Apolônio de
Tiana
Célebre iniciado, filósofo e professor neo
pitagórico nascido na Capadócia no ano dois antes de Cristo, morto em Éfeso,
quando a cidade de Tiana era integrante do Império Romano. Foi iniciado no
templo de Esculápio, onde além da medicina, se dedicou às doutrinas
pitagóricas, tendo adotado então o ascetismo como hábito de vida. Alimentava-se
apenas de frutas e legumes, andava descalço.
Manteve então um juramento de fazer
silêncio durante cinco anos. Depois desta ascese, partiu da Grécia, visitou a
Babilônia e a Índia absorvendo o misticismo oriental dos Brâmanes. Lá, foi
recebido e participava em seus cultos já como um grande sábio. Sua vida é
repleta de milagres descritos por seu discípulo mais importante, Damis. Previa
o futuro, curava enfermos.
Quando ainda em Éfeso, previu e acertou na
vinda de uma grande epidemia de peste que assolaria a cidade, o que lhe
aumentou muito o prestígio. Viajou pela Espanha e Itália, tendo nesta restituído
a vida do filho de um senador romano. Faleceu com 100 anos numa vida de muita
compaixão. Afirmava sempre aos políticos: Se você deseja governar, abstenha-se
do sangue dos inocentes! Seja misericordioso!
Sua fama continuou grande até aproximadamente
272 D.c. Muitos comparam a sua personalidade à de Jesus. Sua mensagem não teve,
porém a mesma sorte do Cristianismo, pois este, no quarto século depois de
Cristo, conseguiu que Constantino, imperador do império Romano, o tornasse a
religião oficial do Estado, criando assim o alicerce de onde cresceria o
grandioso movimento do Cristianismo, magnífica religião atual.
A única grande obra que temos sobre
Apolônio, nos veio do famoso escritor ateniense Flavio Filóstrato. Um escrito
romanceado intitulado “A vida de Apolônio”. Nela, Filóstrato afirma que, assim como
Jesus, Apolônio também nasceu de uma virgem.
O Espiritismo o vê como um dos grandes
exemplos de Médium dos tempos antigos. Num episódio, um governador seria
linchado em meio a uma grande feira, por uma multidão enfurecida, acusado de um
crime que não cometera. Apolônio (então em período de silêncio) apenas ergueu
os braços e a sua figura de asceta e a majestade de seu porte tranquilizou o
povo e salvou o governador. O Espiritismo atribuiu seus muitos milagres a uma
poderosa mediunidade. A doutrina de Apolônio seguiu sempre os pensamentos
doutrinários de Pitágoras. Foi ele um de seus maiores difusores.
Pitágoras
Nasceu em Samos na Ásia Menor (então chamada
de Grécia Asiática). Sua mãe foi ao templo de Delfos fazer a costumeira
consulta aos nascituros pela Pitonisa. A Pítia, sentada num banquinho sobre uma
fenda aberta no chão de uma caverna, aspirava os vapores de folhas de louro
queimadas, entrava em transes dos quais lhes vinham as respostas. Eram então
chamadas de “Sacerdotisas de Apolo”, pois segundo a crença geral, era este deus
que as inspirava.
Na consulta da mãe de Pitágoras, lhe foi
dito que seu filho seria útil para todos os homens em todos os tempos. Como
rapaz, foi estudar no famoso templo de Mênfis no Egito e ali iniciou-se durante
longos vinte e dois anos. Passou pelos medos e êxtases das iniciações de Isis,
depois fez a iniciação da catalepsia (morte aparente) e a ressurreição
ofuscante de Ozires. Dedicou-se ao principal culto egípcio, aquele do sol em
Heliópolis.
Quando Cambises, rei persa, invadiu o Egito,
saqueou os templos de Mênfis e Tebas e destruiu o de Amon em Carnac. Pitágoras
assistiu ainda o faraó Psamético ser arrastado a ferros e foi ele próprio
exilado para a Babilônia. Lá, Pitágoras encontrou uma babel de línguas e três
grandes religiões: A dos antigos Caldeus, o magismo dos Persas e o Judaísmo dos
sobreviventes do cativeiro judeu na Babilônia.
Isto lhe proporcionou um imenso campo de
sabedoria e observações que se somaram àquelas já assimiladas no Egito.
Após doze anos cativo ali, conseguiu voltar
à Grécia, terra que sempre fora abençoada por abrigar o santuário de júpiter em
Olímpia e o de Ceres em Elêusis durante os tempos homéricos. Principalmente
voltava após trinta e quatro anos, ao local que tanto amava: o sagrado templo
dórico de Apolo. Ali, o templo era belíssimo, porque sendo visitado por toda a
Grécia, recebia oferendas muito ricas como aquelas estátuas de ouro puro que
faziam fileiras em sua alameda.
Chegando, reabilitou as reuniões das
assembleias dos idosos (Anfictiões), que ali existiam desde o tempo de Orfeu,
mas já estavam, porém em decadência. Fez ressurgir o templo ao seu antigo
prestígio com suas maravilhosas instruções e palestras. Após ter instruído
sacerdotes, dedicou-se a preparação de sua mais capacitada discípula, Teocléa,
em sua doutrina esotérica e idealista. Deixou-a depois encarregada da
continuidade de seu trabalho e foi para a Itália, para a cidade de Crotona.
Em Crotona, mostrou a sua fascinante
personalidade. Chegou pelo fascínio com que pregava ser chamado pelas mulheres
de “Júpiter” e pelos homens de “O Apolo Hiperbóreo”.
Sua sedução era tão forte que o Senado de
Crotona o convocou para explicar e justificar os meios magos que ele usava para
atrair tanto o espírito das pessoas.
Criou em Crotona uma Ordem, com uma sessão
para mulheres onde lhes proporcionava uma iniciação paralela à dos homens. Em
pouco tempo erguia-se na cidade um edifício com jardins. Os crotonenses
chamavam o edifício, pelo seu trabalho com mulheres, de “templo das Musas”.
O
instituto pitagórico ficou conhecido principalmente pelas suas simbologias da
matemática do universo e da “música de suas esferas”. Ensinava artes, espiritualidade,
filosofia e cosmogonia. Suas iniciações constituíam-se em 4 degraus: Preparação
(0 noviciado); Purificação (os números, teogonia); Perfeição (evolução da
alma); Epifânia (a mulher iniciada, o adepto, o casamento).
Aos sessenta anos Pitágoras casou-se com uma
discípula: Teana. Com ela teve três filhos e após a sua morte aos noventa e
poucos anos Teana foi o centro do que sobreviveu da Ordem pitagórica.
A Ordem sucumbiu à cólera e a inveja de uma
cidade inimiga: Sibaris. Aconteceu que
quinhentos exilados, fugindo aos horrores em que viviam,
pediram
refúgio aos crotonenses. Estes os receberam. Quando o governo de Sibaris exigiu
a extradição dos refugiados, Crotona com receio de represálias ia manda-lo de
volta, mas Pitágoras, homem de extrema bondade, influenciou os de Crotona para
não devolver para os horrores aqueles pobres refugiados. Sibaris então mandou
um exército para cercar o Instituto pitagórico e incendiá-lo. Pitágoras morreu
queimado junto a mais 38 iniciados que ali estavam. Apenas dois escaparam. Há,
porém versões que dizem ter Pitágoras se salvado e existem cidades que durante
um tempo disputavam ser proprietários de suas cinzas.
A Ordem depois se dispersou e as sementes de
espiritualidade deixadas por este magnífico mestre espalhou-se muito na Grécia
e na Sicília. O trabalho durou ainda uns 250 anos e suas ideias ainda vivem
hoje. A principal obra antiga que temos de Pitágoras foi: “Timeu” de Platão.
Krishna, o Verbo Divino
Principal figura do Hinduísmo, é o oitavo
Avatar de Vishnu (o deus preservador da Trindade Hindu). Nasceu em 3228 A.c. Há
mais de 5000 anos, em Mathura, norte da Índia. Nasceu sem ser fruto de união
sexual, mas por uma mentalização feita pelo marido de sua mãe, Devaki, sobre o
ventre dela.
Já rapaz, tem profundo amor ao sábio Vasixta
e quando este morre se recolhe durante sete anos apenas meditando e sai depois
a pregar. Entre os seus muitos jovens ouvintes encontraria o seu maior
discípulo: Arjuna. Este era um príncipe que teve o seu trono perdido, usurpado
por seus parentes os Kurus. Arjuna era agora da tribo dos Pandavas mas também descendente
do rei Kuru. Porem, não tem força suficiente para lutar pela reconquista de sua
tradição familiar, do trono que perdera.
Este será o enredo da belíssima epopeia
guerreira do Bhagavad Gita (A Canção do Senhor), parte da antiga obra hindu, o
Mahabharata. Ali aparecerá a personalidade divina de Krishna, os seus
magníficos ensinamentos à Arjuna.
Muitos não entendem ao lê-lo, porque
Krishna, a suprema bondade, manda que Arjuna mate os seus parentes. Porém,
luminares como Mahatma Gandhi e Rabindranath Tagore interpretam o Bhagavad Gita
em seu sentido simbólico. Compreenderam que Arjuna é o Eu humano cujo reino da
felicidade foi tirado pelo Ego e que este não tem força para reavê-lo. Seus
parentes representam o orgulho, o desrespeito, a maldade, a traição. Enfim,
todos os males de sua consciência que Arjuna tem que vencer. Krishna chama a
atenção de seu discípulo para que ele faça sua autorrealização. Através de
belos diálogos da epopeia lhe aconselha a não deixar que lhe tirem os seus
poderes divinos.
Só compreendemos o Bhagavad Gita, a luta
entre Kurus e Pandavas quando entramos em seu sentido simbólico, nos lembrando
sempre que os povos antigos tinham como hábito usar alegorias, parábolas e
símbolos para expressarem as suas Verdades .
Krishna, rapaz, era um sedutor tocador de
flauta que apaixonava todas as pastoras. Porém Krishna é o amor impessoal que
ama igualmente todas as pastoras e todos os seres. As pastoras tem que ter por
ele o amor devocional por um ser superior, para com um Avatar, amor que é
chamado no Hinduísmo de Bhakti. Hoje, organizações espiritualistas promovem o
desenvolvimento de seus adeptos através apenas da devoção, da Bhakti, usando
como um dos recursos a Bhakti Yoga. Existem muitas imagens de Krishna entre as
pastoras e em companhia de vacas, o seu animal predileto, muito sagrado então
na Índia.
Krishna apaixona principalmente a pastora
Rhada e a poesia indiana fala muito nesta relação muito estreita entre os dois.
Também este amor é estudado alegoricamente como o simbolismo do par feminino e
masculino existente em cada Ser, que em Krishna já atingiu uma complementação
harmoniosamente perfeita.
A doutrina de Krishna ensina que o homem
vive uma estrutura tríplice: Satwa, Radja e Tamas. Se alcançou a total
sabedoria ou um estado de deslumbramento entrou em Satwa. Se está ainda
indeciso passando de um conceito a outro, da matéria à espiritualidade vive o
círculo vicioso de Radja. Se abandonou-se completamente aos seus instintos está
em Tamas, a ignorância total. Porém, dizia que a consciência da Unidade é o que
supera tudo, até mesmo a sabedoria.
Segundo as escrituras, a morte de Krishna se
deu em 3102 a.C. e marca o fim da” Idade de bronze”, o Divapara Yuga e iniciou
a “Idade do ferro”, o Kali Yuga , a 4° e última de um Kalpa (ciclo evolutivo)
que dará início a uma nova “Idade de Ouro”. O Kali é a idade das trevas, da
degradação, esta em que estamos.
Tal como afirmou Krishna para seu discípulo
Arjuna no Bhagavad Gita, todas as vezes que o homem decai, entra em necessidade
espiritual, Ele, como o Avatar da preservação das leis perfeitas de
Brahma, toma forma humana para vir auxilia-lo.
Em 1966 foi fundado em Nova York o movimento
do Hare Krishna que possui hoje uma quantidade imensa de seguidores no
Ocidente, identificados pelo mantra, que emitem cantando repetidamente. Tal
Movimento está baseado no Hare Krishna
das escrituras védicas dos tempos arcaicos da Índia.