São
Paulo, São Francisco, São Jorge...
São Paulo
Foi sem dúvida o mais importante
líder do Cristianismo primitivo.
Nascido em Tarso, na Turquia, ficou
conhecido como Paulo de Tarso segundo o costume antigo de atribuir-se a alguém
como sobrenome o local de seu nascimento. Chamavam-no também de Saulo. Sendo de
família abastada comprou a cidadania romana o que dava à alguém na época,
privilégios.
Transferiu-se depois a Jerusalém onde
tornou-se um “doutor em leis” trabalhando para o Sinédrio da cidade.
Era um erudito, grande conhecedor da cultura
grega, a mais elitizada que havia, falando fluentemente o hebraico além do
grego. Grande escritor, suas cartas aparecem com destaque no Novo Testamento.
São Paulo, um doutor em leis... |
Com o beneplácito do sumo sacerdote do
grande Templo, passa a perseguir os cristãos tão logo é iniciada a pregação de
Jesus, vendo neste um simples impostor como tantos que ali apareciam
pretendendo ser o Messias esperado.
Estevão, um diácono, grande pregador que difundia
a palavra do Cristo, foi um alvo constante de sua perseguição, sendo por fim
morto por apedrejamento, por ordens de Paulo. È considerado então o primeiro
mártir do Cristianismo.
Paulo levou depois suas perseguições de casa
em casa buscando prender adeptos da nova crença. Porém, iria acontecer com ele
a surpreendente conversão e iluminação súbita quando foi encarregado pelo
Sinédrio de levar sua fúria contra os cristãos em Damasco, na Síria. Dá-se ali
o grande e inesquecível milagre cristão: Seu encontro com Jesus trinta e poucos
anos após a morte deste.
Cercado de uma luz fulgurante lhe aparece o
Cristo a lhe perguntar: Saulo, por que me persegues? Envolvido nestas simples palavras e naquela
luz (que o deixou sem visão durante dias) tornou-se ali o seu maior propagador.
É Lucas quem no ”Ato dos Apóstolos” conta esta belíssima conversão de Paulo.
O encontro de São Paulo com a Luz do Cristo. |
Fez três anos de solidão e meditações sobre os
seus muitos erros e percorre depois inúmeros locais como Chipre, Macedônia,
Atenas, Corinto e muitos outros.
Com sua erudição, foi brilhante quando
pregou na Acrópole de Atenas, sendo esta a cidade mais importante da época, centro
de conceituada cultura.
Outra de suas mais produtivas palestras ele
a fez em Corinto. Corinto era então a sede de uma Igreja cristã que se
considerava superior aos outros setores. Os líderes Coríntios eram
demasiadamente orgulhosos e chamavam a si mesmos de “Os santos de Corinto”.
Paulo lhes ensinou a humildade e em uma de suas cartas os exorta a cultiva-la e
a lembrarem-se dos pobres.
Não fosse o teor universalista das pregações
de Paulo, hoje o Cristianismo seria talvez apenas uma igreja local circunscrita
à Jerusalém. Entrou varias vezes em divergência com os apóstolos judeus porque
estes exigiam a todos que queriam seguir o Cristo que se circuncisassem, o que
os impedia de segui-Lo.
Paulo é chamado “O Apóstolo dos gentios” (palavra
hebraica que significa não-judeu, não-israelita). Levava ele a mensagem
cristã, sobretudo às populações pagãs, principalmente à Grécia peninsular e à
atual Turquia, enfim, a todos que estivessem carentes e sedentos das palavras
cheias de misericórdia do Cristo.
Para os historiadores apaixonados pela bela
história do Cristianismo, apesar dos apóstolos que conviveram com o Cristo
terem percorrido também extensos espaço em prol de Sua causa, o universalista
Paulo de Tarso foi, na realidade, aquele que lhe deu a extensão que o credo
cristão hoje possui.
São
Francisco
Atributos
diversos o caracterizam: Despojamento, Persistência, Identidade à natureza, Coragem,
Amor. É “O Trovador de Deus”
Despojamento: Quando o jovem Francesco
pôs-se nu em praça pública, na pequenina vila italiana de Assis, não
demonstrava apenas a revolta contra o luxo caseiro e de comerciantes e
mercadores que exploravam uma cidade repleta de mendigos. Não tratava-se apenas
de um ímpeto juvenil, mas já prognosticava a vida despojada de bens que escolheria,
à renúncia a confortos supérfluos em que sempre viveria. Criaria uma Ordem
cujos irmãos itinerantes não contariam nem com uma cama certa aonde repousarem.
Persistência: Mostrou-a quando tentou
sensibilizar o papa Inocêncio III com as regras Franciscanas que elaborara. Penou
dias após dias de espera, pois tendo diante de si um jovem em roupas rotas, o
pontífice lhe deu pouco crédito. Só pela insistência de um cardeal seduzido
pela pureza de Francesco, acedeu em revê-lo. Mas com ressalvas de que tais
regras eram demasiadas rigorosas para que alguém as aceitasse. Finalmente, após
uma avaliação de vários cardeais, a personalidade verdadeira e carismática de
Francesco acabou vencendo.
São Francisco com seu frades itinerantes. |
Amor à Natureza: Deixo-o bem explicito em
seu magnífico poema “Cântico das Criaturas”. Nele, louva “o irmão sol, a irmã lua,
a irmã água, o irmão vento, os frutos, as flores, as ervas,” e por fim atraia a
seu redor os pássaros.
Coragem: Demonstrou-a quando numa época em
que Cristãos e Islâmicos digladiavam-se (estávamos no século XIII), dirigiu-se
ao Marrocos conduzido por um ideal de obter paz. Ali, foi ao encontro do grande
sultão inimigo Al Kamel pelo que lhe foi atribuído o título de “O Louco de
Deus”.
O sultão impressionou-se com a sua
coragem e desejoso já também de um
acordo, ofereceu-lhe presentes ricos ,o que ele logo recusou, fiel que era à
sua renúncia à riquezas ,o que mais surpreendeu o sultão, acostumado à
voracidade dos cristãos que haviam pilhado as riquezas de Constantinopla numa
desmedida avidez.
Al Kamel acabou por lhe conceder escolta
para que voltasse sem perigos ao acampamento cristão. Após alguns anos na Terra
Santa, Francisco volta à Itália em grande tristeza, pois seus esforços foram
inúteis, a guerra entre os dois lados continuariam. Também por ter observado o
comportamento demasiado cruel daqueles que se diziam seguidores do Cristo.
Sua tristeza depois aumentaria, ao voltar à
sua terra depois daqueles anos ausente, os seus frades itinerantes, pela tanta
prática que tinham de andar pelos interiores, haviam sido aproveitados para
denunciar ao braço secular da Inquisição possíveis “Infiéis” Islâmicos.
Amor: Mostrou-o na sua convivência com os
atingidos pela lepra, doença que muito se alastrava na época. Levando consolo,
sua presença alegre e poética era inestimável para aqueles excluídos e
renegados por sua sociedade e muitos até por suas famílias.
“O Trovador de Deus”: Por viver sua infância e
juventude entre Assis e Provence, na França, (de onde lhe veio o nome de Francesco,
embora se chamasse Giovanni) herdou a poética lírica de seus trovadores. Porém,
mais tarde, trocaria as canções de seus menestréis que louvavam o amor sensual
e a atração feminina pelo novo entusiasmo que o tomou: A busca da
espiritualidade, a busca de Deus.
São Jorge
Podemos considera-lo o santo da
religiosidade popular.
Em casebres humildes encontramos nas
paredes em gravuras e quadrinhos toscos sua figura montada em cavalo, matando
um aterrorizante dragão. É o modo encontrado de afugentar o mal que possa
entrar naqueles lares.
É o grande guerreiro nascido na Capadócia, região
da Turquia, no terceiro século pós Cristo. Foi soldado do imperador romano Diocleciano,
passando a ser torturado por sua adesão ao Cristianismo.
São Jorge enfrentando o dragão. |
Sua vida é, contudo lendária, mas apesar da
Igreja atribuir pouca veracidade histórica à sua vida, não julgando obrigatório
o seu culto, na Inglaterra seu nome foi dado a príncipes que seriam reis e continua
sendo ali o seu patrono protetor. Isto desde o Séc. XIV quando foi criada a
Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, também chamada de Jarreteira.
Conta-se que em suas andanças como militar
que era, chega a uma cidade assolada pela presença de um dragão. Após o recurso
de oferecer a este ovelhas para matar sua voracidade tendo sido todas elas
eliminadas, ofereceram-lhe jovens, e foi justamente quando iria ser sacrificada
a filha do grande senhor da cidade, que surge Jorge que a salva enfrentando o
dragão, matando-o.
Naturalmente que esta lenda é bastante
fantasiosa, mas o que importa aos fiéis de Jorge é o conteúdo simbólico que ela
contém: O mal sendo extirpado. O simbolismo justifica o mito e o faz inesquecível.
Por ele, os cristãos o identificam também ao Arcanjo Miguel, guerreiro príncipe
da legião celeste, que empunhando uma espada mata um dragão. Atribuem a ambos o
mesmo status de salvador.
Orixá Ogum no Camdomblé! |
No Brasil, a Afro brasileira lhe faz um
sincretismo com o Orixá Ogum, este também um guerreiro protetor dos militares e
combatentes. Seus cultos se estendem um mesclado ao outro nos Estados onde
Umbanda e Candomblé são mais fortes como Rio de Janeiro, Bahia e Minas.
Ter sido decapitado por querer afastar dos
cristãos o mal, faz de São Jorge realmente uma figura relevante no imaginário
popular.