Seres individuais que somos,
podemos, contudo, ser agraciados tendo uma família biológica e outra que por
não saber como defini-la vou chamar de “espiritual”.
A família biológica desenvolve e troca
afetos pela convivência amiúde. Com ela, experienciamos nossos mais importantes
momentos de alegria e de tristeza. Compartilhamos nossas vitorias e nossos
fracassos.
A família biológica é rica em
personalidades distintas. Seus membros em geral são de temperamentos
diversificados.
Nela, encontram-se elementos naturalmente
afins, cujo entendimento se dá com facilidade, onde admirações mútuas
acontecem. Porém, encontram-se nesta família também aqueles que parecem estar
inseridos juntos num mesmo grupo, com a finalidade única, última, de, por um
esforço mútuo, atingirem um princípio maior, misterioso, talvez sublime de
unicidade entre seres. O relacionamento entre eles é um exercício de
ajustamento contínuo para que a convivência harmoniosa se preserve.
Porém, dentro da família biológica,
aconteçam que divergências possam acontecer o próprio dividir vivências
conjuntas, as lembranças das grandes datas familiares compartilhadas sempre
gerarão um amor que falará mais alto no caso da família, como um todo, ser
sacudida por alguma adversidade.
Creio que o nascimento de crianças, suas
presenças dentro da família biológica, terá sempre um grande peso aglutinador,
pois a criança sempre é nela o objeto de afeto de cada um do grupo e torna-se
mesmo quase como um objeto de culto agregador. Além disso, a criança sempre
exige exemplos. Então, por ela, nos tornamos melhores.
Estarmos inseridos no seio de uma família
numerosa é uma das mais generosas dádivas que recebemos da vida.
A família que chamo “espiritual” é um
agrupamento cujos membros se atraem por interesses comuns. Sejam eles
interesses religiosos, místicos, científicos, artísticos, filantrópicos. Existe
já entre seus membros uma afinidade natural e supreendentemente pronta, estabelecida.
Ela torna seus encontros muito prazerosos. O diálogo que flui fácil é uma
constante neste tipo de grupo, pois sempre existe um tema comum para debate.
Tal afinidade os faz reunirem-se assiduamente e serem solícitos para a
necessidade de cada um.
Como a família “espiritual” satisfaz
nossas preferências individuais, nos tranquilizando, geralmente nos deixa mais
aptos a um relacionamento harmônico com a família biológica, se qualquer
dificuldade advinda das dificuldades do cotidiano e da diversidade de temperamentos
entre o membro desta, se apresentarem.
O melhor que nos pode acontecer é
possuirmos ambas as famílias. Nossa individualidade estará assim sempre
completamente assistida. Existem, porém pessoas cujo infortúnio é não possuir
qualquer família. Penso que tal solitude deverá ser avassaladora para as
emoções de alguém.
As características que marcam cada um
destes dois grupos a que podemos pertencer contribuem para a plena integridade
do nosso ser. Assim, contar com ambos é então a felicidade maior que podemos
obter.
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