A
simbologia da Trindade é uma das primeiras tentativas de entender a
estruturação da natureza, do homem e do universo. Assim, vemos no antigo Egito
o culto de Osíris, Ísis e Hórus, voltado à força da Trindade em relação à natureza. Hórus era
a germinação que o pai Osíris, (o rio) fazia brotar nas suas margens (a mãe Ísis). Hórus era o fruto do casamento místico de Osíris e Ísis, do rio com a
terra. Tríada de pai, mãe e filho que era a própria vida, a alimentação e a
sobrevivência do Egito.
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A trindade egípcia. |
Na Índia, a Trindade cultuada era voltada
também para a natureza, mas também para os ciclos da existência humana. Era o
nascer, o manter-se e o destruir-se da natureza e do homem: Brahma, Vishnu e
Shiva. Shiva era o destruidor, liricamente descrito assim: ”Shiva é a força que
faz a folha cair”, finaliza os ciclos, destruindo a criação para que novo ciclo
criativo tenha início. Tais ciclos eram o próprio princípio da reencarnação do
Bramanismo: Nascer, morrer e renascer se repetindo em ciclos contínuos.
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A trindade indiana. |
A Árvore Cabalística judaica foi tida como herética
durante muitos séculos própria ortodoxia judaica. Guardou-se, porém dela uma
tradição que foi passada ao Cristianismo. Quando hoje numa igreja cristã
afirmamos: “Tu és o reino ,o Poder e a Glória “ não imaginamos que repetimos a
tríada que na base da “Arvore cabalística” sustentava o homem, e o universo,
conforme pensavam os religiosos da arcaica região da Caldéia.
As Escolas Pitagóricas no terceiro século
antes de Cristo eram voltadas à parte psicológica do homem. Viam nele uma
Trindade de Percepção, Razão e Intuição. Percebemos as coisas ao nosso redor
com nossos sentidos, as analisamos com a nossa mente racional, concreta, mas às
vezes o nosso raciocínio erra. Só acertamos quando usamos a mente intuitiva
abstrata.
A mente concreta é aquela que causa os
fenômenos psíquicos. Como exemplo a Telepatia. Alguém pensa em nos visitar e
podemos eventualmente ver seu pensamento, seja em sonhos ou visões. Já a mente
abstrata, traz nossas intuições não de algo externo, mas do nosso interior, do
nosso Eu Superior. A intuição nos leva à causa real das coisas e também a um
futuro por acontecer. Pode nos preparar para momentos que iremos viver, sem
termos qualquer imagem ou ideia antecipada do que serão.
Nos primeiros séculos da era cristã, a
Igreja, que estava em formação, preocupava-se com o interesse que grupos
esotéricos mostravam pela Trindade. Para que se calassem, a Igreja estabeleceu
o Dogma da Santíssima Trindade. Em sendo dogma, era proibida de ser estudada. A
Igreja assim fechou durante séculos este estudo sob ameaça de considerar herege
a quem se aventurasse a fazê-lo. O Dogma dizia: “Jesus é três pessoas distintas
num só Deus verdadeiro”. Para a Igreja incomodava que a teoria da Trindade estudada
por esotéricos dissesse apenas que Jesus era corpo, alma e espírito como todos
nós, um homem, enfim. Que estivessem a explicar que três pessoas distintas eram
aquelas citadas no dogma.
Quando outros dogmas vieram (como o da
Virgindade de Maria e o da Sua Ascensão) a Igreja limitou e determinou seu
próprio papel, aquele que teria para sempre: Não seria jamais a explicadora de
simbologias e princípios divinos, mas ficaria no papel de guardadora de
símbolos, com os quais enriqueceria os seus templos. Na verdade, o interior de
uma igreja cristã é uma mina, um manancial de símbolos. Mas jamais serão por
ela explicados, limitada que está, pelos seus próprios dogmas.
Deixou com isso de auxiliar seus fieis a
chegarem à profundidade de consciência que a interpretação de símbolos lhes dá.
Porém, tudo está certo. Não julguemos a Igreja, pois todos temos um papel a
cumprir e o da Igreja será sempre aquele tão importante de reunir, guardar e não
deixar que se percam símbolos.
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A Trindade cristã. |
Para nosso contato com o Absoluto, para o
nosso Religare, contamos com uma Trindade de abordagens religiosas, com três
principais correntes e práticas religiosas: A indiana, a cristã e a egípcia.
A indiana conduz o homem pela mística. Quer
anular a personalidade ,o ego, para captar a essência do Pai. Refere-se à
primeira pessoa da Trindade. Existe nela um perigo: A alienação. Alienarmos-nos
de interesses materiais que são afinal importantes, pois Deus está em toda a
parte. Conta-nos o budismo Zen que, ao estabelecer-se, ele procurou fazer um
equilíbrio entre o budismo indiano e o japonês, pois enquanto o indiano não dá
a mínima importância ao ambiente que o rodeia , o japonês, como um amante da
beleza que é, procura sempre enchê-lo dela, sendo que na mais humilde casa um
ou outro aspecto da beleza sempre estará presente.
A linha cristã traz como marca o
relacionamento de um homem para com outro homem. Sua finalidade é o ”Amai-vos
uns aos outros” da doutrina da segunda pessoa da Trindade: O Filho. Porém, nela
também estamos expostos a um perigo: O demasiado rigor. Isto porque o
Cristianismo é originário do rigorismo da disciplina mosaica. Quando bifurcou
para o Islamismo, tornou-se de um rigor intensificado. Porém, aqui no ocidente
temos linhas cristãs que para respeitar e apreciar alguém, lhe impõe mudanças
de costumes e hábitos em matéria de vestuários, cortes de cabelo, frequência em
festas, etc. Isso ,afinal, não condiz com o verdadeiro “Amai-vos uns aos outros”,
pois este independe de costumes. Tanto faz que estejamos de burca ou num sári
indiano ou num jeans americano, o costume é o que menos importa, só o amor
entre indivíduos vale.
Finalmente, temos a corrente egípcia, que é
mágica. Nela, o homem se sente usufrutuário das forças da natureza. Usa amuletos,
sortilégios, cristais, ervas. É atraído pelos grandes mistérios do mundo
físico, pelas suas forças curativas. É o Espírito Santo, 3ª pessoa da trindade
que o habilitará a ser um mago. Seu perigo será a despreocupação com o próprio
comportamento, confiando que poderá sempre resolver suas dificuldades através
apenas da magia. Como exemplo, temos num ritual (uma magia na qual se usa
perfumes , cores, sons, elementos do mundo físico) quando seria necessário o
equilibrarmos com a 2ª pessoa da Trindade, com o comportamento , o amor na
atividade cotidiana, e nem sempre isto é feito.
A partir do séc. XIX novas escolas
espiritualistas as chamadas modernas, nos trouxeram o estudo da Trindade.
Aparece a russa Helena Blavatsky relacionando-as aos três raios básicos do
prisma solar. O raio azul, o amarelo e o vermelho. Também a brasileira de
pseudônimo Chiang Sing, difunde entre nós este estudo. Ambas citam também as
três consciências superiores de Vontade, Sabedoria e Amor que correspondem à
consciência do nosso Atma, da nossa consciência Búdica e da nossa consciência
de Manas respectivamente. Ambas falam ainda dos mestres ascensionados que nos auxiliam no desenvolvimento destas
consciências.
Diferenciamo-nos uns dos outros devido a
diferença como estas potências atuam em nós.
Os três raios de Vontade, Sabedoria e Amor
formam juntos o que o espiritualista chama de “Raio Egoico de nossa Mônada” Em
cada um de nós temos um deles dominante, outro secundário e outro como
terciário. Isto é, cada um de nós, os temos em combinações diferentes que
poderiam ser assim ilustrados:
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A chama trina, os três raios. |
1 V. S. A.
dominante, secundário, terciário.
2 V.A. S.
dom. sec. terc.
3 S. V.A “ “ “
4 A.V.S ” “ “
5 A.S.V. “ “ “
6 S .A.V. “ “ “
7 V.S.A Todos
dominantes, pelo equilíbrio de alguém
que já atingiu a perfeição.
Porém, temos também o que chamamos de “Raio
Encarnatório”. Pois alguém pode ter como seu raio egoico, dominante, a Vontade
e numa encarnação estar desenvolvendo o seu secundário ou seja desenvolvendo a
Sabedoria, ou o Amor que poderão estar sendo
apurados como prioridades.
Estes conhecimentos são curiosidades
intelectuais para melhor nos conhecermos, porém, o mais importante para nós é
usarmos estas consciências no nosso cotidiano obedecendo a esta sequência ao
fazermos os nossos atos inicia-los sempre por uma forte Vontade, depois
discerni-los para fazê-los com sabedoria e por fim realmente concretiza-los que
é o amor posto em atividade.
Só assim nossos atos estarão perfeitos. Observamos
também se não estamos usando demasiadamente um dos três raios em detrimento dos
outros, para que o equilíbrio seja
alcançado.
No
uso da magia com as três cores do prisma solar, não se trata de crer ou não
crer na teoria benéfica de seu uso, mas sim de um sentir. Sentir que não somos
seres soltos no universo, sem qualquer envolvimento com ele. Mas por estarmos
assimilando a força de um astro (no caso o sol) nos sentirmos parte do todo
universal, sentimento que é própria razão do Religare, da ligação ao Absoluto,
a Deus.