Neste dia de Consciência Negra nós,
mulheres, nos lembramos do panteão de deusas africanas que consegue nos dar as
principais características femininas.
Em sua deusa mais antiga, temos Nanã. Nanã é
aquela que estruturou no caos da matéria virgem, primordial, todas as formas
viventes. É chamada por isto “Mãe dos Orixás”. Como deusa personalizada, é a
mulher na idade avançada, muito sábia, a que toda família recorre nas
desavenças para refúgio e conselhos. A iniciada de culto tomada em transe por
Nanã dança como se estivesse embalando uma criança. Nanã embalou em seu seio a humanidade.
Sua cor é o branco rajado de violeta.
Iemanjá é o desejo de procriar.
Personalizada, atrai os homens apenas pelo desejo de procriação. É o mar. Em
suas águas, traz as formas criadas por Nanã a saírem do mundo primordial e vir
desenvolver-se em suas águas, a vir habitar o mundo manifestado. É o instinto
materno de todas as fêmeas. Sua cor é o azul do mar.
Iansã é a mulher conduzida por um forte
instinto sexual. Seduz pela sensualidade. Faz vir à tona o erotismo masculino
com a força das tempestades. É chamada por isto de “senhora das tempestades”. No
sincretismo com o catolicismo é santa Bárbara. Sua cor é o vermelho das
paixões. É cultuada na África como a entidade responsável pelas correntezas do
rio Níger, na Nigéria.
Oxum é a energia da beleza doce, é dengosa, é
faceira. Quando se olha no espelho que trás às mãos, vê a sua beleza refletida (é
o mais belo orixá do panteão afro) toma consciência do seu poder feminino; se
faz ingênua para igualmente atrair. É a atração da inocência. Faz com o
companheiro um relacionamento duradouro, não relâmpago, como o de Iansã. Seu
rosto parcialmente tampado reflete a sutileza feminina.
Oxum é o nome de um rio da África, a deusa é
por isto relacionada a todas as águas doces, e cachoeiras. Gosta do lírio,
símbolo da pureza. Sua cor é o amarelo.
Devemos
em fim, à sabedoria dos afro-brasileiros todas estas concepções tão importantes
para se compreender melhor a mulher.