O
almoço no refeitório do castelo era o momento em que os homens e as mulheres
que viviam isoladas no torreão sul se encontravam. Porém, naquele dia, havia
além da família, alguns visitantes que já vinham se hospedar para os festejos
das bodas próximas. Foi então quando Marie disse algo que desagradou a Eudes.
Alguma frase insignificante que levava apenas à ideia de que “em chegando à
idade dos quarenta anos toda mulher deveria parar suas gestações para se
dedicar a um estudo qualquer que a possibilitasse acompanhar o desenvolvimento
que estava se processando na nova sociedade das Cruzadas”. Isso, para Eudes,
soou como uma ousadia demasiada e como um desejo desavergonhadamente exibido
frente a estranhos de se prostituir, e não pensou duas vezes. Cortou-lhe a
frase ao meio, dando-lhe com a mão, ainda engordurada pelo toucinho que comia,
uma vigorosa bofetada. Aos convidados presentes, o ocorrido nada pareceu abalar.
Continuaram impassíveis e risonhos a servir jarras de vinho, voltando-se para
outros assuntos. Como pensavam todos, a uma mulher era realmente necessário, de
tempos em tempos, conter com reprimendas mais enérgicas.
sábado, 22 de setembro de 2012
Raja Yoga
Yoga
significa União. Raja, real.
Alcança-se
esta união por uma escada de oito degraus, cuja base é Yama e cujo ápice é o
Samadhi.
YAMA
– Devoção - Neste degrau todas as ações de nossa vida são revalorizadas por uma
atitude de devotamento. É nos preparar para viver uma circunstância como um
sacerdote que se paramenta para contatar
aquilo que ele mais ama e reverencia.Yama significa buscarmos seja dentro de
uma circunstância alegre ou adversa, algo para amar.É a santificação e a
valorização dos nossos atos mais banais ,da energia que gastamos neles.Neste
degrau, o importante não será fazer algo, mas ser dentro dele, darmos sentido à
ele.
NYAMA
-- Limpeza, Purificação - Neste degrau, a potência da deusa Shiva destrói todo
o erro acumulado. Deste tipo de energia nos aproveitamos para nos limparmos.Ela
está na água, na lua , na terra , nos sons ,em toda a parte .Se nos banharmos
nos rios sagrados Jordão, Ganges ou Urubamba,sem pormos nossa consciência neste
banho, certamente só o nosso corpo físico ficará lavado. Porém, se sintonizados
e agradecidos ao elemento água, por certo também nossos corpos mais sutis
ficarão purificados. Banhemo-nos no entardecer de uma praia de mar. Na subida
da maré o elemento água está muito potente. Sintamos então como nossas emoções
livram-se de agitações, ficam limpas de impurezas, nossas vibrações normais são
recuperadas.
Passemos
sob a lua. Ela é inigualável para os chacras inferiores e para a corrente
sanguínea. As inspirações vindas da lua é consequência da purificação que se
processa em nossos chacras inferiores. Tão potente é a sua força na corrente
sanguínea que os orientais afirmam que pessoas doentes quando muito expostas à
luz do luar, podem sofrer hemoptises ou hemorragias. Também que a lua regula o
ciclo de purificação menstrual no corpo da mulher.
O
poder purificador de Shiva nos banhos de terra é conhecido. Aproveitemos dele, sem
prolongamentos que poderiam nos debilitar. Sermos usufrutuários mas também
observadores e pesquisadores das energias divinas é a finalidade da Raja Yoga.
Banhemo-nos
em pensamento sob o som do mantra AUM. Ele é a palavra criadora de três tempos
que nos equilibra, nos colocando em sintonia com o ritmo do próprio universo. Também
o ritmo trino de uma valsa (Um,dois, três)nos equilibrará igualmente ,limpa
qualquer tristeza acumulada no nosso
chacra cardíaco e, sob seu embalo, acompanhamos o ritmo do movimento criador
universal. A música sacra atua nos vórtices de nosso chacra pituitário da
cabeça nos libertando de emoções inúteis. Sejamos fortes sob sons folclóricos e
marchas. Eles porão à tona lembranças cármicas de raças e nações, mas também
propiciam uniões grupais quando se faz necessário, mormente nos momentos que
antecedem às revoluções. Músicas de ritmos fortes como o rock e o chamado Metaleiro, apesar de nem sempre agradáveis, está tendo
um importante papel na atualidade pois rompem com o acúmulo das chamadas
“egrégoras negativas” em diversos locais.
ASANAS
– Postura - Nossa coluna é uma chaminé carregando energia, um cano. Não a
encurvemos. Mantendo-a reta ela será o conduto perfeito para a nossa força vital.
É o eixo que sustenta nosso corpo. Para
exercícios e meditações, a posição egípcia sentada, é a melhor para nós ocidentais,
pois qualquer mal estar provocado no sentar-se ao chão de pernas cruzadas (para
nós não tão acostumados a ela como os orientais) poderia nos tirar a
concentração. ASANA é a preocupação de fazermos de nosso corpo um cristal
límpido que deixará passara a luz dos nossos corpos mais sutis e as energias do
habitat no qual estamos inseridos.
PRANAYAMA
– Abastecimento - Ao contrário da exterminadora Nyama , Pranayama é
abastecedora. Neste degrau, se absorve a energia vivificante de todas as
coisas.Caminhar descalço sobre um solo recebendo a potência da mãe terra,sentindo
o intercâmbio vitalizador entre homem e natureza, isto é Pranayama. Lembremos
Jesus e Buda (o primeiro energizando-se no monte das oliveiras e o segundo iluminando-se
sob a árvore Bhô.)recebendo ambos as energias polian das árvores, recebendo
inspirações para expandirem depois o fogo interno de um ideal.
Respiremos
profundamente o prana solar. Sintamos este alento que nos mantêm vivos!Sentir
este alento é a mais sublime experiência de um discípulo da Raja Yoga, principalmente
sentir o ritmo com que é absorvida a energia prânica. Ele é o transcendente
mistério que nos deslumbra.
PRATYHARA
– Entrega - Geralmente inicia-se por um exame de consciência, por indagações e
pedidos de intuições, seguidos de uma entrega. Isto é, deixamos que respostas
venham quando menos esperamos. Respostas não vêm quando a nossa mente está
objetivamente raciocinando, o que não invalida o esforço do raciocínio, pois a
inspiração será sempre fruto de um esforço feito anteriormente, mas que virá no
momento em que a mente está absolutamente despreocupada e serena para
recebê-las. È enfim, um alçar-se e
depois relaxar, certo de que a colheita em momento certo virá.
DHARANNA
- Concentração - É o degrau que levará a uma meditação perfeita no degrau
seguinte de Dhyana. Concentrar é vencer a dispersão da mente. Necessitamos
achar algo para ser o objeto da nossa concentração, seja ele um objeto físico,
uma parte de nosso corpo,ou uma circunstância que estamos vivendo. Então treinamos
nossa mente, buscando domá-la como se fosse um cavalo fogoso, trazendo-a ao
objeto de nossa atenção cada vez que ela quer dispersar-se. Quando vencemos a
mente concreta, quando esta fica serena, sem passar descontroladamente de um
pensamento a outro, entramos então na mente abstrata, na mente causal,a
verdadeira mente meditativa. Ao exercitarmos Dharanna, lembremos que a mente
não é o fim, é um meio. Ela é o instrumento, o violino que, bem afinado, nos
mostrará a melodia. Tão somente a melodia que iremos tirar dela no último
degrau é o importante.
DHYANA
– Meditação - Com a prática da meditação, ficaremos aptos a ver qualquer objeto
de nossa atenção em sua profundidade, não apenas superficialmente em suas exterioridades.
Teremos entrado na mente causal,onde está a matriz, a causa de tudo o que nos
cerca,de tudo que nos acontece. Através da prática de Dhyana chega-se a
compreender não só a causa, mas também a finalidade e participação de coisas e
seres dentro do plano universal.
SAMADHI
– Contemplação - É o êxtase dos místicos, a consciência da Unidade. É o sentir
da vida universal presente em tudo,é a identidade do nosso Eu com todos os Eus,
ver em cada um, uma extensão nossa.Tal como diz Ramacharaca em seu Raja Yoga,”
o Samadhi é a imersão do Eu no Eu universal. Imersão esta que não é a extinção
da individualidade, como muitos pensam, mas sim o alargamento da consciência
individual que aumenta até abraçar o Todo.”
O
enlevo provocado por este abraço inicialmente se manifestará em instantes
fulgidíos e de isolamento. Porém, um dia o perfeito Raja Yoga viverá em
permanente Samadhi, porque as suas atitudes e sentir será um constante “abraçar o Todo”, santificando
cada momento de sua vida.
(Estudo
baseado na RAJA Yoga de Ramacharaca)
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