Em tempos antigos dois reis árabes, irmãos, chamados a encontraram suas ambos suas respectivas esposas nos braços de robustos negros escravos. Desesperados por esta traição resolveram correr mundo para acharem um consolo e uma resposta de Alah para aquela dupla decepção. Após muito caminharem, pararam num local à beira mar. Ali tiveram a aparição de um Dijin, um gênio que lhes contou que ele tinha tanto ciúme da sua mulher que a trancava num cofre e depois atirava o cofre no mar. Buscava-o depois, dormia de novo com ela e tornava a tranca-la e joga-la ao mar repetindo isto sempre. No entanto, ela sempre arrumava um jeito de trai-lo e o fazia de forma tão descarada que de cada amante que tinha guardava um anel que ganhara e fazia dos anéis um colar que já lhe rodeava o pescoço com muitas voltas. O rei Chariar viu na aparição do gênio e no seu relato uma resposta de Alah. Achou que Deus estava lhe dizendo: Nenhum homem jamais pode conseguir domar uma mulher a não ser matando-a. – Então, se é assim-disse o irmão – que se faça a vontade deAlah. Quando chegou a casa, ele mandou cortar a cabeça da rainha e capar todos os escravos negros do palácio. Chamou depois o seu vizir e disse: quero que uma jovem virgem venha dormir no meu leito e depois que eu tenha desfrutado uma note de prazer com a jovem, que de manhã lhe cortem a cabeça Assim fez por anos, noite após noite, ate que as virgens do reino, especialmente as mais belas, como gostava, começaram a rarear. O vizir que tinha duas filhas virgens e lindas chamadas Sherazade e Dunizade começou a temer pelo futuro delas. Contou a elas as maldades do rei Sherazade a mais velha era uma moça instruída, coisa muito rara naquela época. Vivia cercada de livros e gostava de ler lendas antigas. Sherazade pensou no que o pai lhe contava e depois disse: Alah, em sua infinita sabedoria está me fazendo ver que somente eu posso demover este rei de suas maldades. Só eu posso adoçar-lhe o coração. Eu quero ser a próxima esposa deste rei. Está louca, filha, disse apavorado o vizir. Antes eu lhe caso com o primeiro pretendente e deixarás de ser virgem. Ela, porém retrucou: Não quero pai! Só quero agora mudar a cabeça deste rei, mantendo a minha sobre o meu pescoço. No dia seguinte Sherazade procurou o rei e fez a oferta de si mesma. - Muito bem disse o rei encantado . Como filha de meu vizir. Terás um trato melhor, mas pela manha, já sabes; zas! Fê-lo cortando ar, frente ao pescoço dela. Quando estava já no auge de seus preparativos para a sua noite de núpcias, entrou para banha-la e vesti-la numa saleta próxima ao quarto, a sua irmã Dunizade. Enquanto o rei esperava-a sentado no quarto, Sherazade e Dunizade. Conversavam e riam muito. Do que será que tanto riam? Perguntava-se o rei e curioso foi até a porta e apurou o ouvido para escutá-las. Sherazade (combinada com Dunizade) enquanto se banhava, contava á irmã uma estória tão hipnótica que o rei se manteve ali paralisado, ouvindo-a muito tempo até que Sherazade se interrompeu , dizendo: Não posso contar o resto porque não sei contar estórias quando não tem mais lua no céu. Atrase-me muito e nem fui ainda para a cama do rei. Mas Sherazade o havia prendido ali tantas horas que o rei, ao deitar-se pegou logo no sono. Assim, pela manhã, porque não havia ainda cumprido seus deveres conjugais, transferiu a execução de Shrerazade para a manhã seguinte.
Na próxima noite, instada insistentemente pelo rei, Sherazade terminou de contar-lhe a estória que contara á Dunisade. Porém, teve a sabedoria de rapidamente já encadeá-la á outra estória, que espichou até o novo dia raiar – Ora meu rei, disse interrompendo-se como se estivesse muito aborrecida. Veja! Já está surgindo o sol! Eu não sei contar sob a luz do dia. -----Como é o desfecho? Insistiu o rei – Só posso lhe dizer que é muito empolgante. – Está -concordou ele- deixemos então o fim para anoite que vem. Mas sabes, de manhã, zas! E apontou o pescoço dela. Mas antes de dormir perguntou: conheces muitas estórias? Oh! Sim! É realmente uma lastima que eu não possa lhe contar todas... – Mas sua irmã, por certo conhece muitas, não? – Minha irmã não sabe ler, meu senhor, nunca leu um livro de lendas e, além disso, se expressa muito mal. Assim se repetiram as coisas na noite seguinte e nas outras 998 que somadas às duas primeiras perfizeram as famosas “Estórias das Mil e Uma Noites”, nas quais Sherazade manteve sempre vivo o interesse do rei e a sua cabeça presa ao seu pescoço. Quando as mil estórias terminaram o casal já tinha três filhos, o rei ficara mais instruído, o seu coração se adoçara, e ele não queria por nada perder uma mulher com tanta determinação e sabedoria.
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