Resumo de uma aula dada
ao meu grupo em 14 de março...
Quero
aqui abordar o acontecido na cidade de Abadiânia. Sem querer julgar o médium
João de Deus, pois nada sou para julgá-lo. Não sabemos se ele foi de início alguém muito honesto e
casto e com a fama que obteve depois, decaiu. Porque a fama é um teste muito
raro de alguém vencer. O Poder é o raio mais difícil de alguém transpor sem se
corromper. Apenas temos de lastimá-lo e desejar que seja perdoado e que evolua
muito com os sofrimentos porque passa agora. Quero apenas ver se tiramos do que
se passou ali algum ensinamento para nós. Vamos começar pelo Psiquismo.
Ramana Maharshi e seu doce olhar, um verdadeiro Mestre espiritual. |
Bem sabemos que possuímos sete corpos ou
consciências: O físico, o etérico, o emocional e o mental. Que chamamos de
“quaternário inferior” e três corpos superiores: Átmico, Búdico e Causal. Se
dividirmos estas três consciências superiores na divina Trindade, isto é, em
três categorias, as veremos assim:
O corpo
Átmico é o mais espiritual. É a Vontade de criar, o impulso criativo e o representamos
na cor azul. O Búdico é a consciência que nos leva à bem aventurança, à
tranquilidade e consequentemente à Sabedoria. Representamos esta consciência na
cor Amarela. No Causal, está o nosso
modelo individual de perfeição, que buscamos alcançar, o nosso código genético
divino e o representamos na cor rosa.
Já os
corpos inferiores físico, emocional e mental são nossos instrumentos, eles
trabalham as maneiras, as atividades materiais como arte, ciência, cura,
instrução, trabalho social etc, com as quais manifestamos as potências das
consciências superiores.
O etérico é o nosso corpo vital, a energia que
vitaliza todas as nossas ações.
Os corpos inferiores são os responsáveis pelos
fenômenos do Psiquismo. O que é o Psiquismo? É a facilidade de obtermos através
dos corpos inferiores os fenômenos conhecidos como ”paranormais”. Quando
acontecem os fenômenos psíquicos? Quando o corpo vital está vitalizando
demasiadamente os corpos inferiores, quando estes estão sendo muito
solicitados. Como exemplos, temos o período posterior a um parto, ou à
atividades braçais muito pesadas.
Podemos
considerar o paranormal alguém já evoluído, espiritualizado? Absolutamente não.
Temos os chamados “magos negros”, que lidam muito bem com o psiquismo, mas são
muito pouco evoluídos. As vezes, algumas
pessoas se comprazem em exibir tais poderes psíquicos, causando o
deslumbramento naqueles que os cercam, que os confundem então com grandes
mestres. Isto leva geralmente estes pretensos mestres à muita vaidade. Por isso
Helena Blavatsky diz que “o Psiquismo é o atoleiro da Espiritualidade”.
Levitação, um fenômeno psíquico. |
Os fenômenos psíquicos são inúmeros. Com este
poder fazemos coisas assombrosas. Entre elas: Levitações, levantar objetos de
um lugar a outro, combustões, materializações, domínio da temperatura corporal.
Com os corpos muito vitalizados, podemos perceber ruídos vindos de ondas
vibratórias ambientais como rachaduras em madeiras, em cristais etc. Fenômenos
vêm também do corpo emocional. Percepções de ondas de tristezas acontecendo à
distância. Ainda do corpo mental, por exemplo, temos a Telepatia, acontecendo
entre cérebros transmissores e receptores. Já os corpos superiores vitalizados
produzem fenômenos espirituais também.
A Cabala judaica fala muito bem da diferença entre
um fenômeno psíquico e um espiritual. Exemplos disso são: a Preconização e a
Intuição. Ambos falam de um
acontecimento por vir. Parecem ser iguais, mas não o são. É diferente se
preconizar um acontecimento e se intuir um acontecimento.
A Cabala explica assim: No gráfico da Árvore
da Vida cabalística, temos os corpos inferiores representados por: Malkuth,
Netzach, Hod e Yesod. Respectivamente os
corpos físico, emocional e mental e Yesod o vital. Yesod é chamado “a caixa de
imagens”. Qualquer fenômeno onde vemos imagens é psíquicos, vindos da
vitalização de Yesod.
Assim, na Preconização, vemos a imagem do
acontecimento por vir. Já na Intuição, sendo ela um fenômeno espiritual, sem
vermos imagem alguma, inconscientemente, agimos como se estivéssemos nos
preparando para algo que, sem sabermos, depois acontecerá. Por exemplo: Alguém irá
embarcar num avião que cairá. Então, por alguma razão é impedida ou desiste de
embarcar. Mas jamais verá antecipadamente a imagem do avião caindo. Outro exemplo: Alguém irá sem saber, viver um
sofrimento e, é levada a ler um livro que fala no sofrer, é conduzido a
assistir uma palestra cujo tema é o sofrimento. Tudo como se estivesse sendo
preparada para ir vivê-lo depois. Isto é Intuição, são as nossas consciências
superiores agindo a nosso favor.
Intuição, um fenômeno espiritual. |
Quanto às curas: Aquelas onde o recebedor não
está muito imbuído de se melhorar espiritualmente e cuja fé é apenas uma crença
cultural sem muita intensidade, geralmente a cura é provisória. Quando a causa
que gerou a doença é novamente feita, a
doença retorna. A cura permanente é conseguida através das mudanças em nossas
emoções e comportamentos. A cura geralmente requer um objeto de
devoção. Devoção a um santo, a um deus,
à alguém ou a um local com grande energia devocional.
Vejamos o caso de Abadiânia. O local tinha
tudo para que curas acontecessem. Contava com alguém que era um objeto de
devoção, por sua fama de médium que recebia espíritos de luz. Havia a devoção a
um santo. Acreditava-se estar ali o espírito de santo Inácio de Loyola, um
santo muito prestigiado na Igreja, escolhido para dar nome à casa de trabalhos
mediúnicos. Era também um local onde a força votiva de centenas de pessoas era
imensa. Muita gente já sentia isto ao entrar na cidade. Era, além disso, feita
uma corrente de pessoas devotas, unidas para auxiliar voluntariamente o
trabalho.
A Fé é a grande energia espiritual da qual
Jesus dizia: “Se tiverdes Fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este
monte: Move-te! E ele se moverá” (naturalmente que o monte aqui se referia a
obstáculos). A Fé verdadeira é uma confiança nas graças divinas.
Acho que em Abadiânia eram oferecidos dois
tipos de fenômenos. O Psíquico (fenômenos de cortes sem sangue e indolores,
inclusive também remoções cirúrgicas de tecidos doentes do corpo através de
incisões que se curavam imediatamente), práticas vistas as vezes em Yogas indianos,
mas que eram dominadas pelo enorme poder psíquico de João de Deus,
independentemente dos seu comportamento errôneo.
Paralelamente
a esta acontecia as curas espirituais. Estas conseguidas através da potente Fé
de centenas de pessoas ali presentes.
O poder transformador da Fé. |
Bem, agora falemos sobre o relacionamento entre
mestre e discípulo, que chamamos de Iniciação ou Discipulado. São votos, e
desejos pessoais de conscientemente, dia a dia, nos dedicarmos a obter, a
desenvolver a tranquilidade para obter a Sabedoria.
É possível sempre apelarmos e contatarmos, através
de um processo telepático, alguém mais evoluído que nós, mesmo estando à nossa
distância. Porém, para tanto, é necessário existir uma afinidade entre nós e
quem será o nosso mestre. Podemos com o seu auxílio atuarmos em qualquer campo
de atividade escolhido. Seja elas a arte, a ciência, a instrução, a cura, etc. O
importante neste relacionamento é termos, nós e o mestre, um objetivo igual
quanto a atividade que iremos realizar.
O
propósito daqueles mestres que no esoterismo chamamos de “Mestres da Luz” é
sempre a evolução pessoal do seu discípulo. Então, o comportamento externo do
discípulo é importante nesta relação, pois
ele é o que vai determinar se é realmente um” Mestre da Luz” que o está
orientando. Um objetivo puro e o seu comportamento é o que nos manterá ligados
ao mestre.
Exemplificando:
Digamos que algum de nós queira abrir um grupo espiritualista. Apelará como
guia do trabalho algum mestre. Ele será um patrono para o grupo. Enquanto o
grupo se mantiver puro, isto é, livre de concorrências com outros grupos, livre
de desejos de ganhos financeiros e de vulgarizações do sexo, nosso orientador
estará nos facilitando o trabalho. Porém, se o discípulo enveredar por estes
atalhos perniciosos, o mestre se afastará. O relacionamento é rompido por falta
de igualdade de propósitos.
O Mestre Buda e seus discípulos. |
Poderá acontecer que o trabalho grupal, sem
mais o mestre, até tenha continuidade e venha a atingir até grandes proporções,
como se constata em alguns gurus que mesmo já desviados do Bem, reúnem centenas
de seguidores a seu redor. Estes geralmente continuam presos à lembranças de
belas palavras ditas em livros, e palestras enganosas. Porém, não se trata mais de um Discipulado,
pois ali nenhum Mestre da Luz atua mais.
O Discipulado nem sempre é fácil de levarmos
adiante, porque usando de nosso livre arbítrio pode nos desviar do caminho proposto.
Porém, é também gratificante, pois vivemos com a certeza de termos dado a mão à
alguém que tenta evitar entramos em atalhos perigosos e sem retornos.
Quanto à Mediunidade, que foi o trabalho de Abadiânia,
o médium era, como sempre, o medianeiro entre o guia espiritual e quem buscava
melhoria. Só que a Mediunidade é diferente do Discipulado. Neste, o aluno já
chega com o desejo apenas de se melhorar, evoluir espiritualmente, então já
conta com um bom mestre. Já o médium é mais frágil, pois podem receber as
entidades tão boas quantas aquelas maléficas. Não creio que um guia, uma entidade
de luz permitisse comportamentos de desrespeitos às pessoas e a exploração da
Fé como o acontecido em Abadiânia.
Para completar esta exposição, quero me referir
à minha própria experiência com Abadiânia. Li livros muito elogiosos ao médium
João de Deus e pus então muita Fé nele. Tomei então água magnetizada vinda de lá, e me
senti com ela bem melhor de saúde.
Porém, depois que perdi a Fé, principalmente
nas entidades que o médium recebia, responsabilizei-as também pelos comportamentos
errôneos do médium. Não acreditei mais na presença do espírito de santo Inácio
no local. Acho que seu nome foi usado
para dar prestígio à casa mediúnica. Raciocinei assim: que seria impossível exatamente
a um antigo sacerdote, que passou uma encarnação inteira fazendo votos de
castidade, depois de quinhentos anos passados, não ter evoluído nada, e vir até
orientar um aluno para desrespeitar justamente a energia sexual. Deixei então
imediatamente de tomar a água vinda de lá, pois sem a minha Fé ela de nada me adiantaria.
Então, meus queridos, se vocês optarem por
seguir um caminho de Discipulado ou por um trabalho mediúnico, meu conselho é
que sigam a frase de Jesus “Orai e Vigiai” (não a vigia nos comportamentos
alheios, mas os de si mesmos).
O Afro Brasileira que pode ser tão sábia nos
diz que a vigia nos deixa de “corpo fechado” (isto é: imunes à influências
maléficas). Contudo, sempre teremos à mão os magníficos conselhos do grande
mestre que foi Jesus.
Aprendi muito, Lelete, sogrinha querida e admirada. Obrigada por compartilhar a sua sabedoria!
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