sábado, 10 de maio de 2014

Duas Lendas Sobre o Mundo Angélico


Uma lenda da Irlanda nos conta que na época do paraíso do Éden, Eva estava lavando roupa na beira de um riacho quando javé lhe apareceu. Assustada, ela escondeu dele os filhos que ainda não havia lavado e Javé então lhe perguntou :Estão aqui todos os seus filhos? Ela disse: sim estão todos. Com javé percebeu sua mentira, advertiu Eva que todos aqueles que ela havia escondido ficariam para sempre invisíveis, escondidos aos olhos dos homens. Estes filhos invisíveis transformaram-se em elfos, fadas, seres da natureza.


Oisin e seu cavalo.


   Outra lenda, esta dos celtas pagãos irlandeses, nos fala sobre o tempo dos homens onde estes envelhecem e o tempo dos anjos e dos seres da natureza que possuem a juventude eterna. É a história de Oisin. Este era um guerreiro celta da tribo dos Fianna.  Desejou sempre transpassa o limite que o separava da terra da eterna juventude, onde vivia o povo angélico. Conseguiu chegar lá e ali viveu feliz e naturalmente jovem por muito tempo. Um dia porém  sentiu grande saudade da sua terra, a Irlanda, desejou muito saber como estariam os companheiros Fianna. Foi, porém advertido pelos habitantes angélicos de que não voltasse lá, pois ali encontraria a velhice e a decrepitude. Oisin, contudo não resistiu ao desejo e voltou. Os anjos então lhe deram um cavalo branco e o aconselharam a jamais desmontá-lo, pois o cavalo era a sua ligação à terra da eterna juventude. Quando chegou lá, não encontrou mais sua tribo  porque o Cristianismo já reinava ali.
   Enquanto passeava em seu cavalo, visitando os locais queridos onde havia cantado, dançado, feito belos ritos pagãos e ouvido inesquecíveis histórias, viu um grupo de cristãos tentando erguer uma igreja, mas sem força de erguer as pedras do alicerce. Ele , que já fora um guerreiro e possuía até ali , após tantos e tantos anos, ainda a mesma força de sua juventude, aproximou-se para ajudá-los. Mas como não queria descer do cavalo, conforme lhe fora aconselhado, tirou o pé do estribo e enfiou o pé por baixo de cada pedra. Porém, num dado momento a cilha arrebentou e quando a sela virou ele foi arremessado ao chão.
   Quando Oisin tocou com o corpo na terra irlandesa, transformou-se repentinamente num velho encarquilhado, decrépito e frágil em acordo aos tantos anos que já vivera.
   Oisin perdera a juventude eterna e compreendeu que o tempo na terra dos homens era contado e na terra dos anjos não se contava.  Razão porque os anjos e seres da natureza mantinham seus corpos sempre jovens.
 

A Filosofia do Budismo e Diferenças ao Hinduísmo


O Budismo irá se diferenciar do Hinduísmo, pois enquanto este crê no Brahman, no Deus criador, o Budismo não crê em Deus, nem em nossa alma individual. Para o Budismo, nossa consciência mais alta é a mente. O que é a mente?  É a parte do ser baseada em experiências, conhecimentos, pensamentos, parte sem forma que sobrevive à morte. O que sobrevive no Budismo?  Não é o Atma, a alma ligada ao Brahman, mas a corrente mental de cada um de nós, com impressões deixadas nela por nossas ações boas ou más. Esta corrente mental, quando é negativa, dá origem à nova experiência de vida, às reencarnações. Então, reencarnamos porque temos carma, isto é, marcas negativas em nossa mente. Quando alguém não tem mais impressões negativas na corrente mental, não se encarna mais. Liberta-se do Samsara (ciclos encarnatórios) a não ser em casos especiais, como veremos depois. Quando nossa consciência não possui mais marcas insatisfatórias, ela entra num estado de bemaventurança chamado Nirvana. Ao contrário do Hinduísmo que em meditação busca ultrapassar a mente, o budista ao meditar quer acalmar a mente para atingir a bemaventurança da mente búdica. Enquanto o Hinduísta preocupa-se com o universo em que fazemos nossa evolução, cadeias planetárias, nossa eras evolutivas, raças etc (Teorias encontradas na escola teosófica de Blavastky e em outras tantas), o Budismo dedica-se apenas em atingirmos a felicidade, nos livrarmos de nossas dores e sofrimentos. É chamado  por isso “A doutrina da dor”.Nos livrarmos de nossos medos raivas e apegos, esta é também a meta. Naturalmente, assim, todos nós, segundo o Budismo, nos tornaremos Budas. Teremos uma mente plena de bemaventurança, porém, jamais seremos um ser individual. O que é um ser individual? Um ser que tem características próprias.  O Budismo não endossa o pensamento pitagórico de que cada um de nós é um número dentro do grande esquema matemático do universo, nem que sejamos uma nota, um som, dentro do que chamava “a Música das Esferas”.  Tampouco endossa o pensamento maçônico de que cada um de nós é um tijolinho dentro da construção do grande “Arquiteto do Universo”. No Budismo, todos aqueles que atingem a mente búdica têm as mesmas percepções espirituais, suas mentes são idênticas. Formam uma Unidade, não uma Diversidade na Unidade, como pensam os hinduístas. Os budistas quando rezam, não o fazem a Deus, mas a seres iluminados e compassivos.

Buda e seus cinco primeiros discípulos.


     A mais antiga das tradições budistas é o Hinayana também chamado de Theravada. Um adepto do Theravada acha que se cada homem melhora o mundo automaticamente melhora. Então, é completamente voltado a si mesmo, através de práticas rigorosas. Persegue o ideal de chegar a ser um Arhat, um ser perfeito. Não perturba o mundo, mas também não se envolve em suas misérias e erros. Deixa que cada um siga o seu caminho.

     No séc. I da nossa era surge a escola Mahayana com grande ênfase na crença em Bodhisattvas. Estes, seres de mente já purificada, mas que sacrificam-se retornando à encarnações, apenas para ajudarem à humanidade a se livrarem de seus erros. Seu princípio é a Compaixão. No Mahayana, não só monges, mas também leigos podem chegar à mente nirvânica apenas trilhando o caminho da Compaixão.

     Temos o grande exemplo de Compaixão no Dalai Lama tibetano Tensin Giatso que embora tendo perdido trono e país, sem qualquer demonstração de mágoa, segue sempre risonho a pregar pelo mundo o Caminho Mahayana da Compaixão. O nome Dalai Lama quer dizer : “mestre grande como o oceano”.  O Mahayana tibetano foi enriquecido pelo Lamaísmo dirigido por mestres, seus Lamas e Riponchês. Utilizam liturgias, mantrans, mandalas e mudras como recursos de entendimento para seus discípulos.

Lótus, a flor sagrada do Budismo.


      Os principais preceitos do Budismo Mahayana são: A Transitoriedade Das Coisas (que nos leva ao desapego) e a Teoria do Vazio.

      O Vazio trata da forma errônea como vemos a nós e as pessoas. Quando observamos alguém ou alguma coisa nunca nos lembramos de que seus atos fora abastecidos por circunstâncias anteriores ou presentes, uma cultura, um meio geográfico, uma ocasião, ou alguém. Que aqui no mundo físico, sempre temos uma existência compartilhada com o restante do mundo, dependente dele. Por exemplo: Quando observamos uma árvore, ela nos parece tal como a vê, porque está inserida em determinado ambiente que lhe dá muito ou pouco sol, muita ou pouca água, cuidados ou não. Se recebesse outras influências, talvez seu tamanho fosse diferente, também sua cor. Até uma coisa concreta tem vida compartilhada. Se dizemos: Esta mesa é boa, é durável. Ela é assim porque a madeira que a estruturou era boa. Nada é desassociado de nada, tudo é dependente.

     O que quer o Mahayana com a teoria do Vazio?  Com a visão da vida compartilhada, compreendemos e perdoamos mais as pessoas, pois as sabemos resultado de muitas influências, não as vemos isoladas do todo. Também nos livramos de nossos orgulhos e vaidades, porque tudo o que nos orgulhamos de ser recebeu o auxílio de outrem. Os próprios ensinamentos religiosos que assimilamos , embora  apresentando conceitos diversos, foram compartilhados, dependentes uns dos outros. Assim, vemos o Islã surgindo de antigas  ideias cristãs, o Cristianismo surgindo do Judaísmo, o Budismo surgindo das ideias reencarnacionistas do Bramanismo. O monoteísmo judaico surgindo de ideias egípcias.

Kwan Yin, Bodhisattva da compaixão.


 A meditação Mahayana conta com dois tipos básicos: A Enstática e a Estática. A primeira busca um estado de equilíbrio que em que se espera cessar todo o processo sensorial. Nada a ser visualizado. Na segunda, é exigida uma imagem visual ou projeção mental, geralmente voltada para o chamado "Campo do Buda", isto é, o conjunto de seus representantes, de seres compassivos. São dadas visões belas que psicologicamente nos trazem imensos benefícios e transformações. Habitualmente chamamos estas meditações de "Induzidas". Uma imagem que naturalmente nos favorece é a de Kuan Yin a grande Bodhisattva da compaixão.