sábado, 19 de novembro de 2016

Mulheres no Panteão Afro


Neste dia de Consciência Negra nós, mulheres, nos lembramos do panteão de deusas africanas que consegue nos dar as principais características femininas.
   Em sua deusa mais antiga, temos Nanã. Nanã é aquela que estruturou no caos da matéria virgem, primordial, todas as formas viventes. É chamada por isto “Mãe dos Orixás”. Como deusa personalizada, é a mulher na idade avançada, muito sábia, a que toda família recorre nas desavenças para refúgio e conselhos. A iniciada de culto tomada em transe por Nanã dança como se estivesse embalando uma criança. Nanã embalou em seu seio a humanidade. Sua cor é o branco rajado de violeta.
   Iemanjá é o desejo de procriar. Personalizada, atrai os homens apenas pelo desejo de procriação. É o mar. Em suas águas, traz as formas criadas por Nanã a saírem do mundo primordial e vir desenvolver-se em suas águas, a vir habitar o mundo manifestado. É o instinto materno de todas as fêmeas. Sua cor é o azul do mar.
   Iansã é a mulher conduzida por um forte instinto sexual. Seduz pela sensualidade. Faz vir à tona o erotismo masculino com a força das tempestades. É chamada por isto de “senhora das tempestades”. No sincretismo com o catolicismo é santa Bárbara. Sua cor é o vermelho das paixões. É cultuada na África como a entidade responsável pelas correntezas do rio Níger, na Nigéria.
   Oxum é a energia da beleza doce, é dengosa, é faceira. Quando se olha no espelho que trás às mãos, vê a sua beleza refletida (é o mais belo orixá do panteão afro) toma consciência do seu poder feminino; se faz ingênua para igualmente atrair. É a atração da inocência. Faz com o companheiro um relacionamento duradouro, não relâmpago, como o de Iansã. Seu rosto parcialmente tampado reflete a sutileza feminina.
   Oxum é o nome de um rio da África, a deusa é por isto relacionada a todas as águas doces, e cachoeiras. Gosta do lírio, símbolo da pureza. Sua cor é o amarelo.
Devemos em fim, à sabedoria dos afro-brasileiros todas estas concepções tão importantes para se compreender melhor a mulher.

O Santo do Pau Oco


Abertura nas costas do santo, utilizada
para guardar o ouro.
Quando alguém se diz muito santo, mas de santo não tem nada, nós costumamos dizer: “è um santo do pau oco, é um mentiroso” Esta frase se refere a um costume do tempo do Brasil colônia de Portugal e do tempo do ouro em Minas Gerais. Havia naquele tempo imagens de santos esculpidas em madeiras ocas para ficarem mais leves para serem levadas em procissões. Mas, dentro dela, as igrejas escondiam barrinhas de ouro (porque a moeda época eram barras de ouro) fazendo uma abertura nas costas das imagens. Essa era a forma como a Igreja burlava o fisco, a fiscalização do imposto sobre o ouro. A coroa portuguesa cobrava o imposto de um quinto sobre o ouro que qualquer pessoa conseguia ganhar. Por exemplo: A Igreja queria fazer uma reforma no interior de uma catedral (todos os ornatos das igrejas mineiras eram em ouro), então, a Igreja pedia doações, só que ela ganhava mais barras de ouro do que ia realmente usar na reforma, então, o ouro que sobrava ela escondia dentro do santo oco. Deixava assim de pagar o imposto sobre aquele ouro escondido. Depois ela contratava paroquianos devotos para atuarem como contrabandistas e contrabandeava o ouro escondido e era nisso que podia tirar o maior lucro.
Uma matraca das antigas
procissões.
    Bem, mas não era fácil sair com aquele ouro de dentro da igreja. Então , quando ela já tinha uma boa reserva dentro dos santos ela aumentava o número de procissões, pois era justamente na ocasião das procissões que se fazia o contrabando. Os paroquianos contrabandistas eram encarregados de levarem os andores dos santos ocos e no decorrer da procissão passavam por postos de fiscalizações sem serem notados pelos guardas. Depois, em meio daquela multidão comprimida em vielas estreitas, entre cantos de louvores, os contrabandistas iam passando disfarçadamente o ouro dos andores para bolsas. Quando terminava a procissão o ouro já tinha  sido todo  passado. Todos os participantes da procissão sabiam o que estava acontecendo, mas como toda a população era revoltada contra aqueles impostos cobrados, todos eram cúmplices, todos guardavam disso o maior segredo.
    No entanto, seria um perigo se na transferência disfarçada do andor para as bolsas alguma barra de ouro caísse no chão, fazendo barulho, o que chamaria a atenção dos guardas ·. Então, se diz que isso é a  origem da Matraca. A Matraca é aquela sineta que vai tocando anunciando o passar da procissão. Oficialmente era usada para chamar os fieis à procissão, na verdade, servia para encobrir um contrabando. E todos afinal estavam do lado da Igreja, pois achavam que os portugueses bem mereciam isto.