domingo, 26 de maio de 2019

O Mundo Divino e o Mundo Humano

A escada da evolução ao mundo Divino.
Muitas vezes, nós que cremos num Deus absoluto, num universo ordenado, provindo de uma inteligência perfeita, ficamos sem argumentos diante de pessoas incrédulas a quem é difícil crer devido aos caos que observam em seu mundo, também por desilusões com pessoas ditas religiosas e ainda pela confusão entre os conceitos de religiões estabelecidas e a verdadeira espiritualidade.
    Primeiramente, para termos argumentos é necessário aceitarmos a hipótese esotérica de dois mundos, isto é, um Deus manifesto nas expressões do mundo material, outro Deus imanifesto, o mundo do nosso Deus interno, mundos que não são, contudo desassociados. Enfim, nossa face divina e nossa face humana. Se os desassociarmos cairemos nos erros que fazia a Igreja na Idade Média e também seitas como o Maniqueísmo e o Catarismo.  Aqui era o mundo da danação, do erro, do pecado e só no após morte encontrava-se o estado paradisíaco, divino.
   Segundo a hipótese ocultista, o mundo espiritual, interpenetra o mundo humano e a isto se dá o nome de Onipresença Divina. Podemos então pensar na imagem de um copo que contivesse água, areia e azeite, nele cada um desses elementos conservando sua identidade, mas se interpenetrando e ocupando o mesmo espaço. Precisamos aceitar também que como personalidades humanas que somos, temos uma consciência elemental (provinda dos elementos que nos estruturam fisicamente) capaz de perceber os fluidos, as ondas vibratórias do nosso mundo material como o calor, a eletricidade, ondas de rádio, etc.
   Todas aquelas percepções que se alteradas ou intensificadas causam o chamado psiquismo ou poderes anímicos. Aceitarmos também que temos uma consciência emocional capaz de perceber ondas vibratórias de tristezas e alegrias. Enfim, aquela consciência capaz de causar todos nossos distúrbios emocionais. Contamos ainda com uma consciência coletora de informações culturais que contatando ainda ondas telepáticas pode ser causadora de distúrbios os mais variados.
   Essas seriam nossas consciências materiais capazes de atuar no mundo humano. Percebemos então, este como um mundo instável sujeito à lei da ação e reação, a lei do Carma que nós próprios com nossas três consciências inferiores provocamos.
   No entanto, temos em nosso íntimo, à nossa disposição a essência de uma origem superior, divina, que absolutamente não está sujeita a lei do Carma. Por esta razão se lê em obras esotéricas como “O Caiballon” que os mestres ascencionados se colocam acima das leis do Carma.
   A Complexidade do mundo humano é imensa. Fazem parte dele, heranças ancestrais e raciais. Nele, sempre estamos envolvidos num todo de humanidade. Muitas experiências materiais e psicológicas que passamos e não achamos a causa, estão às vezes ligadas a situações distantes de nós. Um terremoto em locais longínquos aparentemente não nos toca, mas ondas vibratórias emocionais e mentais que causa poderão nos alcançar.
   Nosso mundo humano é repleto também de dificuldades. Enfrentamos momentos cíclicos em que fazemos face aos acúmulos de germens negativos, miasmas provindos tanto de nossa infância como da adolescência. O analista Jung chamava tal acúmulo de negatividades que carregamos de “A Sombra”.
   Como, porém, temos uma alma divina que cuida de nossa integridade, a volta destes germens se dá em hora certa, para não nos sobrecarregar com os Carmas que já tenhamos acumulado. Grande perigo a esta nossa integridade psíquica, pode acontecer quando precipitadamente vamos burilar chacras inferiores em técnicas esotéricas que pretendem aliviar tais germens, mas não levam em conta o preparo espiritual, a evolução das pessoas.
   A tendência de nos fixarmos em erros e circunstâncias desagradáveis do passado nos prende ao mundo da negatividade. Mestre Jesus nos chama a atenção para a necessidade de percebermos o positivo nos meio do erro, de desenvolvermos uma sensibilidade ao bom e ao belo, quando entre os graves momentos de perseguições e carências do ambiente da antiga Judéia dizia a seus discípulos: “Olhai os lírios do campo, nem Salomão em toda sua grandeza vestiu-se com tanto esplendor”. Naturalmente que o carma que criamos joga-nos por vezes em situações tão dolorosas que se torna difícil perceber a Beleza. Porém, é dentro de situações relativamente tranquilas que devemos formar o hábito de valorizarmos o que a vida nos trouxe de bom.


Lírios, uma visão da Beleza.

   Sempre existirão diferenças entre o homem que tem sua consciência focada no mundo humano e o que tem no mundo espiritual. O primeiro será um homem passional ou mais frágil às tristezas, o segundo será o homem com um percebimento mais amplo, mais total do que está por trás das circunstâncias, mais resistente emocionalmente.
   O campo da consciência divina é o corpo causal. Como seu nome já nos diz, achamos nele a origem, a causa do que nos acontece. Proporciona-nos o aspecto forma do homem pensador, tão bem representado na escultura “O Pensador” de Rodin. Naquela consciência está o arcabouço, o receptáculo de todas as ideias permanentes, abstratas, eternas, que conseguimos elaborar. No encontro com o plano causal, vamos achar também o nosso arquétipo, termo platônico que significa modelo, matriz original. Conhecemos o que nos é requerido como papel a cumprir na vida.
   Ao contrário do que se dá com a consciência material que pode nos levar a abismos, a consciência que confia nas leis divinas nos leva a momentos de revelações. Todos os profetas, gênios científicos e artísticos alcançaram o nível causal, arquetípico.
   O plano divino é também a porta da Providência. Aquela porta a que Jesus se referiu quando disse; “Bate e a porta te será aberta”. È justamente a porta atrás da qual os ventos do Carma não atuam. Não vivemos num mundo criado por uma consciência masoquista que nos obriga a evoluir através do sofrimento. Os sofrimentos são criados por nós. Evoluímos através da busca da sabedoria, só os momentos de encontro com nossas consciências divinas nos fazem crescer. Quando através da oração, batemos na porta da Providência ela nos oferece oportunidades. . Porém, se nosso pedido não levar em conta o respeito humano que devemos a outrem, naturalmente não sendo feito então com uma consciência superior, a porta não será tocada. Todo pedido traz a possibilidade de resposta duradoura ou não duradoura. Quando um de nossos apelos é satisfeito, mas o erro que gerou a nossa situação lastimosa é retomado, com o tempo a situação voltará a ser igual, pois teremos um processo Kármico idêntico.

Krishnamurti, autor do livro "Aos Pés do Mestre".

   No livro “Aos pés do Mestre” de Krisnamurth, são explicitadas lições preciosas de como atingir o mundo divino. Entre elas prioriza: "Vermos a transitoriedade das coisas humanas”. Quando nos angustiamos por determinada situação, melhor seria não nos desgastarmos nela, se ela não está correspondendo à perfeição, pois por si mesma cairá e será modificada com o tempo. O tempo é uma característica do plano humano que não é eterno. Ele se encarrega de dar fim as coisas. Quando olhamos para trás, vemos que nos desgastamos por algo provisório. Vivemos no mundo do deus Cronos, o deus do tempo que dava fim a seus próprios filhos.
  “Livrar-nos da maledicência”. O falar-se negativamente de outrem, cria um hábito que prejudica, desarmoniza o som que alimenta nosso corpo etérico. É o chamado “poder da palavra” Muitas doenças nos vem do hábito da maledicência. Ela é um vício que cria uma marca no corpo etérico, além de reforçar na pessoa que é o objeto da maledicência aquilo que ela tem de pior.
“Jamais nos esquecermos da Onipresença Divina”. Isto é, não podemos estabelecer horas para o divino e horas para o humano, Todas as horas deveriam ser para nós sagradas. Todos os nossos momentos são igualmente importantes porque Deus está presente em todos eles. Não podemos ter uma postura de santidade quando entramos em um templo e a perdermos quando saímos dele. A fé, a devoção, nem deveriam ser em nós algo momentâneo, mas um estado de ser permanente.
“Discernirmos entre o intelecto e a espiritualidade”. Podemos ter uma cultura grande, sermos brilhantes, impressionarmos auditórios e não termos vencido os entraves que nos atrasam. O intelecto por si só jamais nos levará à consciência superior, ao encontro com o nosso orientador espiritual.
   Mestre jesus deixou bem claro que temos duas faces: A humana e a divina e que esta última deverá se apresentar, ser o recurso quando a nossa face humana for agredida, magoada. Quando disse “Se alguém te bater na face esquerda, apresenta-lhe a direita”.

Tensões nos Corpos


Os sete corpos e os chakras
correspondentes.
Com o reino humano, com o homem, o estágio consciente começa. Antes que a consciência surgisse, não havia individualidade, apenas espécies. No estágio da espécie, do animal, da planta, a existência é mecânica, não há escolha. O existir é sempre dependente do clima, do trato que alguém lhes dá, enfim, de qualquer influência externa. Com o homem, aparece o livre arbítrio, o conhecimento do bem e do mal, a escolha consciente para evoluir. Ai então, é que surgem as tensões, os conflitos íntimos, as incertezas. Para a maioria dos psicólogos as tensões originam-se entre os desejos do homem e a carga social sobre ele (família, cultura, etc.) que o impede de concretiza-los. Para o esoterismo, embora não despreze a carga social, afirma que existe outra origem para a tensão. Vê, sobretudo o conflito existente entre os nossos desejos e aquilo que os indianos chamam de “Dharma”, que são as leis dois nossos corpos superiores. A evolução seria então a harmonia feita pelo indivíduo entre os corpos do desejo e aqueles corpos que trazem o Dharma. Assim é a divisão destes corpos: Corpos do desejo, Físico, etérico, emocional e mental. Corpos da Vontade ou superiores: Causal, Búdico e Nirvânico.
   Os corpos do desejo são receptáculos que nos fazem assimilar elementos para abastecer cada corpo inferior. Ao mesmo tempo, os corpos superiores possuem vontades que de certa forma vêm controlar os abusos que cometemos quando desejamos algo. Exemplificando; o corpo físico pode ingerir uma quantia de alimentos e ingerimos duas vezes mais. Então, tensões, desconfortos físicos aparecem causados pelo uso de desejos incorretos contra as leis do Dharma, da vontade correta. A vontade é uma energia imanente que vem do mais íntimo ser. É o nosso Dharma.

A Roda do Dharma.

   Tanto os corpos inferiores como os superiores estão em evolução. Ambos criam tensões em nossa consciência. Os inferiores quando seus desejos não são satisfeitos com correção, os superiores quando eles não conseguem controlar a qualidade dos desejos dos inferiores.
O corpo físico se abastece com alimentos, com posturas, repouso, atividades, prana, etc. Qualquer um destes abastecimentos não sendo satisfeitos podem nos causar tensões.
  O corpo etérico é o grande vitalizador. Vitaliza o físico com algo sutil, não tocável como sons perfumes e cores.
  O corpo emocional se abastece de relacionamentos afetivos e sociais. Sente, tensiona-se quando tais relacionamentos não estão corretos.  Respondendo positiva ou negativamente aos impactos emocionais dependendo do quanto já evoluímos. Impactos emocionais infantis pode nos tornar um infrator.
   Quanto ao corpo mental, ele se abastece de filosofias, doutrinas ou qualquer elemento cultural ou intelectual que o ajude a analisar os seus impactos emocionais.
Os três corpos superiores se abastecem com a sabedoria que possamos obter através do nosso viver, da tranquilidade e felicidade obtida, enfim da concretização do nosso Dharma individual.
  Nossas tensões aparecem com frequência nos nossos sonhos. Eles são como alertas acusando um desconforto, uma tensão num dos corpos. O corpo físico expressa em sonho o desconforto que está passando no momento do sono ou desequilíbrios que estão sendo vividos pelo corpo. Exemplificando: se durante o inverno o nosso pé ficando fora da coberta e esfria, podemos sonhar que estamos caminhando num campo de neve. Se a nossa alimentação não foi correta, se foi posta uma sobrecarga maior em nossa digestão se estamos dormindo com o pescoço muito curvo, se os nervos estão tensos por demasiada atividade diurna, tudo é motivo para que nos sonhos surjam estes desconfortos.
 O sonho do desconforto físico geralmente é o mais lembrado porque segundo o estudo esotérico dos corpos é o sonho mais perto da consciência física. Na medida em que as tensões são pertinentes aos corpos mais elevados, diz o esoterismo, o sonho tensional não é apreendido pela consciência física, não é lembrado.

Posições da Hatha yoga.

   Já o corpo etérico capta, percebe vibrações desconfortáveis no ambiente: Sons, perfumes etc. Percebe, por exemplo, o som de uma torneira pingando, de uma janela batendo. Podemos então forjar sonhos a partir de ruídos e perfumes fortes.
   Os sonhos pelos desconfortos do corpo emocional são frequentes. São causados pela sensibilidade demasiada a toda violência acontecendo em nossa sociedade. Também por remorsos pelos erros que fizemos, por acumulações de mágoas passadas. Tais sonhos geralmente nos levam a passado, sonhamos com pessoas falecidas que se relacionaram conosco.
   As tensões no corpo mental dizem respeito às preocupações futuras, inseguranças financeiras, mudanças repentinas de conceitos aos quais estamos apegados.
Nossos corpos superiores também elaboram sonhos porque assim como os inferiores, delatam nossas tensões, os superiores expressam a vontade divina, o Dharma individual de cada um de nós que não foram ainda concretizados. O corpo causal em seus sonhos retrata belezas futuras , a que nenhuma realidade se compara. O corpo Búdico é o plano intuitivo que nos leva ao nosso papel, ao nosso arquétipo individual. É o plano em que vive a consciência dos profetas. Nos sonhos do plano Nirvânico o sentimento é de paz e de identidade com o Todo, com o Samadhi, o repouso.
   As várias Yogas nos auxiliam a vencer as tensões. A Hatha Yoga ajuda o corpo físico, a Karma Yoga atua no corpo emocional, a Raja Yoga equilibra as tensões mentais, A Jnana Yoga nos leva a elaborar conceitos eternos, pacificando nossas tensões e os corpos búdicos e nirvânicos são auxiliados pela Bhakty Yoga através da devoção e da contemplação.