Orfeu acalma Cérbero com sua Lira. |
Orfeu é no mito o próprio homem,
descendente do divino e que traz em si o dom da arte. Ele era apaixonado por
Eurídice, e estava sempre a procura-la porque seu maior desejo era possui-la e
jamais se separar dela. Eurídice representa a própria luz interna do homem, a
sua alma. O amor verdadeiro a se realizar.
Entre as suas atividades mundanas ele
sempre a busca porque não quer se separar do seu interior, de sua própria alma.
Porém, Orfeu traz em si algo negativo que sempre o faz perdê-la. Não sabe que
algo negativo é este. Por que –pensa ele- toda vez que está quase a possui-la a
perde? Chegou a marcar um casamento com ela, mas no dia do casamento Eurídice
foi passear num bosque e foi mordida por uma serpente e morreu. A serpente é o
símbolo do mal, no caso o mal que Orfeu não conseguia vencer.
Morta, Eurídice vai para o mundo de
Plutão. Para o espiritualista, o reino de Plutão representa o âmago mais
profundo do nosso ser, no mito o âmago do próprio Orfeu. É lá que Eurídice vai
se refugiar, sempre na esperança de que ele saia a busca-la.
Orfeu começa então uma desesperada procura
para ir ao seu encontro. Passa por atalhos sombrios, e depois pagos um preço
muito alto para o barqueiro Caronte, condutor de um barco que vai por águas
revoltas de um rio, até reino de Plutão (o âmago de Orfeu).
Esses esforços de Orfeu representam
aqueles que fazemos para encontrar nossa luz interna, a nossa Eurídice. Os atalhos são aqueles nos quais nos
desviamos antes de encontra-la. As águas revoltas do rio são as ansiedades que
colocamos em cima de algo que desejamos, e que nos dificulta consegui-las.
Hades permite a saída de Eurídice do reino dos mortos. |
Chegando ao reino de Plutão, Orfeu
encontra o cão Cérbero. O cão tem três
cabeças. As três cabeças simbolizando os nossos três corpos inferiores, nossos
instintos, emoções e pensamentos. Orfeu precisa vencer estas três cabeças, para
entrar na posse de Eurídice, o amor. Porém, ele possuía um recurso, a sua arte.
Já
tinha desenvolvido este dom e sempre que cantava levava alegria às pessoas. Ele
irá ajuda-lo. Frente a Cérbero, pega a
sua lira e passa a cantar. O cão foi se acalmando, acalmando, até adormecer.
Aqui o mito nos fala no valor da arte para os corpos inferiores do homem.
Finalmente Orfeu encontra Eurídice. O deus
Plutão, contudo, lhe impõe uma condição para leva-la para sempre. Propôs-lhe: Passariam o rio, ele indo num
barco à frente e ela num noutro barco seguindo-o. Ele não deveria olhar para
traz, se isso acontecesse ele a perderia de novo. Assim fizeram. Porem, quando estavam à meio
do percurso de volta a terra dos vivos ,a ansiedade, a descrença tomou conta de
Orfeu. Pensava: Será que o deus Plutão está mesmo me entregando Eurídice? Será
que é possível eu possuir a minha alma, o amor? Posso realmente confiar nos
deuses?
Ficou tão ansioso que não se conteve. Olhou
par traz. Quando virou-se, Eurídice, que já estava se materializando num corpo
denso, começou a desintegrar-se e foi pouco a pouco desaparecendo. Orfeu de
novo a perdeu.
O que o mito nos diz? Qual era o grande
erro de Orfeu que sempre o fazia perder sua alma? Era a falta de Fé. O mito
então nos afirma que jamais contataremos nosso âmago mais íntimo a nossa
própria alma, se não tivermos Fé, se não acreditarmos nas coisas divinas
representadas pelos deuses.
Desde este dia, o canto de Orfeu se tornou
triste, até que Eurídice lhe apareceu num sonho e lhe disse que ela continuava
no reino de Plutão, mas que desejava se mostrar a ele num cone de luz. Mas,
isso só se daria se ele se dedicasse a mostrar a luz divina à Grécia. É então quando Orfeu vai tornar-se um grande
iniciador, vai criar a primeira grande Escola de Iniciação Espiritual, o
Orfismo. Recebeu nela o nome de Orfeu, que significa “O que cura pela luz”. Ele
restaura na Grécia o templo de Apolo, o senhor do sol, da luz, da arte.
Com o seu canto, Orfeu apaixonou mulheres na
Trácia, mulheres muito sensuais, mas ele que vencera já os seus instintos e
continuava apaixonado apenas por Eurídice, o verdadeiro amor, as recusou.
Raivosas, elas então o mataram esquartejando-o. Atiraram o seu corpo num rio.
Logo
depois, contudo, a região se viu assolada por uma grande peste. Consultado o
oráculo, este disse que ela só seria extinta se procurassem a cabeça de Orfeu,
que era a sede de seus pensamentos tão espirituais e lhe dessem um sepultamento
digno, com honras.
Quando a encontraram, num milagre, ela
permanecia intacta e cantava: Eurídice! Eurídice! Nossa alma, Eurídice, pelo trabalho realizado
por Orfeu, contata sempre com ele dentro de um cone de luz, como lhe prometera.
Na Grécia antiga era dito que nas festas do
equinócio da primavera , nos santuários das escolas de Orfismo, as liras do
templo tocavam sozinhas. O mito de Orfeu e Eurídice inspirou, na Idade Média, o
romance de Dante e Beatriz.
Ah Lelete, que bonito! Eu queria tanto ter essa Fé a que te move e ilumina...
ResponderExcluirQue lindeza vó lelete!
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ResponderExcluirLindíssima e profunda abordagem da professora Hellyette Malta Rossi!
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