Uma síntese baseada no livro
“Deus” de Frederic Lenoir
O
Xamanismo
O
desenvolvimento do homem e sua crença em Deus acompanhou o desenvolvimento do
planeta. Vamos ver como estava o planeta há 100 mil anos. O planeta vivia
grandes cataclismos. Era a época em que a sua superfície era assolada por terremotos,
incêndios, maremotos, erosões. Então, o homem era obrigado a mudar
constantemente seu local de moradia. Era nômade. Vivia da caça, pois plantar
nem era possível.
Xamãs com seus tambores. |
Sua religião era apenas um deslumbramento e
um temor diante daquelas forças naturais agressivas. Porém, as tribos contavam
com indivíduos encarregados de interceder para obterem favores destas forças
que eles achavam vir de um mundo invisível a eles: Os Xamãs. Estes conseguiam
benefícios através de transes induzidos pelo auxílio de beberagens e
principalmente pelo batimento ritmado de tambores.
Havia já, sim, um início de religiosidade, porque
os registros arqueológicos mostram sepulturas com cadáveres portando armas que
deveriam proporcionar ao morto caçadas no além, entendidos como uma crença numa
sobrevivência pós-morte. Acreditavam,
então, nesta sobrevida e também num mundo invisível.
Era já a sua religião o que compreendemos
por espiritualidade? Certamente, não. Se entendermos a espiritualidade como uma
busca pessoal e íntima por respostas ao mistério do existir, indagações
existenciais e intelectuais como: De onde vim? Que sentido tem o meu existir?
Era apenas um respeito temeroso pela natureza a que davam a conotação de um
sagrado mistério.
O
Totemismo
Totem de um pássaro. |
Vivendo da caça, os homens primitivos
sentiam que dos animais lhes vinha a sua energia de sobrevivência. Geralmente
escolhiam um animal que representasse a força que mais necessitavam para
sobreviver, fosse uma agilidade para subir montanhas, uma de correr rapidamente
por planícies, talvez uma presteza para subir em árvores. Ele tornava-se o seu
Deus, o seu totem adorado. Em cultos, matavam um animal da mesma espécie,
bebiam o seu sangue e sua carne era também distribuída na tribo. Acreditavam
que assim estariam assimilando as forças de seu Deus/Totem.
A
Grande Mãe – Matriarcado
Mais tarde, chega-se a época em que o planeta
lhes dá melhores condições, está mais aquecido e seu solo mais acalmado. O
sedentarismo substitui o nomadismo. O plantio é acrescentado à caça. A mulher
passa a ter um grande papel nas clãs, pois enquanto o homem sai para caçar, a
mulher encarrega-se do plantio. Aparece então um fervoroso culto à uma deusa: a
Mãe-Terra, a Grande Mãe. É do solo que agora lhes vem também a sobrevivência. A
figura da mulher na realidade já era valorizada, pois havia um desconhecimento
de que os nascimentos eram originados no ato sexual, atribuindo-se apenas à
mulher o poder de dar nascimento. Havia então já um culto à fertilidade feminina.
Vivia-se um Matriarcado.
Deusa da fertilidade de Creta. |
Começam a surgir grandes sacerdotisas e
feiticeiras substituindo os antigos Xamãs. Entre os antigos que cultuavam as
deusas–mãe vamos encontrar os povos que habitavam a Gália (França) e que se
intitulavam os Tuatha de Danan (Povo da deusa Ana).
O Patriarcado irá sim, substituir depois o
Matriarcado. Porém, teremos uma transição a este no Egito, onde veremos um
grande culto à Isis equilibrado ao de Ozires. Ela é a margem do Nilo que lhe dá
alimentos, Ozires é o próprio rio que a fertiliza Isis. Lá, teremos faraós
homens e mulheres e grandes rainhas lembradas como Hatchepsut, Nefertiti e
Cleópatra. A governança se equilibra no Egito.
Patriarcado
e Politeísmo
Zeus, Poseidon e Hades. |
Monoteísmo
A primeira ideia de um Deus único nos vem do
Egito, com o faraó Akenathon (1.300 AC) com seu Deus Athon. Mas, o Egito volta
ao Politeísmo após a sua morte, cultuando três deuses: Osires, Isis e Horus e
ligado ainda a Fitolatria e Zoolatria. Na Fitolatria, cultuando-se muito o Lotus,
(símbolo dos quatro elemento da natureza), e o Papiro a grande garantia
comercial externa do Egito. Na Zoolatria, principalmente o culto ao gato.
Faraó Akenathon. |
Paralelamente, na antiga Persa (hoje Irã) também
o Zoroastrismo cultua um Deus único Ahura Mazda, religião que desaparece com o
tempo.
Quando, em nossa idade moderna, aqui
chegaram da África os escravos negros, estes nos puseram à par da crença que
vinham levando por séculos em seu Deus único Olurum. Olurum é um Deus bastante
misericordioso, pois - segundo creem- do alto céu manda à terra os seus mensageiros,
os Orixás, apenas para auxiliar os homens.
A Índia Bramânica
O Bramanismo volta-se para o homem, com a
sua ideia de Reencarnação. Esta resultou, porém, num determinismo que
estabeleceu o sistema cruel de castas que persiste na Índia até hoje. Quanto à
visão de Deus, é profunda e voltada ao Cosmos. Deus cria, mantem e destrói contínua
e ciclicamente o universo e todos os seres dentro dele. Uma visão absolutamente
fora ,adiantada para um contexto de 4.000 atrás. Brama, Vishinu e Shiva
ilustram estas energias de criação, manutenção e destruição. Temos nos Vedas bramânicos
a mais bela epopeia religiosa.
O Bramanismo apesar de seus erros, foi a
grande abertura para chegarmos à visão de um Deus tal como a que temos hoje.
Deus
no Judaísmo
A
Bíblia é a palavra de Deus para o Judaísmo. Moisés teria recebido por doação
divina “Os Dez Mandamentos”. Também teria escrito o Pentateuco, cinco livros
(Gênese, Exílio, Levítico, Número, e Deuteronômio) que formam a Torá, a sua
escritura sagrada. A Torá hoje é a parte antiga da Bíblia (Velho testamento)
enquanto a nova é o “Novo Testamento, época de Jesus”. O nome Bíblia – segundo
Lenoir - se origina da cidade fenícia de Bibelôs onde eram adquiridos o papiro,
vindo do Egito para se fizer os manuscritos. A visão do judeu antigo a respeito
de Deus era ainda aquela de um velho barbudo que lá do alto céu castigava ou
premiava os homens. Outra visão que o Cristianismo também levaria adiante por
séculos.
Espiritualidade
Lao Tsé. |
Entre
os séculos VI e VI surgem grandes correntes filosóficas e depois
espiritualistas que se voltam para reflexões e indagações íntimas. Na
Filosofia, Sócrates nos dizendo: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo
e os deuses” na Espiritualidade, teríamos, na China, Lao Tsé com sua teoria do
Tao, o Caminho, onde cada astro do céu e cada ser busca seu próprio Caminho,
corre para concretizar um papel, um objetivo final. Para a indagação: o que
estou fazendo aqui neste mundo? Responderíamos: buscando o meu papel dentro do
universo. Surge também Sidarta Gautama, o Buda, investindo sua doutrina na
busca íntima por felicidade, pela bem-aventurança de um Nirvana.
Pratica-se na Grécia as experiências iniciatórias
nos Templos de Mistérios, onde cada iniciando busca a evolução de sua
consciência.
Budismo
e Deus
Ainda
no sec.VI o Budismo se difunde sem grandes preocupações quanto a existência de
Deus. Fixado que está apenas em debelar as dores humanas, o que tenta fazer
através de sua doutrina das “Quatro Nobres Verdades.”
(Na
próxima postagem estarei dando continuidade a este mesmo tema,
a iniciar-se pelo Cristianismo e sua visão de Deus).