Abertura nas costas do santo, utilizada para guardar o ouro. |
Quando
alguém se diz muito santo, mas de santo não tem nada, nós costumamos dizer: “è
um santo do pau oco, é um mentiroso” Esta frase se refere a um costume do tempo
do Brasil colônia de Portugal e do tempo do ouro em Minas Gerais. Havia naquele
tempo imagens de santos esculpidas em madeiras ocas para ficarem mais leves
para serem levadas em procissões. Mas, dentro dela, as igrejas escondiam
barrinhas de ouro (porque a moeda época eram barras de ouro) fazendo uma
abertura nas costas das imagens. Essa era a forma como a Igreja burlava o
fisco, a fiscalização do imposto sobre o ouro. A coroa portuguesa cobrava o
imposto de um quinto sobre o ouro que qualquer pessoa conseguia ganhar. Por exemplo:
A Igreja queria fazer uma reforma no interior de uma catedral (todos os ornatos
das igrejas mineiras eram em ouro), então, a Igreja pedia doações, só que ela
ganhava mais barras de ouro do que ia realmente usar na reforma, então, o ouro
que sobrava ela escondia dentro do santo oco. Deixava assim de pagar o imposto
sobre aquele ouro escondido. Depois ela contratava paroquianos devotos para
atuarem como contrabandistas e contrabandeava o ouro escondido e era nisso que
podia tirar o maior lucro.
Uma matraca das antigas procissões. |
Bem, mas não era fácil sair com aquele ouro
de dentro da igreja. Então , quando ela já tinha uma boa reserva dentro dos
santos ela aumentava o número de procissões, pois era justamente na ocasião das
procissões que se fazia o contrabando. Os paroquianos contrabandistas eram
encarregados de levarem os andores dos santos ocos e no decorrer da procissão
passavam por postos de fiscalizações sem serem notados pelos guardas. Depois,
em meio daquela multidão comprimida em vielas estreitas, entre cantos de
louvores, os contrabandistas iam passando disfarçadamente o ouro dos andores
para bolsas. Quando terminava a procissão o ouro já tinha sido todo
passado. Todos os participantes da procissão sabiam o que estava
acontecendo, mas como toda a população era revoltada contra aqueles impostos cobrados,
todos eram cúmplices, todos guardavam disso o maior segredo.
No entanto, seria um perigo se na
transferência disfarçada do andor para as bolsas alguma barra de ouro caísse no
chão, fazendo barulho, o que chamaria a atenção dos guardas ·. Então, se diz que isso é a origem da Matraca. A Matraca é aquela sineta
que vai tocando anunciando o passar da procissão. Oficialmente era usada para
chamar os fieis à procissão, na verdade, servia para encobrir um contrabando. E
todos afinal estavam do lado da Igreja, pois achavam que os portugueses bem
mereciam isto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário