sábado, 27 de outubro de 2012

A Cruz Hermética ou Rosa Mundi


    Um dos emblemas mais conhecidos da  Sociedade Rosa Cruz  é  a Cruz  Hermética. Ela nos traz símbolos importantes. Em seu total é a figura de uma grande cruz do Cristianismo que representa a entrada do homem no processo reencarnatório, na matéria, chamado de Crucificação. Simboliza o momento em que entramos em experiências de dualidades, representadas na cruz pelo braço vertical e horizontal. Em nossa entrada na matéria temos que harmonizar o antagonismo dos opostos. Entendendo-os como frio e calor, tristeza e alegria, ódio e amor e vários outros. No nosso cotidiano temos várias dualidades a serem discernidas Temos aquilo que chamamos de “os dois lados de uma moeda”. Adquirimos algo importante, por outro lado aumentamos nossa responsabilidade, a nossa chance de errar torna-se maior. Se alguém toma um cargo de poder, ele vai evidentemente ter momentos de homenagens, de satisfações, confortos maiores, porém a cobrança do mundo sobre sua pessoa será maior podendo lhe trazer sofrimentos. A intensidade de seu carma, que sendo a lei das ações e reações, se torna maior porque envolve maior energia aplicada. Caso cumpra bem este momento fará o equilíbrio entre satisfações e sofrimentos. Quando alguém adquire conhecimentos, sua responsabilidade perante as leis evolutivas é maior que a do ignorante. Ainda, numa situação lastimosa sempre se perde algo, ou seja dinheiro, ou horas de sono, ou até perda de entes queridos, mas também se pode ganhar algo para o nosso evoluir, seja paciência, entendimento, persistência etc. Caso consiga  passar bem por tudo isto terá feito o equilíbrio entre perdas e ganhos.


Na Cruz Hermética encontramos as quatro consciências que estruturam o homem durante suas encarnações: a mental, a emocional, a física e a molecular.

Como parte central desta Cruz estão outros elementos presentes no nosso existir. Bem em seu centro está o ponto da Unidade de onde tudo partiu.

Podemos considerar este ponto como a Mônada individual, Deus em nós como origem de tudo o que somos. Depois temos formando com ele uma rosa de cinco pétalas. Representa nossos 5 sentidos. Através deles estabelecemos contato com o mundo externo em que viveremos. As percepções que temos dele são enviadas à nossa parte emocional e depois a mental para que estabeleçamos conceitos. Caso as percepções que temos do que nos rodeia não forem muito profundas, os nossos conceitos sairão também errados. Depois vemos ali as quatro direções do espaço a que temos de estar ligados São os quatro pontos cardiais. A nossa percepção do mundo material não pode ser unilateral. Com o adiantamento do processo civilizatório precisamos ter ideia do que se passa nos quatro cantos do mundo. Se alguém vive num ambiente bonito, pacífico, fértil e não sabe que do outro lado existe a guerra, a aridez, e a miséria então a nossa percepção sobre o viver da humanidade e o nosso amor por ela estará prejudicado.

Encontramos depois os círculos que rodeiam a rosa interna. O 1º círculo está dividido em três partes. Representa o mundo superior e nos revelam as três forças da Trindade: Vontade, Sabedoria e Amor.  No 2° círculo está o mundo intermediário. Nele estão os sete planetas sagrados: Sol, lua, marte, mercúrio, Vênus, júpiter e saturno. No último círculo estão os 12 signos zodiacais que indicam nossas tendências no momento de nosso nascimento, nosso mapa natal. Este três círculos juntos, Trindade, Planetas e Signos, exibem neles as 22 letras do alfabeto hebraico, ou os 22 caminhos da Cabala. Este caminhos são os atalhos que escolhemos trilhar para concretizarmos dez potências que são os dez sephiroth cabalísticos.

Na parte molecular vemos o pentagrama, isto é, a estrela de cinco pontas o uso mais antigo do pentagramas data de 3.500 AC que foi descoberto pela Arqueologia em cerâmicas da Mesopotâmia. Celtas, egípcios, gnósticos e antigos cristãos adoravam este símbolo para eliminar o mal. Era usado em curas. Já os gregos da Academia de Pitágoras o usavam como emblema de perfeição.  O ilustravam no homem perfeito; nas pernas abertas, os pés estão pisando objetivamente a terra a cabeça volta-se para o alto, para o transcendente e seus braços abertos abençoam a humanidade. Como símbolo do homem perfeito sua forma é traçada com uma única  linha Esta linha representa  a trajetória da nossa evolução. Parte-se do ponto 1 (parte espiritual), vai-se ao ponto 2 abaixo (forma embrionária), Subimos a lateral direita nº3 (1º plano da existência) nascimento do emocional. Depois vamos  a lateral esquerda n°4 (2° plano da existência) nascimento do mental, Seguimos com a linha para baixo novamente ao n° 5 (plano da purificação) por fim retornamos ao número 1 retornando ao espírito.
    Na magia negra costuma-se usar  o pentagrama invertido que é o símbolo do espírito sujeito à matéria, o homem sujeito aos instintos.

    Na Arquitetura templária haviam alinhamentos formando pentagramas  geomânticos onde eram construídos santuários  e capelas. Porém, durante o período da Inquisição  o Pentagrama foi visto como símbolo do demônio por serem usados por grupos perseguidos como heréticos, como os templários. Começou então a ser chamado de “A estrela do Diabo”, a ser relacionado com a magia negra.

Ao lado do pentagrama estão os símbolos dos quatro elementos da natureza e que estruturam o nosso corpo físico: água, terra, ar ,e fogo. Acima do pentagrama encontra-se o símbolo da 5° essência  ou o 5º elemento que é na Cabala o éter Yesódico, a quinta essência da matéria. É a parte vital da matéria , o corpo etérico.


Na ponta da parte molecular, estão os símbolos alquímicos manipulados na Alquimia: Enxofre, Mercúrio e Sal. O enxofre era chamado em latim Sulfor. Era o elemento ígneo, chamado” Fogo Criador”. Seria a alma do universo que deseja manifestar-se mas necessita dos outros dois elementos para a sua expressão. A operação alquímica enxofre sobre mercúrio seria o próprio elixir da longevidade e imortalidade. O enxofre não foi usado só em Alquimia, mas também nos ritos de magia negra, nos sabaths  medievais, onde o seu cheiro tão forte era aproveitado para evocar seres satânicos. O mercúrio é a matéria volátil, com sua mobilidade expandia no universo a potência criadora do enxofre. Ao gregos personalizavam a força deste elemento em seu deus mercúrio que tem asas nos pés, isto é, se difundia por toda parte. Era o mensageiro dos deuses. O sal fez a matéria primordial se agregar, é o grande mantenedor da forma. O sal, dissolvido no oceano, simbolizava o homem que embora inserido num infinito oceano cósmico do Absoluto pode ser isolado, separado como uma individualidade.

    Os três elementos enxofre, mercúrio e sal foram também chamados de “elementos filosóficos” posto que correspondiam na Alquimia à doutrina pela qual  o homem é visto como um ser trino onde Criação (enxofre), Expansão(mercúrio), e Manutenção (Sal) totalizam o seu ciclo evolutivo. Para visualizarmos melhor o papel dos 3 elementos imaginemos que queimemos  o corpo de um pássaro  que morreu. O enxofre seria o fogo, o mercúrio seria a fumaça volátil saída da queima, e o sal seria a cinza. A cinza é eterna. O sal como a cinza preserva  a primitiva autenticidade, a verdade original de algo. Lembremos Jesus dizendo a seus discípulos: “vós sois o sal da terra”, isto é, cabia a eles preservar a verdade, a autenticidade da sua doutrina. Quando em rituais de magias é  jogado sal em braseiros, se quer afastar qualquer coisa que possa perturbar a ideia original do culto, preservar a sua característica.

    Esta parte molecular está na Cruz Hermética dividida em 4 partes coloridas que levam as cores do mundo material da esfera de malkuth na Cabala: Amarelo, oliva, castanho e preto

    Observando o plano físico encontramos nele a Estrela de Davi também chamado Símbolo de Salomão. É composto por 2 triângulos entrelaçados. Um é o triângulo, da individualidade, outro o da personalidade. É um símbolo judaico e propagou-se na idade média como um amuleto muito benéfico, pois representa o equilíbrio do material (o triângulo de vértice para baixo) com o espiritual (o triângulo de vértice para cima). Ele é rodeado pela representação dos planetas sagrados. Todas as pontas da cruz repetem a ponta da molecular.

Aparece ainda na cruz as letras I.n.R.I.   Nos conta a tradição cristã que por deboche soldados romanos pregaram sobre a cruz do Cristo” Jesus nazareno rei dos judeus “. Já os rosacruzianos nos dizem que a sigla I.N.R.I. que vem da frase latina: Ignie Nitrium Roris Inventur que significa: Por meio do fogo se descobre o nitro do rocio ou ainda: A natureza é completamente renovada pelo fogo.

Nosso Eu Verdadeiro (Interno)



Vamos hoje fazer um estudo mais aprofundado sobre o nosso Eu verdadeiro e também os seus relacionamentos com as suas consciências superiores e inferiores.

Chamamos de Eu Verdadeiro a parte do nosso ser que tem realidade eterna,  permanente, para distinguirmos do nosso eu inferior. Nossa personalidade humana cujas consciências são transitórias, impermanentes.

O nosso Eu interno conta com três consciências superiores e três consciências superiores segundo este esquema que aqui coloco:

Superiores Eternas:

Consciência Monádica.(Unidade, União, Unicidade, e Amor.Felicidade, Alegria.)

Consciência Nirvânica  (Repouso, Tranquilidade, Bem-aventurança)

Consciência   Crística (O Cristo interno,o modelo de perfeição individual, o arquétipo,o Dharma, o código genético de perfeição.)

Inferiores Impermanentes:

Mental
Emocional
Físico

O nosso Eu Verdadeiro é perfeito? Só em essência. Uma vez que  não atingiu ainda a sua total perfeição. Nosso Eu Interno é justamente a parte de nosso ser que está em evolução, que está desenvolvendo as suas consciências superiores.Melhor seria dizermos que ele é puro , imaculado, porque só retém em si energias e conceitos perfeitos que possam ajudá-lo a evoluir, a contatar suas consciências superiores. Porém, na verdade não atingiu ainda a totalidade de sua evolução.O nosso Eu Verdadeiro é a parte de nós que tem sede de espiritualidade.Imperfeições e erros que fazemos com nossas consciências inferiores,com a personalidade, ficam retidos nela, não tocam o nosso Eu Interno.

Como este nosso Eu se expressa no mundo? Ele depende das consciências inferiores para manifestar a evolução que por ventura tenha conseguido.

As nossa estruturas inferiores desde aquela do nosso corpo biológico ,o psicológico e o mental são também todas estruturas sagradas, idealizadas pela Criação, são até de uma complexidade que nos deixa deslumbrados As necessidades destes corpos inferiores. sejam  elas alimentos para abastecer o corpo físico, relacionamentos afetivos para abastecer o corpo emocional ou conhecimentos que abastecem o corpo mental, deveriam ser todas atendidas para manter estes corpos prontos, perfeitos para servirem de bons canais ,bons instrumentos de manifestação para o nosso Eu Interno.

A situação é como se o Eu verdadeiro de cada um de nós quisesse tocar uma melodia e necessitasse pianos e violinos afinados para tocá-la.

Não é difícil distinguirmos as nossas consciências inferiores umas das outras. Digamos que estivesses sentado numa cadeira frente a mim, mas teu corpo não se sentisse confortável. Esta é tua consciência física exigindo conforto. Depois ficas magoado com algo que eu disse. Esta é tua consciência emocional se manifestando. Mas depois pensas: ” Talvez ela não tenha falado por mal ,não quis me magoar.” Esta é tua consciência mental raciocinando sobre as tuas emoções.

Tampouco é difícil vermos o uso que o nosso Eu Interno faz de suas consciências inferiores, como é dono delas. Nosso Eu Verdadeiro ,como o grande pensador que é, pensa:” tenho que cuidar melhor de “ meu” corpo.”  Aqui pensa “meu”como se dono do corpo fosse. Depois pensa: “As “minhas” emoções estão em frangalhos.”pensa também “minhas” como se fosse dono delas. Depois pensa: ” preciso deixar de ler tanto, ”minha” mente está cansada”. De novo pensa ” minha “. Assim, sempre aparecendo em nós uma 4° consciência, o nosso Eu Verdadeiro, quando pensamos e falamos.

A mente inferior é a grande coletora de conhecimentos do mundo externo. É a mente racional .Raciocina sobre os conhecimentos externos que obtém e estabelece conceitos sobre eles.No entanto ,estes conceitos ficam à mercê daquela triagem feita pela nosso Eu Verdadeiro. Ele seleciona e retém apenas os conceitos que  possam beneficiar a sua evolução. Por não reter nenhum conceito errôneo, nosso Eu Interno sempre se conserva puro e imaculado.


Annie Besant fez uma bela metáfora para o relacionamento entre o nosso Eu e seus instrumentos inferiores. Diz ela: todas as complexidades de nossos corpos são como folhas de uma grande árvore. Essa folhas se renovam periodicamente (nossas mortes e reencarnações) mas, tudo o que as folhas absorveram e assimilaram de perfeito do externo, enriquece uma seiva que se refugia dentro do tronco, sendo este tronco o nosso Eu Interno. Ele se abastece com a seiva das experiências vividas pelas folhas, pelos corpos inferiores.

Qual o critério do nosso Eu interno para selecionar os conhecimentos que o favoreçam?  Aqui é que entra o seu relacionamento com a sua Consciência Superior Crística. Sendo esta, a força que guarda o modelo de perfeição individual de cada um de nós, o nosso arquétipo. Em outras palavras, esta Consciência Crística é o nosso Dharma individual. Entendendo-se Dharma como uma lei para se atingir algo. No caso, atingirmos nosso modelo individual de perfeição.

É esta Consciência superior que orienta nosso Eu para que ele só retenha aquilo que o encaminhe ao seu arquétipo individual.

Para aceitarmos esta Consciência Crística é necessário primeiramente que desassociemos este Cristo interno como força que nos conduz a uma matriz individual, da pessoa de Jesus . Jesus é o representante perfeito de alguém que conseguiu desenvolver em toda a sua plenitude a  força Crística Superior  dentro de si. O próprio Jesus deixa isto bem claro quando diz: “Tudo o que eu faço vós também podeis fazer” . Atribui assim a cada um de nós uma força interna semelhante à dele, só que não desenvolvida.

Em outras palavras, o nosso Eu Interno se orienta por um código genético de perfeição que possuímos .Sem aqui confundirmos este com o código genético dos nossos corpos inferiores que herdamos biologicamente de nossos pais. O código genético de perfeição, a Força Crística Superior,refere-se a uma genealogia muito mais remota, recua até a criação das nossas mônadas individuais. O código genético humano condiciona o homem à heranças genéticas humanas. O código genético de perfeição condiciona o nosso Eu Interno a uma matriz inicial de perfeição individual.

Quanto ao relacionamento do nosso Eu Verdadeiro com a consciência Nirvânica: Esta é consciência repousante de nosso Eu. Sua força maior é a tranquilidade.Quando temos o nosso Eu Interno bem desenvolvido, a tranquilidade é a característica maior que manifestamos neste mundo. Atingir-se o Nirvana é obter um estado de ser em que o entendimento dos planos divinos e a sabedoria já é tanta, que nenhuma desdita pode mais nos perturbar.É o estado da bemaventurança. Por isso alguém como o Buda Gautama é chamado de “O Bem-aventurado”. Na meditação, quando conseguimos dominar nossa mente inferior agitada ,dispersiva, trazendo-a para um ponto fixo, um centro ou a um único mantra, o nosso Eu Verdadeiro se abastece nesta fonte de tranquilidade que  é  a consciência nirvânica e evolui.

Vejamos agora o relacionamento do nosso Eu com a sua Consciência Monádica,com a centelha divina dentro de nós.Ela é a força da Unidade , da União, da Unicidade que liga todos os  seres.Em nossa mônada somos todos iguais. Se olho um bandido ,um assassino ,acho que ele é muito diferente de mim. Porém ,se vejo apenas a sua mônada, a criação divina que o mantém, ele é igual a mim. Apenas por vivências de união ,os nossos corpos inferiores  enviam energias ao nosso Eu Interno que o possibilitam  identificar-se de pronto com a sua mônada e evoluir.

Ativarmos o contato com esta luz monádica através da concentração em nosso coração, certamente é muito válido pela própria fixação num centro o que nos acalma a mente e além disso estamos recebendo da grande fonte da Unidade.Porém, esta prática só  atingirá a sua finalidade, na medida em que a vivenciamos ,saboreando este recebimento.Podemos passar anos fazendo fixações á luz no coração como se estivéssemos com frio e nos fosse oferecidos cobertores mas ficássemos apenas os fitando sem nos cobrirmos, sem saborearmos o seu aconchego , seu calor,a alegria de estarmos confortáveis. Os cobertores perderiam então a sua finalidade.

Atingir a plenitude da Consciência Monádica é, enfim, alcançarmos aquilo que todos buscamos :  Felicidade, Alegria.

Quase todas as alegrias que temos na vida são transitórias. Quando pensamos tê-las em mãos elas podem repentinamente acabar. Mas, o Amor, a União entre seres a Unicidade , como se originam de uma fonte eterna, permanente, é a única que sobrevive,transcendendo à própria morte. Quando nosso Eu Verdadeiro contata sua Consciência Monádica, Ele sabe que vencida a transitoriedade dos corpos inferiores só aquilo que plantamos como amor por outrem, sobreviverá e retornará ao nosso Eu Interno como colheita de felicidade . Todos os grandes iluminados nos falam sobre esta colheita futura de alegria, fruto  da Unicidade, do amor plantado.

Não é fácil chegarmos á Unicidade com todos os seres. Para isso, obstáculos nos esperam : Aprimorarmos os nossos perdões, aceitarmos as diferenças dos outros, e fazermos esforços de aproximações harmoniosas com todos aqueles que certamente não foram postos  casualmente em nosso caminho.