Visão de uma Atlântida submersa. |
De
todos os locais misteriosos que levantam especulações, tais como Stonehenge, a
pirâmide de Quéops e a Esfinge egípcia, as linhas peruanas de Nasca, Atlântida,
sem ter deixado, como estes, vestígios visíveis, é certamente o que mais
fascínio vem exercendo no imaginário dos povos.
Muitos o vêm como um Éden perdido,
dedicando-se até as incansáveis buscas para encontra-la ,outros a têm como um
paraíso mítico, lendário.
A divergência entre a realidade ou não de
sua existência teve início desde que o filósofo grego Platão, no século IV AC.,
descreveu-a em sua obra Timeu e Crítias. Nesta obra ,em um diálogo, o
personagem Crítias revela como num continente submerso , o seu povo conseguira
um governo perfeito, harmonioso, tal como idealizado pelo próprio Platão em sua
genial “República”, obra que fora recentemente terminada.
O conhecimento de tal sociedade paradisíaca lhe
teria sido revelado por Sólon, sábio grego, que por sua vez o obtivera de um
sacerdote quando estivera no Egito.
A exposição de tal sociedade foi feita na
obra platônica com tais detalhes que levantou uma grande dúvida: Teria Platão desejado
através de uma ficção, por à tona uma narrativa que ele realmente ouvira e dera
crédito?
A repercussão do escrito de Platão teve tal
relevância na época, que tanto os seus seguidores platônicos como os
aristotélicos entraram em acirradas disputas verbais, os primeiros optando pela
veracidade do que fora narrado e os outros concluindo que Platão achara um bom
tema que lhe resultaria num sucesso literário.
Uma realidade histórica fluía das minúcias
com que Platão descrevia aquele imenso território insular, localizado-dizia ele-
além do estreito de Gibraltar, em pleno oceano Atlântico e que contava com
cidades de mansões e templos revestidos de prata, ouro, cobre, e marfim.
Além disso, Platão insere em textos de sua
obra, que poderiam ter ficado apenas como ficcionais, afirmativas próprias de
que tudo era realmente referência a fatos verdadeiros. Segundo o sacerdote
egípcio informara a Sólon - dizia Platão - os egípcios guardavam em sua memória
histórica, que retrocedia há nove mil anos, a lembrança de uma grande
catástrofe diluviana, que pusera término a adiantada sociedade de Atlântida,
levando seu continente a submergir no fundo das águas. Acrescentando ainda que
isso se deveu a uma decadência moral, que levara os Atlantes sábios e virtuosos
a uma arrogância onde se tornaram desejosos de estender seu poderio e dominar
outras terras.
No entanto, toda esta aparência verdadeira imprimida
em seu relato, dava também margem às controvérsias, uma vez que Platão
introduzia nele partes absolutamente míticas. Dizia que Atlas, o mais forte dos
Titãs mitológicos, fora o responsável pela construção do imponente templo de
Atlântida, erguido em homenagem a Poseidon. E, que este aliás ,foi quem
escolhera gerar parte de sua descendência naquela região de Atlanta, na ocasião
em que - segundo os mitos gregos - os três irmãos Zeus, Poseidon e Hades,
dividiram o mundo entre si. Também atribui ao próprio Zeus castigar os
desmandos dos Atlantes com a submersão de seu território.
Localização de uma presumível Atlântida. |
Assim, Platão conseguiu levantar esta
dúvida: Atlântida é realidade ou fábula?
Modernamente, nos séculos XIX e XX, mitos
defensores da veracidade de Atlântida surgiram para levantar apaixonadamente a
questão. Todos ligados não à ciência, mas ao esoterismo. Tivemos a russa
Blavatsky, famosa por sua obra ocultista “A Doutrina Secreta”. Nela, corrobora
todo o relato platônico. Também o filósofo austríaco Rudolf Steiner, criador do
movimento místico da Antroposofia e principalmente o trabalho detalhado sobre o
continente submerso, de um agricultor americano Edgar Cayce que já granjeara
projeção por seus notáveis poderes paranormais.
Estes três estudiosos e mais uma quantidade
imensa de escritos surgidos nestes séculos, levantaram novamente tal assunto.
Quanto à posição científica, alguns
sismólogos já se dedicaram e ainda se dedicam a uma busca mais direcionada para
o relato do grande dilúvio. Porém, em sua grande maioria, os grupos científicos
conservam-se céticos a respeito preferindo jogar a Atlântida para o terreno do
imaginário, do mito.
Sem dúvidas, pensar em Atlântida é por à
tona uma questão milenar que continua fascinando muitos.