E a “Percepção do Vazio” Budista
Na ”Percepção do Vazio” budista, já negamos que todos os nossos comportamentos humanos sejam inerentes ao nosso Eu Real. São eles dependentes e compartilhados com tudo o que convivemos e recebemos pela cultura e cenário humano. Então, será no Pós–morte, livres de tais influências, que nossas consciências emocionais e mentais mais evoluirão. A maioria das pessoas espiritualistas com quem contato, acham que, ao morrermos, acordaremos em outro mundo com elementos que o estruturam semelhantes aos nossos, como casas, árvores, ambientes, enfim a tudo com que contamos neste nosso mundo manifestado, em outro local, elementos às vezes até idealizados em aparências muito mais aprimorados, quando somos mais evoluídos.
Porém, no meu entender, não iremos viver num
mundo novo no ”Pós-morte”, mas sim, em consciências emocional e mental muito
mais priorizadas e ativas. Explico-me:
Mestre Kutumi, grande instrutor e iniciador. |
Contamos com quatro consciências: a física,
a emocional, a mental, a espiritual. Para vivenciarmos experiências, testes, em
nossa consciência física, necessitamos de elementos materiais, aqueles que
estruturam este nosso mundo. Despojados de nossos sentidos físicos, não mais os
necessitaremos. Não veremos mais as coisas por meio de percepções sensoriais,
mas sim por um prisma apenas emocional ou mental.
A morte
para mim é um grande Sono. Um Sono onde sonhamos. O que é sonhar quando estamos
no período do Pós-morte?
Enquanto os sonhos, ao dormirmos neste mundo,
são apenas lembranças emocionais e mentais das experiências que vivemos neste
cenário físico que nos foi dado nesta e em outras vidas passadas, o “Sonho” do
Pós-morte é uma “Avaliação”, um “Ajuizamento” que faremos com nossas
consciências emocional e mental (únicas com as quais então contaremos).
Com esta “Avaliação” faremos uma intensa evolução,
pois, com estas nossas duas consciências, iremos reavaliar nossas reações a
tudo o que vivemos aqui exatamente neste nosso mundo físico, através de imagens
retidas nas duas, e levadas através da “morte”.
As conclusões de nossas “Avaliações” do Pós-morte,
serão depois alçadas, à nossa consciência espiritual, nosso Eu Real. Assim
evoluímos. Evoluímos também ao
enviar-lhe belas imagens idealizadas por nossa consciência mental para um
futuro mais perfeito para nós, quando as idealizações são feitas no período da
chamada “segunda morte” (passagem a planejamentos mentais).
As imagens retidas em nossas consciências
emocional e mental que transcendem ao mundo físico é o que chamo de “matéria
sutil” e não uma referência à matéria que estruturaria os elementos de um novo
local para vivermos no Pós–morte com muitos asseveram.
No Pós-morte nos reencontramos com aqueles
falecidos a quem aqui amamos? Certamente.
O amor é um elo unificador que transpassa todo o nosso evoluir. Eles
estarão inseridos nos “Sonhos” de nossas Avaliações emocionais e mentais do
nosso Pós-morte. Veremos todos nossos amados, sentindo neste reencontro uma
alegria muito maior do que sentíamos quando estávamos junto a eles fisicamente.
Será uma alegria fortemente emocional, sem qualquer influência ou circunstância
física que às vezes nos separavam deles neste mundo material.
Imagem em relevo de Kuan Yin, no Monte Jiuhua, China. |
O intercâmbio entre os desencarnados que
estão em consciências sutis e os encarnados é possível? Certamente. Abolidas interpretações e
fantasias errôneas que podemos fazer a este respeito, creio que a morte não
rompe relacionamentos emocionais e mentais. Princípios vibracionais e
telepáticos unem sempre todos os seres em evolução.
Só não é louvável perturbarmos o momento de
reavaliação a que os desencarnados se dedicam, que é intenso. Nem tampouco,
perturba-los quando, após passarem pela “Segunda morte”, repousarem por um
longo período em paz e inatividade, até que a energia ativadora que os
orientais chamam de “Trichna”, que nos faz também acordar a cada manhã para um
novo dia, os levar ao processo de um novo encarne no mundo físico, para passar
provas e testes. Fazemos, enfim, uma imitação perfeita à nossa natureza
ambiental que repousa e floresce, repousa e floresce alternadamente.
Quando
necessitamos de ajudas, intuições e sugestões o desejável é que recorramos a
mestres iluminados, isto é, para aqueles que já tendo vencido seus carmas,
cumprem a função de auxiliar aos que ainda não os venceram. Também aos grandes
seres da Compaixão, aos Bodhisattwas que levados por ela, estão sempre prontos a
nos acudir e nos ensinar.
No Pós-morte teremos, enfim, uma grande
oportunidade de vencermos o que o Budismo diz ser os nossos dois grandes
empecilhos no mundo manifestado: A não percepção da Impermanências das coisas
materiais, e a não percepção do Vazio.