Muitas
vezes, nós que cremos num Deus absoluto, num universo ordenado, provindo de uma
inteligência perfeita, ficamos sem argumentos diante de pessoas incrédulas a
quem é difícil crer devido aos caos que observam em seu mundo, também por
desilusões com pessoas ditas religiosas e ainda pela confusão entre os
conceitos de religiões estabelecidas e a verdadeira espiritualidade.
Primeiramente, para termos argumentos é
necessário aceitarmos a hipótese esotérica de dois mundos, isto é, um Deus
manifesto nas expressões do mundo material, outro Deus imanifesto, o mundo do
nosso Deus interno, mundos que não são, contudo desassociados. Enfim, nossa
face divina e nossa face humana. Se os desassociarmos cairemos nos erros que
fazia a Igreja na Idade Média e também seitas como o Maniqueísmo e o
Catarismo. Aqui era o mundo da danação,
do erro, do pecado e só no após morte encontrava-se o estado paradisíaco,
divino.
Segundo a hipótese ocultista, o mundo espiritual,
interpenetra o mundo humano e a isto se dá o nome de Onipresença Divina.
Podemos então pensar na imagem de um copo que contivesse água, areia e azeite,
nele cada um desses elementos conservando sua identidade, mas se interpenetrando
e ocupando o mesmo espaço. Precisamos aceitar também que como personalidades
humanas que somos, temos uma consciência elemental (provinda dos elementos que
nos estruturam fisicamente) capaz de perceber os fluidos, as ondas vibratórias
do nosso mundo material como o calor, a eletricidade, ondas de rádio, etc.
Todas aquelas percepções que se alteradas ou
intensificadas causam o chamado psiquismo ou poderes anímicos. Aceitarmos
também que temos uma consciência emocional capaz de perceber ondas vibratórias
de tristezas e alegrias. Enfim, aquela consciência capaz de causar todos nossos
distúrbios emocionais. Contamos ainda com uma consciência coletora de
informações culturais que contatando ainda ondas telepáticas pode ser causadora
de distúrbios os mais variados.
Essas seriam nossas consciências materiais
capazes de atuar no mundo humano. Percebemos então, este como um mundo instável
sujeito à lei da ação e reação, a lei do Carma que nós próprios com nossas três
consciências inferiores provocamos.
No
entanto, temos em nosso íntimo, à nossa disposição a essência de uma origem superior,
divina, que absolutamente não está sujeita a lei do Carma. Por esta razão se lê
em obras esotéricas como “O Caiballon” que os mestres ascencionados se colocam
acima das leis do Carma.
A Complexidade do mundo humano é imensa.
Fazem parte dele, heranças ancestrais e raciais. Nele, sempre estamos
envolvidos num todo de humanidade. Muitas experiências materiais e psicológicas
que passamos e não achamos a causa, estão às vezes ligadas a situações
distantes de nós. Um terremoto em locais longínquos aparentemente não nos toca,
mas ondas vibratórias emocionais e mentais que causa poderão nos alcançar.
Nosso mundo humano é repleto também de
dificuldades. Enfrentamos momentos cíclicos em que fazemos face aos acúmulos de
germens negativos, miasmas provindos tanto de nossa infância como da
adolescência. O analista Jung chamava tal acúmulo de negatividades que
carregamos de “A Sombra”.
Como, porém, temos uma alma divina que cuida
de nossa integridade, a volta destes germens se dá em hora certa, para não nos
sobrecarregar com os Carmas que já tenhamos acumulado. Grande perigo a esta nossa
integridade psíquica, pode acontecer quando precipitadamente vamos burilar
chacras inferiores em técnicas esotéricas que pretendem aliviar tais germens,
mas não levam em conta o preparo espiritual, a evolução das pessoas.
A tendência de nos fixarmos em erros e
circunstâncias desagradáveis do passado nos prende ao mundo da negatividade.
Mestre Jesus nos chama a atenção para a necessidade de percebermos o positivo
nos meio do erro, de desenvolvermos uma sensibilidade ao bom e ao belo, quando
entre os graves momentos de perseguições e carências do ambiente da antiga
Judéia dizia a seus discípulos: “Olhai os lírios do campo, nem Salomão em toda
sua grandeza vestiu-se com tanto esplendor”. Naturalmente que o carma que
criamos joga-nos por vezes em situações tão dolorosas que se torna difícil
perceber a Beleza. Porém, é dentro de situações relativamente tranquilas que
devemos formar o hábito de valorizarmos o que a vida nos trouxe de bom.
Lírios, uma visão da Beleza. |
Sempre existirão diferenças entre o homem
que tem sua consciência focada no mundo humano e o que tem no mundo espiritual.
O primeiro será um homem passional ou mais frágil às tristezas, o segundo será
o homem com um percebimento mais amplo, mais total do que está por trás das
circunstâncias, mais resistente emocionalmente.
O campo da consciência divina é o corpo
causal. Como seu nome já nos diz, achamos nele a origem, a causa do que nos acontece.
Proporciona-nos o aspecto forma do homem pensador, tão bem representado na
escultura “O Pensador” de Rodin. Naquela consciência está o arcabouço, o
receptáculo de todas as ideias permanentes, abstratas, eternas, que conseguimos
elaborar. No encontro com o plano causal, vamos achar também o nosso arquétipo,
termo platônico que significa modelo, matriz original. Conhecemos o que nos é
requerido como papel a cumprir na vida.
Ao contrário do que se dá com a consciência
material que pode nos levar a abismos, a consciência que confia nas leis
divinas nos leva a momentos de revelações. Todos os profetas, gênios
científicos e artísticos alcançaram o nível causal, arquetípico.
O plano divino é também a porta da Providência.
Aquela porta a que Jesus se referiu quando disse; “Bate e a porta te será
aberta”. È justamente a porta atrás da qual os ventos do Carma não atuam. Não
vivemos num mundo criado por uma consciência masoquista que nos obriga a
evoluir através do sofrimento. Os sofrimentos são criados por nós. Evoluímos
através da busca da sabedoria, só os momentos de encontro com nossas
consciências divinas nos fazem crescer. Quando através da oração, batemos na
porta da Providência ela nos oferece oportunidades. . Porém, se nosso pedido
não levar em conta o respeito humano que devemos a outrem, naturalmente não
sendo feito então com uma consciência superior, a porta não será tocada. Todo
pedido traz a possibilidade de resposta duradoura ou não duradoura. Quando um
de nossos apelos é satisfeito, mas o erro que gerou a nossa situação lastimosa
é retomado, com o tempo a situação voltará a ser igual, pois teremos um
processo Kármico idêntico.
Krishnamurti, autor do livro "Aos Pés do Mestre". |
No livro “Aos pés do Mestre” de Krisnamurth,
são explicitadas lições preciosas de como atingir o mundo divino. Entre elas
prioriza: "Vermos a transitoriedade das coisas humanas”. Quando nos angustiamos por
determinada situação, melhor seria não nos desgastarmos nela, se ela não está correspondendo
à perfeição, pois por si mesma cairá e será modificada com o tempo. O tempo é
uma característica do plano humano que não é eterno. Ele se encarrega de dar
fim as coisas. Quando olhamos para trás, vemos que nos desgastamos por algo
provisório. Vivemos no mundo do deus Cronos, o deus do tempo que dava fim a
seus próprios filhos.
“Livrar-nos da maledicência”. O falar-se
negativamente de outrem, cria um hábito que prejudica, desarmoniza o som que
alimenta nosso corpo etérico. É o chamado “poder da palavra” Muitas doenças nos
vem do hábito da maledicência. Ela é um vício que cria uma marca no corpo etérico,
além de reforçar na pessoa que é o objeto da maledicência aquilo que ela tem de
pior.
“Jamais
nos esquecermos da Onipresença Divina”. Isto é, não podemos estabelecer horas
para o divino e horas para o humano, Todas as horas deveriam ser para nós
sagradas. Todos os nossos momentos são igualmente importantes porque Deus está
presente em todos eles. Não podemos ter uma postura de santidade quando
entramos em um templo e a perdermos quando saímos dele. A fé, a devoção, nem
deveriam ser em nós algo momentâneo, mas um estado de ser permanente.
“Discernirmos
entre o intelecto e a espiritualidade”. Podemos ter uma cultura grande, sermos brilhantes,
impressionarmos auditórios e não termos vencido os entraves que nos atrasam. O
intelecto por si só jamais nos levará à consciência superior, ao encontro com o
nosso orientador espiritual.
Mestre jesus deixou bem claro que temos duas
faces: A humana e a divina e que esta última deverá se apresentar, ser o
recurso quando a nossa face humana for agredida, magoada. Quando disse “Se
alguém te bater na face esquerda, apresenta-lhe a direita”.