Porque
suas mensagens tratam da imanência divina, Isto é: Deus está dentro de nós. Ao
contrário de religiões que tratam da transcendência: Deus está longe de nós.
Jesus é bem claro quanto cita várias vezes Deus e o “Reino dos Céus”. Quando
seus discípulos o interrogam: Quando virá o” Reino dos Céus”? Ele responde:” Na
verdade ele já está dentro de vós.” E, diz mais “Procura o Pai (Deus) dentro de
ti e tudo o mais te será dado em acréscimo”.
Não me apego à história factual de Jesus.
Importa-me apenas as suas mensagens de amor. Hoje, historiadores dedicam-se a
mostrar os erros que aparecem nos evangelhos de Marcos, Lucas, Matheus e João, a
respeito da vida de Jesus, fatos que não têm fundamento histórico se colocados
na sociedade judaica de sua época. Acredito, sim, que estes apóstolos que tanto
amaram seu mestre, quisessem fazer dele o messias esperado, pondo nos
evangelhos fatos que coincidissem com as escrituras judaicas que profetizavam a
vinda de um messias. Contudo, continuo tão somente me apegando ao grande amor,
muito raro que ele mostrou pela humanidade. Penso nestas suas palavras: ”Perdoa
o teu inimigo não sete vezes, mas sete vezes sete.” Também nesta: ”Amar a Deus (Deus
como força que ele considerava interna a nós) sobre todas as coisas, e amar ao
próximo como a si mesmo, nisto reside todas as leis e todos os profetas”.
Não sou deslumbrada pelos seus “milagres”.
Acredito que Jesus tivesse um completo domínio sobre a sua mente, conseguindo
os fenômenos que ela produz. Hoje, muitos paranormais realizam fenômenos
semelhantes. Porém muitos também cobram absurdos por seus trabalhos e exibem
muita vaidade. Poucos mostram a misericórdia e a grandeza amorosa de Jesus.
Quando o Sufismo, uma dissidência do Islã,
aderiu à imanência divina, com seus membros voltando-se para o seu Deus interno,
o Islamismo viu nisto uma heresia e o perseguiu. Quando Rumi, o grande mestre
sufi, deixou claro em seus versos que após procurar Deus de templo em templo, o
foi encontrar em seu coração, muitos não reconheceram a sua verdade.
Não me apego às teorias como as aparecidas no
livro “O Código da Vinci” ou as do livro “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”.
Sucessos de vendas, que tal como um sensacionalismo jornalístico, rendeu a seus
autores altas tiragens.
Não me importa se Jesus era casado ou
solteiro, se teve ou não filhos, que tipo de relacionamento tinha com Maria
Madalena, qual a sua descendência. Não me importo tampouco com os dogmas da
Igreja. Nasceu-se de uma virgem, se subiu em corpo aos céus. A única coisa que
realmente me impressiona em Jesus é a sua profunda humanidade, a sua universalidade,
a sua visão de uma força divina a que chamava de Pai, Deus, presente nele e em
nós.
Surpreende-me a preocupação de Jesus em levar
seus discípulos a se interiorizarem dizendo-lhes; “Orai e Vigiai” Orar: o
contato com sua fonte interna. O Vigiai: o cuidado com seus próprios
comportamentos.
Lendo os evangelhos, faço como um agricultor
que procurasse o trigo entre um campo minado de mato e joio. Separo apenas as
palavras plenas de amor de Jesus, são, enfim, elas que me contagiam.