de indústria e comércio. Assistia a difusão do ensino secundário, a abertura até de universidades, organizava então Ligas para defender seus direitos contra senhores e reis.

    Quando no século XIII dá-se o apogeu da literatura medieval, o homem passa a ver Deus como manifestação, abertura. Então, no estilo Gótico, o homem levanta os olhos para o alto, para as inúmeras torres pontiagudas das catedrais. A nova indústria de vitrais coloridos enfeitam as muitas janelas e rosetões das Góticas para deixar passar a luz. Deus é enfim Luz. Assim, temos entre inúmeros exemplos o templo gótico de Leon na Espanha que conta com 125 janelas de vitrais.  Um verdadeiro esplendor.

 “A palavra “Gótico” é explicada de duas maneiras: “Historiadores dizem ser um termo pejorativo que os arquitetos medievais deram ao novo estilo expandido na França,  termo originado de” Godos “, bárbaros franceses, visto então como um estilo de primitivos. Já os ocultistas medievais e também os atuais, explicam que o termo ”Gótico“ seria uma deformação linguística da palavra” argótico”. O argótico seria uma arte mágica. Ela define uma linguagem pela qual indivíduos comunicam seus pensamentos por símbolos, sem serem compreendidos pela maioria daqueles que os rodeiam. É enfim uma cabala simbólica. Hoje o ocultista diz de um homem astuto: Ele sabe tudo, entende o argótico. (Fulcanelli, El mistério de las catedrales, pág. 62).

    Muitos iniciados perseguidos como foi o caso dos Gnósticos e Cavaleiros Templários, estes financiadores dos templos góticos, junto aos maçons arquitetos, colocaram neles seus conhecimentos esotéricos através de simbologias que  apenas poucos entendiam.

   Temos como exemplo a estátua de um velho chamado “O Alquimista”, nas partes altas da Notre-Dame de Paris. Sua figura meditativa traz sobre a cabeça um gorro. Tal gorro é um sinal distintivo dos grandes Iniciados.  Foram usados também como talismã protetor pelos “sans culottes”, revolucionários franceses. Só poucos vêm nele a figura de um discípulo do caminho iniciatório. È ainda Fulcanelli na mesma obra já citada acima quem nos relata.

    Os templos medievais invariavelmente têm o seu altar-mor no Oriente, onde nasce o sol, de forma que os fieis ao entrarem neles façam frente à Palestina, onde nasceu o Cristo. Por esta disposição o grande rozetão da fachada principal é iluminado pelo sol poente, de maneira que o fiel que adentra aquelas catedrais  saiam das trevas indo em direção à luz, ao próprio Cristo, fazendo junto ao sol um renascimento.


domingo, 11 de fevereiro de 2024

Sobre o Bramanismo (O Moderno Hinduísmo)

 Temos no Bramanismo a única religião sem fundador. Pela mesma época da civilização egípcia, lá por uns 5 mil anos atrás, vivia no vale na índia do rio hindu ,na Índia, uma civilização chamada Draviniana. Ali se encontra um dos sítios arqueológicos mais antigos: o Mohenjo Daro. Era uma civilização de pele escura. Foram invadidos por um grupo de Arianos conduzidos pelo Avatar Rama. Vinham da Europa (provavelmente dos Balcãs) eram então os arianos indo-europeus. Misturando-se aos dravinianos, emprestaram aos indianos aquela cor azeitonada, bonita, que têm. Os arianos chegados eram um povo guerreiro, ativo, de civilização mais adiantada.

  A região do rio Hindo era fértil e o povo otimista, alegre, sua filosofia religiosa nada tinha de determinismo, do pessimismo, das figuras macilentas e esquálidas dos yogas bramânicos que vêm depois. Os trabalhos arqueológicos nos dizem que não eram tribais, mas que os arianos edificaram ali boas cidades. Sua língua era o sânscrito.

  Pela vinda dos arianos surge ali a maior epopeia já escrita: Os Vedas. Até hoje o livro sagrado por excelência do Bramanismo. Os Vedas é tão grande quanto a Ilíada e a Odisseia juntas. Tem 20.000 versos duplos. Esta obra surge no ano 1000 A.C.

  Os bramânicos eram e ainda são politeístas. Todas as tentativas de levar os indianos ao monoteísmo tem sido infrutíferas. Eles têm centenas de deuses. Os deuses mais adorados do período védico eram Indra (deus dos raios e trovões), Agny (deus do fogo), Soma (deus da bebida sagrada) Varuna( deus da ética, do bem e do mal) e Ushas (deusa da madrugada). Em homenagem à Ushas são os mais belos versos dos Vedas.

  Três teorias tentam explicar o porquê das características que entram depois  na visão religiosa bramânica: O fatalismo, a negação à vida material e o determinismo cármico. 1º: a mudança deste grupo para virem habitar as margens do rio Ganges, uma região árida, onde a sobrevivência tornou-se muito difícil. 2°: o poder dos sacerdotes que eram os entendidos das fórmulas mágicas, que eram necessários para pedir aos deuses melhores condições de vida. 3º: ´É uma resistência dos Arianos de se misturarem com as classes mais baixas, de pele escura dos dravinianos a quem tinham dominado e tornado seus servos.

  Nasce neste período, após o Védico, o sistema de castas, uma palavra sânscrita que quer dizer: cor. Ficaram assim divididos: Brâmanes (os sacerdotes), Xatrias (os guerreiros), Vaisias (os artífices), Sudras (Servos), e Parias (Intocáveis).

  O rigor dos sacerdotes bramânicos era tanto que os Vedas, seu livro sagrado, só era acessível às três primeiras classes. Se um servo ou um pária ouvisse um trecho dos Vedas lhe era derramado azeite quente em seu ouvido. O determinismo cármico, por sua vez, prendia e prende até hoje o pária à sua condição. Se você nasce pária, assim quis o destino, deverá permanecer pária.

  A casta é diferente da nossa classe social. Nesta, você pode nascer de uma classe humilde e ascender à outra condição social. A casta lhe recusa  esta chance. Até hoje ninguém bebe na mesma taça de um pária nem passa pela sua sombra sob o perigo de ficar impuro.

   Surgiu também após o período védico a doutrina da transmigração das almas ou metempsicose, ligada a um carma determinista. Na transmigração, um homem pode retornar em outras formas de vida. Pode voltar como uma minhoca, uma aranha, uma formiga, etc.

  Muitos modernos Hinduístas (substitutos dos brâmanes) não aceitam a transmigração e falam em reencarnações onde um homem retorna apenas como homem. Esta é a maneira que nós ocidentais adeptos da teoria da evolução vermos a única maneira de um homem retornar.

  A lei da reencarnação está ligada à lei do carma e é o carma que acorrenta o homem à roda da vida. Se um brâmane da casta mais beneficiada comete muitos erros nesta vida pode tornar como um intocável.  O fatalismo, a negação à vida do tempo pós-védico ainda é encontrado no Hinduísmo moderno. Lembremos que é uma religião onde encontramos os conceitos filosóficos mais profundos e encontramos também as práticas rituais mais abomináveis, as superstições mais primitivas, flagelos horríveis. Os sacrifícios sangrentos, flagelos, vieram a ser abolidos quando surgiram as três grandes reações ao elitismo bramânico : O Teísmo, o Budismo e o Jainismo.

  No Teísmo, Brahma aparece com três qualidades: O Deus criador, o preservador e o destruidor. È a trindade bramânica: Brahma, Vishinu e Shiva. No desenvolvimento teísta o homem atinge a perfeição através da devoção, da Backti. Surgem os Avatares de Vishnu. Vishnu tem 10 Avatares. Um deles é Rama, o condutor do povo ariano e outro é Krishna. Quanto ao Budismo é a grande religião do conhecimento, da obediência a princípios divinos.

    Outra reação foi o Jainismo A doutrina da não violência, a doutrina adotada por Gandhi. Com ela, Gandhi provou vencer uma nação pela não violência.

  Do Bramanismo antigo vieram as grandes filosofias da Yoga (Karma, Raja, Ynana, Bakty e Vedanta). A Hatha é a preparação física. A Raja é a do controle mental, A Ynana a da sabedoria, A Karma a da ação, A Bakty a da devoção . Na Vedanta não existe a existência individual, um ser individual. O que existe é apenas o Todo. A frase que expressa este pensamento é “Tu és Isto”.

   A cosmovisão de todas as filosofias bramânicas é cíclica. Na teoria dos ciclos cósmicos passamos por 4 idades ou 4 yugas (Idade de ouro, idade de prata, idade de bronze, Idade de ferro.) Esta última é chamada de Kali Yuga, o ciclo em que agora estamos, que é uma idade sombria, de sofrimentos. Porém, depois virá novamente a Idade de Ouro.

   A matéria é muito estudada em suas qualidades de Satwa, Rajas e Tamas.  Do Bramanismo nos vem também os quatro estágios da vida de um homem: Estudante, pai de família, eremita e asceta.

  Nós, ocidentais, estranhamos que um homem largue a família para fazer seu preparo espiritual, para um indiano hinduísta isto é perfeitamente normal. O Eremita geralmente vai em busca de um mestre . O asceta é aquele que renunciou ao mundo. O ascetismo é considerado o mais elevado ideal da vida religiosa.

  Os livros sagrados do bramanismo são; os Vedas- os Brâmanes- Aranyaka - Upanishadas. As obras épicas são: O Ramayana (a história de Rama) e o Bagavagitã (A canção do Senhor), que faz parte do Mahabarata onde é contada a história de Krishna.

  A energia feminina é muito importante no Bramanismo. A mãe de todos os deuses é Adite.  Todos os deuses têm a sua consorte: as Shaktis. A esposa de Rama é Sita, de Vishnu é Lakshmi, de Shiva é Kali , de Krishna é Radha.

  Sua cidade sagrada é Benares, hoje chamada Varanasi, as margens do rio Ganges.

A característica principal do Hinduísmo é a tolerância, a convivência pacífica com as muitas seitas, filosofias e deuses que existem na Índia.


domingo, 28 de janeiro de 2024

Ritual ao País

Oração da unidade. Ó grande força do altíssimo, perante o altar da tua divindade viemos trazer-te as melhores oferendas da nossa devoção Que tudo quanto aqui dissermos, sentirmos, e pensarmos sejam apenas para engrandecer o Teu nome dar maior beleza e dignidade às Tuas criaturas. Estai em nossos pensamentos e sabeis: Queremos hoje obter as Tuas energias santificadas para este país que pelos homens recebeu o nome de Brasil. Esteja conosco o’ Altíssimo neste trabalho.

Catedral Metropolitana de Brasília.

   Consagramos agora estas chamas, representativas das cores de nosso pais a vós veladores silenciosos, guardiões de seu plano divino

   Veladores dos planos brasileiros, nós vos pedimos; Enquanto a cera impura destas velas vai se derretendo ao calor deste fogo, assim sejam também derretidas as energias mal usadas pela coletividade brasileira quando sobre ela brilhar a luz de seu fogo sagrado.

   Fixemos agora a atenção nesta estampa da representação da catedral de Brasília (Pausa grande). Fechemos agora os olhos e levemos a nossa consciência até esta igreja que brilha, pintada de branco sobre um gramado verde. O céu sobre ela é de um azul forte e a cruz que a encima e de um refulgente metal dourado. Verde amarelo azul e branco , as cores da pátria Brasil. Que esta catedral seja ali um foco de luz a irradiar-se por toda a cidade de Brasília. Deixemos a alquimia divina destas cores ,processando-se e vamos levantar os nossos braços em forma de taça. Todos nós somos um graal recebedor. Agora vejamos penetrar em nossa taça a luz verde da verdade. Vemos entrar agora nela a luz dourada do discernimento. Agora vemos ainda entrar em nossa taça a luz azul de um poder santificado. Agora vemos ainda entrar em nossa taça a luz branca cristalina da pureza de propósito.

   Abaixemos então os nossos braços Num oferenda de nosso grupo, pedimos que o conteúdo de nossas taças seja derramado sobre a cidade de Brasília, sede e coração administrativo de nosso país.

   Votemos a nossa consciência à nossa sala para fazermos juntos a forma pensamento da pomba da paz em benefício do povo brasileiro.

   Abram os olhos e vejam o mapa do Brasil. Vamos imaginar uma pomba branca pousada sobre o altar Ela traz no bico ramos de oliveira. Ela será uma forma pensamento e assim não existem obstáculos físicos a ela. Impulsionada por nossa vontade, ela irá levantar vôo e percorrer com a velocidade das ondas do pensamento, os estados brasileiros, largando neles os ramos de oliveiras símbolo da paz e volta aqui ao altar. Vamos então segui-la mentalmente lembrando o mapa brasileiro.

   Visualizamos uma pomba branca sobre o altar. Ela traz em seu bico ramos de oliveira. Agora ela sai voando passa agora sobre o Rio Grande do Sul larga um ramo. Sobre Santa Catarina larga um ramo. Está agora sobre o Paraná deixa um ramo. Sobrevoa São Paulo,Rio de janeiro, Minas gerais Espírito Santo, Bahia e segue para o norte sempre largando em cada uma o seu ramo. Sobrevoa Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, RG.do Norte. Sobrevoa agora Ceará, Piauí , Maranhão Pará. Após largar seus ramos nestes estados a pomba está sobre Amapá ,Roraima e sobrevoa Amazonas. Larga ramos. Desce agora em retorno passando pelo Acre, Rondônia, Mato Grosso do Norte, depois Mato Grosso do Sul ,Tocantins e finalmente está sobre Goiás larga um ramo e rapidamente retorna ao RG do Sul e pousa sobre o nosso altar.

   Agradecemos esta forma pensamento criada pelo Maha Choan, que usamos em favor de energias de paz que venham abençoar o nosso país.