quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Voz das Cataratas

Lembrança de uma viagem à Foz do Iguaçu.


   Vem e contempla-me! Sou a força das águas, a firmeza da rocha, a maciez do musgo e a graça das Ondinas diante de ti, exibindo-se.

   Vem! Prosterna teu ser ante minha beleza! Absorve-a em toda sua plenitude! Ela é a vigorosa manifestação de um poder altíssimo e toda a fragilidade em ti se renovará, agora.

   Extasia-te no vai e vem incessante, no cair, espargir e rolar das minhas águas! Todo momento de beleza faz de ti um novo homem. Aqui, teu eu antigo morre para que outro eu mais enriquecido, o substitua.

    Neste refúgio onde a natureza revela a ti sua exuberância, deixa tua emoção externar-se toda! Se ela vem à tona, chore! Teu pranto é teu ser sofrido a pedir pureza, fé e paz. Aqui, os deuses marinhos, as Náyades, as Ondinas, saltitando nos respingos à superfície das cascatas, lavam teu pranto, imprimem em ti a alegria perfeita da comunhão entre o frágil e o potente, o homem e o Divino.



   Não olhes com temor minha força e meus abismos. Se num passo de imprudência fosses por eles arrastado, o mesmo poder que aqui se manifesta, te daria nova oportunidade, te faria renascer para outra experiência de vida.

   Ouve no marulhar das águas a voz dos deuses e tranquiliza-te! È a ti que eles dizem: ”O ciclo do sol que morre na tarde, mas renasce pela manhã em feérico Arco Iris sobre minhas águas, é o símbolo de tua própria imortalidade!”.

   Agora que deixaste a intensidade de minha beleza fluir para dentro de ti, olha a teu redor e observa teus companheiros! Errarias se julgasses que algum entre eles fosse indiferente, superficial e volúvel à grandeza do mistério que encontraste aqui.

   Nenhum homem vê a face de um Deus que não seja por ela tocado! Cada um de teus companheiros tem agora seu mais íntimo ser reverentemente prosternado ante um poder capaz de mover, com tal magnitude, rios e oceanos.

   Abençoa agradecido o êxtase que aqui tiveste e volta às tuas lidas diárias. Nenhuma partícula desta beleza que te tocou  se extinguirá! Quando a julgares distante, perdida, ela voltará a fustigar teu pensamento, te dará novo impulso de força e fé.

   Vai, na certeza agora, de que encontraste aqui a grandiosidade de um Absoluto Ser que, diante de ti desejou mostrá-la.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Concha (Grande Símbolo do Caminho de Compostela)


(Trecho extraído do meu livro:” A Influência de Crenças e Símbolos” .Informações sobre o livro pelo fone 051- 33462285)


  A chamada “Vieira” que se conserva até hoje como o emblema dos peregrinos deste caminho, tem origem do seu culto no Paganismo.

   No estudo semântico de sua palavra, aparece primeiramente nomeada de “Concha Veneriae”, o que na língua galega transformou-se em Concha Vieira. È possível que devido a ser o símbolo da fertilidade, dizendo respeito à sexualidade, portanto a palavra venéreo seja

esta a sua significação correta. Porém, lhe dão também outros significados, como Veneriae com o sentido de venerar e ainda Vieira, com o significado de Via, Caminho.


   Foi um símbolo pagão indissoluvelmente ligado à deusa Venus, que segundo o mito, surgiu na ilha de Chipre, gerada dentro de uma concha, por geração direta do céu Urano e da umidade do mar. Era chamada por isso pelos gregos de Venus Genitrix.

   Venus foi na Antiguidade a patrona das enseadas marítimas e também dos navegantes. Acreditava-se que recebia com amor maternal em seu seio os náufragos. Foi cultuada, sobre uma concha pelos Druidas que cruzavam o Caminho de Compostela e iam fazer suas asceses no Finisterra, extremo de praia galega, conhecido então no continente europeu onde , segundo crenças pagãs, sobreviventes sábios de um dilúvio ali haviam aportado e deixado suas energias espirituais.

   Na crença de que o mar seja a origem geradora da vida, e tendo a deusa de um amor tão carnal como espiritual saído de uma concha, esta passou a representa a fecundidade. A concha é então relacionada ao seio materno, à vagina feminina, ao útero, lugares de nascença.


   Quando na Idade Média os cultos pagãos do Caminho se transformaram no culto ao apóstolo Tiago, a Igreja no afã de apagar ali os ritos que tinham sempre a presença da concha entre eles, fez difundir lendas que lhe davam origem mais recente. Numa delas é contado que um cavaleiro arrastado com seu cavalo mar adentro, teve a visão do apóstolo Tiago, que surgindo o salvou empurrando-o de volta às areias. Ao chegar ali, o cavalo e o corpo do cavaleiro estavam cobertos de conchas.

Esta e outras lendas cristã fizeram com que elas passassem a ser não mais o símbolo da Venus pagã, mas do apóstolo.

   As praias da Galícia já foram ricas em conchas, e como os peregrinos que no Medievo, iam ali ao túmulo de Tiago, ao retornarem a seus países, levavam uma concha como testemunho de terem estado lá, isto as ligou definitivamente à figura do apóstolo.


   Por ser a concha o símbolo materno da concepção, é relacionada também à deusa do amor Iemanjá do culto Afro que, segundo seus mitos, foi escolhida por Olurum, o seu deus supremo, como mãe de todos os seus orixás. Hoje, no Caminho de Compostela, pela grande conotação apenas  de lembrança turística que se fez em torno da concha, sendo sua representação encontrada   em todas as espécies de materiais, ela é muito mais um recurso de comércio do que a busca sincera de um milagre espiritual. Contudo, a concha, que também deixa sair de dentro de si a mais bela das jóias, a pérola, que possuindo uma forma oval representa também o órgão gerador feminino, continua ainda sendo para muitos homens o amuleto mais perfeito da fecundidade.


   Uma das lendas do mito de Atlântida conta que seus moradores possuíam como amuleto uma gigantesca concha. Ela recebia dentro de si energias celestes que tornavam fecundos todos os empreendimentos dos atlantes. Porém estes passaram a exorbitar do poder que lhe estava sendo conferido, fazendo os mais surpreendentes desatinos no campo da magia. Um dia a concha caiu no oceano adentro e eles a perderam. Desde então a civilização atlante passou a decair, sua fecundidade material e espiritual os abandonou, Depois, de cataclismos em cataclismos o continente acabou também por afundar no mar.

   Lendas e cultos para a concha existem inúmeros, porém o que realmente imortalizou com mais perfeição este símbolo de fecundidade foi a arte de Boticelli, co seu magnífico quadro “O Nascimento de Venus”.

Iniciação & Discipulado

O Budismo nos apresenta duas principais formas de evoluirmos. Através do Budismo Hinayana e do Budismo Mahayana.  Ambas se chamam “A subida da montanha”. Na 1° se contorna a montanha, se evolui sozinho, apenas pela adoração à luz interna. Exemplo disto é o Budismo Zen . O 2° é aquele em que subimos a montanha dando a mão a um mestre, fazendo um discipulado. É deste ultimo sistema iniciatório que vamos tratar aqui.


   Ao trilharmos este caminho, temos a grata sensação de não sermos seres isolados, deixados a sós com nossas dificuldades. Sentimos que a lei divina é tão sábia na garantia da nossa evolução que mantém a possibilidade, através da lei da unicidade entre os seres, de termos um relacionamento constante com os nossos irmãos que evoluíram antes de nós, os assim chamados “irmãos mais velhos”, mais conhecidos na história esotérica como “Mestres”. É contado que eles fazem parte de um grande agrupamento de protetores da humanidade conhecido como “A grande Fraternidade Branca”. Eles intuem a mente de todos os homens que se unem emocional e mentalmente com eles. Teriam surgido como uma Fraternidade na 5° sub-raça Atlante, após um dilúvio que castigou os habitantes transgressores do continente Atlante. Seriam homens que haviam evoluído muito nas raças anteriores e buscavam auxiliar aqueles que entre tantos decaídos buscavam evoluir conscientemente. Desejavam também preparar um grupo escolhido para ser semente das idéias das novas sub-raças e raças que viriam depois. È o momento histórico que os esotéricos chamam de Portal da Iniciação. Este trabalho segue até hoje orientado por três grupos: Manus, Bodhisatwas e Choans.

   As iniciações foram muito usuais no Egito antigo, para onde chegavam pessoas de longe para fazer as iniciações de Isis e Osires. As portas dos templos iniciáticos eram abertas a todos, mas poucos chegavam ao fim da iniciação. O 1° interrogatório feito entre o sacerdote e o candidato, se este fosse julgado não preparado a conhecer os mistérios do templo ,  já era recusado. A isso Jesus se referia quando dizia “Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.” Na iniciação esotérica chamada discipulado a finalidade é além de garantir nossa própria evolução, nos preparar também para sermos cooperadores na magna Obra, que é o trabalho desenvolvido pelos membros da Grande Fraternidade Branca em favor da humanidade. Nos templos egípcios, após uma preparação de anos em matérias como música, medicina, história e naturalmente conhecimentos dos princípios divinos, o iniciando recebia o grau de iniciação chamado 2° Nascimento. Passava por provas dificílimas onde enfrentava terrores, resistências física e de resistências à seduções sensuais.O rito lhe exigia que deitasse num sarcófago a ali passasse as sensações de morte.  Finalmente, entrava em uma bem aventurança muito grande, sendo recebido como um ressuscitado. A afro brasileira, que tem origem na África, trouxe para o Brasil a tradição da iniciação. Uma noviça do Candomblé para tornar-se uma Yiawô, só após uma iniciação de sete anos, é considerada capaz da missão de servir ao orixá escolhido e transmitir depois o axé as iniciantes. Perde então a sua personalidade social externa ao terreiro, para num rito de 2° nascimento, receber um nome interno.



   Para iniciar-se um Discipulado, fazemos votos conosco mesmos para um encontro não necessariamente físico, mas intuitivo e telepático com aquele que será o orientador de nossa iniciação. (geralmente porque há uma similitude de raio entre nós e ele, do papel a cumprir etc, com a diferença que o iniciador já evoluiu muito mais) Então aqui já aparece diferença entre Hinayana e Mahayana.  O único mestre que o Hinayana adora é Maytreia, porque Maytreia é a força crística, não pertencendo aos mestres iniciadores.

   O primeiro passo na Iniciação é chamado de Caminho Probacionário. Neste degrau, cultivamos qualidades. Conhecemos a nós mesmos, identificamos nossas fraquezas. É o degrau da vigia sobre nós. Temos acesso aos fundamentos rudimentares dos Princípios Divinos. Se a par destes ensinamentos começamos o esforço de nos corrigirmos, entramos para os cuidados de um discípulo dos mestres. Assim como não colocamos professores universitários para lecionar o primário, também os mestres não se ocupam individualmente conosco, neste período pré-iniciatório. Geralmente, os fundamentos de sabedoria que recebemos são testados em ocorrências diárias, e situações difíceis nos vêm umas após outras. Então,o Caminho Probacionário é geralmente muito doloroso. Chamado também de Câmara do Aprendizado, pode levar 10, 20 anos ou uma vida toda. Geralmente a pessoa que entra nos estudos esotéricos fica deslumbrada de contar com um mestre iluminado e pensa em fazer a Iniciação em pouco tempo. Porém, não existe isto de alguém fazer um curso intensivo de Iniciação, isto é ilusão. O Probacionário requer longos preparos e testes, mas não é algo que se vença através de técnicas. Como o 2° passo vai nos colocar em contato com o mestre (contato mental, não necessariamente físico) o mínimo que nos é requerido no Probacionário é atingir um constante estado de tranquilidade emocional, uma ausência de impulsos, de rompantes, de comportamentos negativos não controlados, para nos tornarmos afins à tranqüilidade do corpo emocional do mestre. Por isso, se diz que o caminho Probacionário é o mais longo a se vencer.

   Segue-se depois o degrau do discípulo aceito. Entramos no caminho iniciatório propriamente dito, que constará de 5 degraus. A virtude, a qualidade que o discípulo mais tenha em preponderância, é a que será aproveitada pelo mestre. Geralmente, acontece uma aproximação maior do mestre, quando o discípulo possui uma virtude que o mestre esteja a necessitar no momento, para beneficiar um local, ou para abrir uma sociedade, seja ela política ou religiosa etc.As virtudes podem ser: uma capacidade de liderar, uma energia curativa, uma facilidade de escrever ,energia física etc.

   Telepaticamente o mestre vai sugestionar o discípulo com um objetivo, com um ideal a ser realizado num pequeno período. Cabe ao discípulo formular os planos para realizá-lo. O mestre apenas o observa e derrama energia sobre o trabalho. E o discípulo pode tornar-se um canal perfeito para a luz do mestre se irradiar. Se o discípulo não corresponder, o mestre vai se afastando até porque quando um discípulo inicia um trabalho, pode vir à tona defeitos como vaidade, concorrência com outros etc que impossibilita uma ligação com a pureza do mestre. Muitas vezes o trabalho externo que o discípulo inicia tem prosseguimento, mas, na realidade, a Iniciação foi interrompida.


   Se há continuidade, os graus iniciatórios se sucedem e ao discípulo são dados sempre encargos maiores porque o mestre cumpre o preceito bíblico; ”Bom e leal servo, no pouco me fostes fiel, no muito te colocarei.” Este muito se refere naturalmente não só a encargos, mas também a conhecimentos espirituais.

   A iniciação dos discípulos do ocidente é bem diferente da oriental. Geralmente os ocidentais não necessitam isolar-se da sociedade, entrar em mosteiros, seu trabalho é aproveitado dentro de uma colocação cármica de família, profissão etc .O discípulo oriental de mosteiro  segue ritos muito simbólicos, como a colocação em suas mãos de cetros , de imãs que atraem forças para a personalidade. Porém, tais cerimônias são feitas nos últimos graus das iniciações, pois atraem forças que passam pela coluna. Assim vemos como é prematuro mexermos com forças da coluna sem termos ainda preparo. Aqui, no Ocidente, nossas forças são enviadas pela intermediação do mestre se não estamos ainda nos últimos graus. Sem nos expor a perigos.

   O mestre que se une a discípulos chega a eles em relação ao raio ao qual o discípulo pertence. Em acordo ao seu raio o discípulo serve a um mestre do mesmo raio. Os do 1° raio desenvolvem a liderança ou servem a algo administrativo. É através disso que evolui. Este é um raio que provoca muita vaidade, tentações de riquezas, de poder por isto é o mais difícil de transpor, aquele que cria mais carma.

   Aqueles do 2° raio são induzidos pelo mestre a estudar simbologias, filosofias, mitologias, doutrinas para que neles descubram os princípios divinos e os transmitam se for possível. Como o discípulo mexe muito com o intelecto, às vezes se afasta da devoção à sua própria Luz, ou também entra na vaidade do poder intelectual.

   Os do 3° raio são postos em situações sociais lastimosas para os sensibilizar e fazê-los dedicar-se a elas Temos como exemplos os repórteres de guerras e cataclismas.O perigo de uma sensibilidade exagerada será a depressão, onde o discípulo perde o sentido de viver, não consegue mais  enxergar os planos divinos por trás  dos  erros humanos. Como observamos, todo o trabalho de iniciação é difícil e requer muito equilíbrio. Os discípulos do 4 ° raio têm acesso aos devas da natureza , são estimulados em seu  gosto artístico para que sirvam no setor da arte.Os do 5° raio geralmente são afastados de interesses religiosos para que se concentrem apenas na Ciência.,que requer uma dedicação mais dirigida , mais integral. Chamo aqui a atenção para este raio. Muitos esotéricos têm por hábito criticarem a ciência. Os discípulos deste raio só podem evoluir através do deslumbramento que as descobertas científicas lhes trazem. Por exemplo : Quando um cientista estuda um planeta, e se depara com a grandeza do universo ou quando estuda genética e vê a complexidade da forma, ele entra em estado de reverência pela vida, que chamamos de estado satwa, um estado de identidade com a beleza que enriquece seu corpo causal e é assim que ele evolui. E, para a humanidade são figuras chaves para o processo civilizatório.

   Aos discípulos do 6°raio é requerido organizar associações, agrupamentos, tudo o que unifique forças. Os do 7° raio são inspirados a que mudem situações cármicas que levem à liberdade. Geralmente ligam-se aos discípulos do 6° raio. Líderes que trabalham em revoluções, que lutaram com idéias para libertar seu país da opressão, pertencem ao 7° raio.

   Quando se estabelece o intercâmbio mestre-discípulo a finalidade do mestre é que ele, o discípulo, se torne um canal límpido para a sua luz. Exemplificando: Um local necessita de uma determinada virtude. Então, vários discípulos que têm aquela virtude latente ou já trabalhada, são escolhidos para difundir esta energia sobre aquele local. O mestre servirá como vórtice daquela energia e os discípulos os seus  fios condutores. Por isso existe a famosa frase difundida “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. Refere-se a preparação feita no caminho probacionário e depois ao 2° grau onde o mestre aparece. Existe, porém eventual e raramente discípulos que chegam a esta encarnação com o probacionário já cumprido No probacionário o ser inferior do discípulo às vezes se rebela contra a impessoalidade que a consciência dele está dando aquele trabalho, cuja única recompensa é a sua evolução, pois no discipulado a aquisição de poderes psíquicos ou poder monetário é descartado.

   Um livro recomendado para quem entra no discipulado é o Bagavath Gita,um livro do Bramanismo pois na relação de Arjuna com Krishna são mostrados os conflitos íntimos de um discípulo. Para os iniciandos são dadas aulas durante o repouso do sono onde o mestre orientador o instrui.

   Na antiguidade, sobressaíram-se dois grandes iniciadores Hermes Trimegisto no Egito e Pitágoras ,na Grécia,sem contarmos com as centenas de iniciadores que trabalhavam anonimamente nos templos de mistérios iniciáticos.

   A iniciação é enfim um processo de auto expansão da consciência através de um discipulado.

terça-feira, 6 de março de 2012

Três Mulheres Notáveis

No Dia Internacional da Mulher lembremos estas três mulheres notáveis: Aisha , Florence Nightingale e Teano.



Aisha, a 3° esposa de Maomé.


   Enquanto o Profeta do Islã foi vivo, Aisha, sua esposa favorita, a quem Maomé dizia amar sobre tudo na vida, foi a única entre suas muitas esposas que, segundo a tradição, era inteligente o suficiente para inquiri-lo  sobre os privilégios que Alá dava ao Profeta e sobre a preferência que era dada pelo Alcorão aos homens, ao considerá-los os únicos verdadeiros fieis, merecedores portanto das graças maiores de Alá.


   Nas batalhas pela implantação do Islã, as esposas do Profeta , que eram 12,o acompanhavam para suprir os guerreiros de água, alimentos e fazerem enfermagem.


   O genro de Maomé, Ali, que nunca gostara de Aisha, aproveitou-se do episódio em que ela se perdeu do grupo militar e foi salva um dia depois por um beduíno, para acusá-la de adultério. Maomé, contudo, apaixonado por Aisha, sonhou que Alá lhe dia que ela era inocente. Evitou assim que ela sofresse o castigo comum para uma mulher adúltera: ser apedrejada.



   Após a morte de Maomé, Aisha iria revelar sua personalidade guerreira. Sem querer entrar aqui no mérito de quem merecia ser o substituto do Profeta, se os seus  amigos como Abu Beck , pai de Aisha , o 1º califa islâmico,depois Omar,depois Uthman, ou os seus parentes com prioridade para Ali, seu genro,o que quero salientar é  que Aisha teve papel de destaque nesta disputa , nesta primeira guerra civil do Islamismo, luta que gerou as facções Sunitas e Xiitas que se agridem até hoje .Aisha juntou-se à facção dos amigos ( hoje Sunitas), e montada num camelo à frente de uma tropa, clamava pelo afastamento de Ali.


   Nesta batalha, chamada de “Batalha do Camelo”, pois sua líder vinha montada num deles, a vitória coube a Ali e Aisha foi feita prisioneira. Tinha na época apenas dezessete anos e viveu sempre depois confinada à uma prisão domiciliar.


   Aisha foi de grande importância para a formação da” Suna”, um código ético que guia os muçulmanos Sunitas. Possuidora de uma memória excelente, contava a respeito de suas conversas com o Profeta, das palavras que ele havia dito e de como ele agiria em determinadas circunstâncias, dedicando-se assim a resolver inúmeras dúvidas dos seguidores. Tais testemunhos chamados de Ahadith, que são numerosos, pelos menos 2.000 deles foram transmitidos por Aisha, tornando a Suna o grande orientador de um islâmico Sunita.


   Entre as tantas esposas do Profeta foi Aisha a única que contribuiu após a sua morte, para a propagação de sua obra.


   Se pensarmos que Aisha estava inserida num período histórico em que às mulheres eram confiados apenas trabalhos secundários e também inserida num novo credo que as colocavam em situação inferior aos companheiros homens, por sua inteligência, liderança política e guerreira, Aisha sobressai-se como uma figura ímpar em seu tempo.


Hoje, contudo, sua personalidade gera inúmeras contendas e divergências. Sua imagem é denegrida pela facção contrária à sua  e também religiões avessas ao Islã acusam o Profeta Maomé pelo fato de haver se casado com Aisha quando ela era apenas uma criança que acabara de fazer nove anos.

Florence Nightingale, a” Dama da Lâmpada”.


   Nascida em Florença em 1820, uma época em que a profissão de enfermagem era exercida por mulheres muito pobres, serviçais e prostitutas que seguiam os exércitos. Sendo ela de família rica, teve que lutar contra os preconceitos paternos para dedicar-se ao seu sonho de servir nesta área.


   Com trinta e um anos conseguiu tornar-se enfermeira, indo trabalhar num instituto protestante da Alemanha. Sobressaindo-se em seus serviços, foi logo convidada a superintender um hospital de mulheres inválidas em Londres. Tornou-se, porém uma personalidade notável, quando a Rússia invadiu a Turquia no conflito conhecido como “Guerra da Criméia”. Ali, chegou um número estimado em 8.000 soldados, entre eles britânicos e franceses em auxílio à Turquia.  Foi quando os jornais britânicos passaram a criticar as péssimas condições hospitalares nos campos de batalha, onde esse número imenso de militares estavam expostos a doenças contagiosas como a cólera e o tifo, que o secretário inglês para negócios de guerra, lembrou-se de nomear Florence para supervisionar as condições das instalações de atendimento de saúde na região, além de encarregá-la de escolher uma equipe de enfermeiras sob o seu comando.


   È ali em Constantinopla, em meio a 30 enfermeiras escolhidas, que Florence irá mostrar também a sua grande aptidão para Matemática e Estatística. Ultrapassava nesta ocasião aquela imagem merecida de alguém exposta a riscos entre péssimas condições de higiene, dedicada à cabeceira de doentes que lhe valeu o título de “A dama da lâmpada”. Seu conhecimento de matemática, raro nas mulheres de sua época, lhe foi ali muito útil, pois conseguiu que a taxa de mortalidade caísse vertiginosamente quando organizou um sistema de planilhas, onde calculava e acompanhava a piora e melhora dos pacientes, gráficos tão criativos que geraram uma estatística hospitalar até hoje usada.



   Muito versada em história e línguas, escreveu perto de 200 livros e panfletos. Poeta, filósofa, absolutamente desprendida de sua própria pessoa, ali exposta a doenças epidêmicas, reformou, enfim, a saúde daquelas forças armadas, com uma imensa dedicação e inteligência. Florence Nightingale foi sem dívida uma das grandes mulheres do sec.XIX .
PS Em homenagem a esta mulher dei o seu nome à uma de minhas filhas.


Teano, discípula e esposa de Pitágoras.


   O Pitagorismo foi a doutrina mais florescente do sec. VI AC e de grande influência no mundo antigo.Porém, não teria se perpetuado se sua discípula e esposa lutando contra todas as perseguições feitas a esta doutrina após a morte do mestre, não houvesse se dedicado a propagá-la.


   Só Teano era a discípula que entendia a dor de Pitágoras em relação aqueles infelizes que em barcas, saiam em grande número da Grécia, chicoteados por correias eriçadas de pregos para serem vendidos como escravos na Àsia; só ela possuía a perspicácia suficiente para ver que ele tentava com sua doutrina da Tríada Sagrada, com sua ciência dos números, elevar a alma dos homens a uma harmonia, ao respeito mútuo; só Teano  entendia que sua ciência experimental abria as portas de um desenvolvimento de consciência pois induzia a uma completa reorganização da vida , aplicando as suas idéias à educação da juventude e a vida do Estado.


   Ela mesma, em seus 28 anos, declarou-se ao mestre de 60 anos, e ligou-se a ele por um amor apaixonado e um entusiasmo sem limites. Seu casamento com Pitágoras completou as grandes realizações do mestre.


   Conta-se que alguém perguntou a Teano quanto tempo era necessário para que uma mulher se tornasse pura e ela teria respondido:Se viver com o meu marido, conhecerá muito logo a verdadeira pureza, se for com outro, talvez nunca a encontre.


   Extremamente versátil, além de cientista e filósofa, foi uma mulher de intensa dedicação familiar. Criou com a família que deu a Pitágoras (6 filho ) um verdadeiro modelo para os membros da Ordem Pitagórica.Sua casa era chamada de” O Templo de Ceres” e o seu jardim era citado como o Templo das Musas pois nele Teano promovia festas domésticas onde dirigia sessões musicais.



   Reconhecida como a primeira mulher matemática, foi autora também de vários escritos sobre o tema preferido de Pitágoras: Cosmologia. Compactuava com os ideais pitagóricos de eliminar a demagogia política existente em Crotona , quando seu mestre introduzia na escola iniciática que criara, a idéia de um governo escolhido e gerido pela ciência e pela virtude. Ideal temerário, pois quando a Ordem Pitagórica tendia a tornar-se a cabeça do Estado com ramificações em toda a Itália meridional, a grande inteligência e sedução exercida pelo grande sábio,gerou ódios violentos.Um dia em que na sede da Ordem se encontravam trinta e oito membros, o déspota  tribuno de Crotona mandou cercar a casa e lançar-lhe fogo . Todos que estavam dentro morreram, inclusive Pitágoras.


   Dali em diante, mais irá se evidenciar a personalidade atuante de Teano que reuniu os filhos e passou a manter os mesmos ideais de um estado governado por homens virtuosos, em uma nova escola.


   Entre seus livros temos “Cosmologia”,” Teoria dos Números”,  “Construção do Universo” e naturalmente uma biografia de Pitágoras.


   É contado que quando era diretora da nova Ordem, Teano foi torturada para revelar conhecimentos que seu marido achava por bem não deixar cair em mãos pouco dignas de os usarem, e que Teano resistiu calada sem nada revelar, às torturas inarráveis.


   Seu tratado filosófico intitulado “Sobre a Virtude” diz bem do pensamento que norteou o viver desta mulher mãe, matemática e cientista.

Resposta a Meu Seguidor Mattews

 Tua dúvida a respeito do tema “Cronos, deus do tempo”

Quando ingressaremos na” fase Zeus” citada no texto?



   R_ Em cada encarnação nossa, o nosso ser, a nossa individualidade monádica, se apresenta sujeita à duas faces: a da Individualidade e a da personalidade. Nesta última, estão somados a nossa parte genética e os hábitos culturais que externamos. À medida que evoluímos a nossa parte de ser, de individualidade (de espiritualidade) vai aparecendo mais forte.

   Como na época atual estamos ainda pouco evoluídos, externamos mais a nossa parte de persona (material), parte que no texto chamo de ” fase Cronos”

   Nada melhor para se entender estas duas faces com as quais nos apresentamos, do que estas palavras do Cristo: ”Quando alguém te bater na face esquerda, apresenta-lhe a direita”. Isto é; mostra que tens uma face espiritual que é invulnerável, intocável.

   Voltando então ao Cronos grego: Na fase de Cronos em que estamos (Isto é, pouco evoluídos) tudo é regido pelo tempo, tudo é impermanente. Nosso corpo se deteriora, nossas criações tornam-se ultrapassadas, a maioria de nossos pensares não resistem ao tempo, porque criamos nossos conceitos com nossa mente inferior,concreta, ilusória.

   Porém, é certo que contamos também com nossa pare de individualidade, com nossa mente abstrata superior e com ela podemos emitir conceitos que são eternos, imutáveis, com ela podemos transcender o deus do tempo Cronos e assim ir entrando na fase de Zeus.

   Quando emitimos um conceito com nossa mente inferior, impermanente (A da personalidade). passado um tempo este conceito poderá nada mais significar, não se enquadrar às gerações que nos seguem. Os seres evoluídos ,no entanto, quando emitem conceitos, porque os fazem com sua mente superior, abstrata eterna, desenvolvida, tais conceitos , sendo imutáveis, transpassam o tempo, são válidos em qualquer época.

Exemplificando: Por que tomamos as palavras do Cristo (ser evoluído) como exemplos, mais de mil anos após a sua morte? Porque elas valem tanto para nós hoje como valiam para as pessoas de sua época.

   Então respondendo a sua pergunta: Quando sairemos da fase Cronos e entraremos na fase Zeus?

   A mudança de uma fase à outra não se dá repentinamente, mas progressivamente. Todos os dias, passo a passo, vigiando nosso próprio comportamento, vamos transpondo a nossa evolução e entrando nela.

   Como?  Usando os valores eternos da mente superior e principalmente _dizem os Budista_ atingindo os sentimentos de Compaixão, (a Grande bandeira do Dalai Lama) Fraternidade e Respeito Humano. Em outras palavras ditas pelo Cristo, será através do “Amai-vos uns aos outros”.
           

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Simbolismo das mãos

  
Extraído do livro  "A Influência de Crenças e Símbolos"

As mãos curam, abençoam, evocam,louvam, defendem, se comunicam e molestam. Assim as várias crenças as vêem.

   É, sem dúvida, nos estudos sobre “Mudras, nas yogas de origem indiana e nas práticas do Budismo, principalmente o Mahayana (grande veículo), que encontramos, a maior diversidade simbólica dos gestos. Tal palavra, em sânscrito, significa “sinal”.  Segundo tais linhas, as mãos manifestam o estado de consciência em que estão os seus praticantes, e o objetivo a que se propõem no momento.Acreditam que as posições  de suas mãos retêm energias dentro do ser humano, produzindo nele transformações não só em seu físico mas também em seu emocional e mental. Os Mudras -assim crêem- podem captar energias da natureza. Então, caso um seu praticante faça um gesto representando um nascer do sol, estará atraindo para si a energia solar, podendo depois transmiti-la com outro Mudra.Os mudras  podem também representar a movimentação dos peixes, dos insetos, e trazerem assim a energia desta movimentação.

Mudra da paz.

   As Hatha Yogas usam também os Mudras aliando-se com as Asanas (posturas corporais) e a respiração, despertando, assim os seus adeptos para as forças cósmicas. Os Mudras aparecem com freqüência nas danças indianas, em sua arte, e nas esculturas e imagens de seus deuses. È bastante comum então se ver as estátuas de Buda ou de seus Bodisatwas emitindo diversificados sinais sobre a humanidade.

   O Cristianismo, ao representar Jesus, e algumas vezes apóstolos como Paulo e Lucas, os põe emitindo energias divinas, os Mudras de bênçãos.

As interpretações esotéricas dos gestos que aparecem em imagens cristãs, onde geralmente os dedos mínimo e anular estão abaixados para a palma da mão, nos dizem que são pelos outros dedos, o polegar, o indicador e o médio, que fluem as potências mais superiores do homem, sendo então, estes os escolhidos para o uso das bênçãos. Os sacerdotes cristãos estão investidos pela Igreja do poder de as transmitirem embora algumas linhas espiritualistas ampliem estas transmissões. Baseadas num princípio possível da troca energética entre todos os seres acham que uma pessoa que evoca forças divinas, poderá igualmente abençoar outrem e até curá-lo, difundindo tais forças pelo simples poder de suas próprias mãos.


A importância dos dedos, não só nos Mudras indianos, mas também em quaisquer crenças de outras procedências, é imensa. No Islã, um de seus símbolos mais sagrados é a “Mão de Fátima” (filha do Profeta). É um talismã onde a sua palma aberta propõe um gesto de defesa contra perigos. Os cinco dedos representam os cinco pilares da devoção islâmica; Peregrinação, profissão de fé, esmola, prece e jejum.

   Vindo da idéia de que a figueira é uma árvore de poderes mágicos, o simbolismo do “gesto da figa” onde com a mão fechada o dedo polegar é colocado entre o índex e o médio aparece como o amuleto contra mal olhado nas regiões que receberam influência africana, como o nordeste brasileiro. Tendo sua procedência nos negros escravos aqui vindos da Guiné, é também conhecido entre nós como a “Figa de Guiné”. Os objetos que a representam, principalmente em nosso estado da Bahia, são inúmeros e valem, segundo a crença, por um esconjuro.

A linha mística do Budismo Mahayana trabalha com as cores do prisma solar. Faz de cinco raios dele uma correspondência com os cinco dedos da mão. Chamam a isto a “Mão do Maha Chohan” porque crêem que exista um grande ser que administra espiritualmente o mundo, os setores ativos de amor, arte, ciência , união e liberdade, a que correspondem as características daqueles cinco raios estudados, dando assim, à mão e seus dedos , um simbolismo de atividade espiritual.


   Do séc, XIV ao sec. XVIII alguns países da Europa, particularmente a França e a Inglaterra, foram tomados pela crença de que o rei tinha o poder de curar pelas mãos. Isto advinha da idéia, estranha a nossa modernidade, do caráter sagrado atribuído às monarquias de outrora, ao poder régio, o qual –segundo acreditavam- era investido por virtudes divinas. O contato com mãos reais curavam, em especial as Escrófulas (uma doença de pele, causada pela inflamação dos gânglios linfáticos) que em certas regiões francesas e inglesas em razão da pouca higiene eram endêmicas. No livro do professor Marc Bloc, é narrada com detalhes a crença nestes poderes miraculosos das mãos reais.

    No simbolismo das mãos, os significados da direita e da esquerda são divergentes.

A Cabala judaica em sua diferença bíblica de um deus da justiça, e um da misericórdia os faz representar respectivamente pela mão direita e esquerda.

Dando um caráter benéfico à mão direita, e maléfico á esquerda, as feiticeiras africanas usam sua mão direita para manipular ervas amuletos e apetrechos usados em rituais sagrados, mas usam a esquerda para prepararem venenos e fetiches maléficos.

   Já no Corão Islâmico é citado: “Aquele que recebe o Livro (O livro da vida do pós morte , onde estão as ações humanas ) com sua mão esquerda dirá : serão reveladas desgraças para mim! Aquela que receber seu livro com a mão direita será julgado com mansuetude.”  Vamos também encontrar no latim a palavra sinistra referindo-se á mão esquerda.


Os espiritualistas afirmam: A mão esquerda recebe (as bênçãos do céu) e a direita dá. A primeira é passiva e a segunda ativa, e é assim que as usam em seus ritos de bênçãos.

Há quem creia que as linhas da mão formam um gráfico que revela nosso destino. São os quiromantes. A Quiromancia, tal como a Astrologia, acredita que as forças planetárias atuam no indivíduo. Porem, a Quiromancia afirma ainda que tais forças estão marcadas nas palmas das mãos e por elas podemos estudar talentos , tendências e futuro.O povo cigano sempre se dedicou a esta crença.

Seguindo o mesmo raciocínio da influência planetária vibrando nas mãos, o Afro Brasileira, em sua linha umbandista, usa como recurso de intercâmbio entre médiuns e seus orixás e caboclos, um estalar de dedos que produz um som semelhante ao bater de um castanhola. Cada um dos orixás trazem a força de um dos planetas do nosso sistema, e os caboclos se inserem também nas sete linhas dos orixás. Entre os planetas, crêem que é Venus aquele cuja influência é mais forte. Ao concordarem então com a Quiromancia , quando esta diz que na elevação que temos  junto ao pulso, é onde se encontrará a influência de Venus , chamando-a até de” Monte de Venus “. O médium recebedor do orixá ou do caboclo estala o dedo tocando fortemente este monte excitando-o provocando reações vibratórias que fortificam a sua relação com o orixá ou o caboclo que está recebendo.

Em sua conotação de comunicadoras , as mãos encontram o seu intercâmbio simbólico mais importante na linguagem usada pelos surdos –mudos. Numa linguagem gestual, estes encontram a oportunidade de prescindirem da comunicação verbal por meio de sinais que substituem com perfeição os sinais fonéticos.

Sejas tu um Yoga a levantar as mãos numa saudação ao sol, sejas tu um sacerdote a abençoar, estejas unindo-as em formato de lótus para orar, ou movimentando-as graciosamente numa dança ritual ,  se perante teu hino pátrio ,as tiver sobre o peito em fervor nacional, se as estenderes a alguém em sinal de amizade, sempre tuas mãos estarão usando um simbolismo revelador do teu estado psicológico ou espiritual.     

  Do sec. XIV ao sec. XVIII alguns países europeus, particularmente a França e a Inglaterra, foram tomadas pela crença de que os reis tinham o poder de curar pelas mãos. Isto advinha da idéia estranha à nossa modernidade

   Do caráter sagrado atribuído às monarquias de outrora, ao poder régio, o qual –segundo acreditavam- era investido por virtudes divinas.

 O contato de mãos reais curava em especial as Escrófulas (uma doença de pele causada pela inflamação dos gânglios linfáticos), que em certas regiões francesas e inglesas medievais, em razão da pouca higiene, eram endêmicas. No livro “Os reis Taumaturgos” do professor francês Marc Bloch são narrados em detalhes, a c

Crença nestes poderes miraculosos das mãos reais.

No simbolismo das mãos, os significados da direita e da esquerda são divergentes.

A Cabala judaica em sua diferença bíblica de um deus da justiça e um deus misericordioso os faz representar respectivamente pela mão direita e esquerda.

Dando, um caráter benéfico á mão direita e maléfica à esquerda as feiticeiras africanas usam a sua mão direta para manipular ervas, amuletos e apetrechos usados nos rituais sagrados, mas usam a esquerda para preparar venenos e fetiches maléficos.

Já mo Corão islâmico é citado: “Aquele que recebe o Livro (o Livro da Vida do pós morte , onde estão as ações humanas feitas no mundo) com sua mão esquerda dirá: serão reveladas desgraças para mim Aquele que recebe seu livro com a mão direita ,será julgado com mansuetude.  Vamos também encontrar no latim a palavra sinistra, referindo-se á mão esquerda.






Os espiritualista afirmam: “A mão esquerda recebe (as bençãos do céu) e a direita dá”.A primeira é passiva e a segunda é ativa, e é assim que as usam em seus rituais de bençãos.
A quem creia que as linhas da mão forma um gráfico que revela nosso destino. São eles os quiromantes. A Quiromancia, tal como a astrologia, acredita que as forças planetárias atuam no indivíduo, mas vão além, afirmando que tais forças estão marcadas nas palmas de suas mãos, e por elas podemos estudar seus talentos ,tendências e futuro.
Seguindo o mesmo raciocínio da influência planetária vibrando nas mãos, a afro-brasileira, em sua linha umbandista, usa como curso de intercâmbio entre seus médiuns e seus orixás e caboclos, um estalar de dedos que produz um som semelhante ao bater de castanholas. Cada um de seus orixás trazem a força de um dos sete planetas do nosso sistema, e os caboclos se inserem também na sete linhas dos orixás. Entre os planetas, é Vênus aquela cuja influência é mais forte assim creem. Ao concordarem então com a Quiromancia, quando esta diz que na elevação que temos junto ao pulso é onde se encontrará a influência de     Vênus,chamando-a até de “monte de Vênus”, o médium recebedor do orixá estala o dedo, tocando fortemente este monte, excitando provocando reações vibratórias que fortificam a sua relação como orixá ou caboclo que está recebendo.
Em sua conotação de comunicadoras as mãos encontram seu intercâmbio simbólico mais importante na linguagem usada pelos surdos-mudos. Numa linguagem gestual, esses encontram a oportunidade de prescindirem da comunicação verbal, por meio de sinais que substituem com perfeição os sinais fonéticos.
   Sejas tu um yogue a levantar as mãos numa ‘saudação ao sol”, sejas um sacerdote a abençoar, estejas unido-as em formato de lótus para orar, ou movimentando-as graciosamente numa dança ritual, se perante teu hino pátrio as tiver sobre o peito em fervor nacional, se as estender a alguém em sinal de amizade, sempre tuas mãos estarão um simbolismo revelador do teu estado psicológico ou espiritual
Os espiritualista afirmam: “A mão esquerda recebe (as bençãos do céu) e a direita dá”.A  primeira é passiva e a segunda é ativa, e é assim que as usam em seus rituais de bençãos.

A quem creia que as linhas da mão forma um gráfico que revela nosso destino. São eles os quiromantes. A Quiromancia, tal como a astrologia, acredita que as forças planetárias atuam no indivíduo, mas vão além, afirmando que tais forças estão marcadas nas palmas de suas mãos, e por elas podemos estudar seus talentos ,tendências e futuro.
Seguindo o mesmo raciocínio da influência planetária vibrando nas mãos, a afro-brasileira, em sua linha umbandista, usa como curso de intercâmbio entre seus médiuns e seus orixás e caboclos, um estalar de dedos que produz um som semelhante ao bater de castanholas. Cada um de seus orixás trazem a força de um dos sete planetas do nosso sistema, e os caboclos se inserem também na sete linhas dos orixás. Entre os planetas, é Vênus aquela cuja influência é mais forte assim creem. Ao concordarem então com a Quiromancia, quando esta diz que na elevação que temos junto ao pulso é onde se encontrará a influência de     Vênus,chamando-a até de “monte de Vênus”, o médium recebedor do orixá estala o dedo, tocando fortemente este monte, excitando provocando reações vibratórias que fortificam a sua relação como orixá ou caboclo que está recebendo.
Em sua conotação de comunicadoras as mãos encontram seu intercâmbio simbólico mais importante na linguagem usada pelos surdos-mudos. Numa linguagem gestual, esses encontram a oportunidade de prescindirem da comunicação verbal, por meio de sinais que substituem com perfeição os sinais fonéticos.
   Sejas tu um yogue a levantar as mãos numa ‘saudação ao sol”, sejas um sacerdote a abençoar, estejas unido-as em formato de lótus para orar, ou movimentando-as graciosamente numa dança ritual, se perante teu hino pátrio as tiver sobre o peito em fervor nacional, se as estender a alguém em sinal de amizade, sempre tuas mãos estarão um simbolismo revelador do teu estado psicológico ou espiritual. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Alma Gêmea de Júlia

Para minha amada neta Júlia                   



   Júlia nunca poderia adivinhar que a demora na chegada do ônibus que esperava, a levasse finalmente ao encontro daquilo que mais queria: encontrar a sua” alma gêmea”.

   Ela acreditava piamente nisto: que neste mundo onde todas as coisas pareciam duais, tinham suas polaridades de negativo e positivo, esquerdo e direito, também o feminino e o masculino deveriam ter uma correspondência harmoniosa, que pudesse formar um par perfeito. Trazia em si a certeza que em algum lugar deste planeta o seu complemento masculino deveria andar às soltas esperando apenas o momento exato de se unir a ela.

   O caso, porém era que tivera já experiências amorosas e todas haviam redundado em decepcionantes fracassos. É bem verdade que encontrar “alma gêmea” pra Júlia não era fácil.

 Ela era alguém muito sensível. Sua sensibilidade tocava às raias do incomum. Possuía uma imaginação que se poderia considerar de transcendente.

   Naquele seu cotidiano onde suas amizades masculinas pareciam viver porque viam os outros viverem, onde ninguém demonstrava estar preocupado com indagações existenciais como ela se fazia,encontrar um homem-complemento que se lhe ajustasse, vamos convir que era procurar agulha em palheiro.
 Isto tudo preenchia o pensar de Júlia durante a espera do ônibus e este demorava... demorava... Entre a quantidade de linhas que faziam parada ali, quase todas já haviam passado. A 15 que levava ao mercado, a 21 que ia ao campus universitário, a 33 margeando a orla marítima e tantas outras. Somente a sua não apontava.

   Neste momento, um vento forte fez mover um papel no chão, próximo a seus pés e Júlia baixou os olhos atraída pelo ruído que fizera. Era um papel tipo ofício, dobrado, novo como se alguém o tivesse perdido há poucos instantes.

   Embora a imaginação de Júlia a fizesse também acreditar que o acaso não existe; que pequenos detalhes aparentemente sem importância nos encaminham às circunstâncias maiores que vivemos, ali, porém ela não percebeu: aquele papel era justamente o que faltava para desencadear tudo o que lhe estava por vir.

   Sua curiosidade a fez apanhá-lo e abri-lo. E, porque o ônibus custou a chegar, ela teve tempo suficiente para ,ali mesmo, ler o longo texto que continha: uma monografia datilografada, não assinada e que levava este título singular:  Quem sou eu?

   De início, seguindo a leitura apenas para passar o tempo, Júlia acabou por absorver-se profundamente nela, embevecida no relato tão sincero que o autor fazia sobre si mesmo. Ali era desnudada uma personalidade masculina tão ou mais sensível que a dela própria. As minúcias emocionais deste homem ignorado eram contadas com cativante simplicidade, de molde mesmo a impressioná-la.

Veio o ônibus e ela pegou-o com o escrito entre as mãos para dali em diante fazer dele o motivo de seus pensamentos, nos próximo dias e noites.

   Em muitas delas, Júlia o poria ao lado da cabeceira de sua cama para reler seus trechos e se indagar: Quem seria este homem que se descrevia como o retrato fiel daquela “alma gêmea” que ela sonhava para si?

 Um dia afinal, após haver dissecado nas suas entrelinhas todas as nuances daquela personalidade invulgar, chegou a evidente conclusão que se apaixonara por seu autor. Contou até as suas preocupações a sua melhor amiga. E o que ela lhe disse?  Que talvez ele fosse alguém careca, vesgo , barrigudo e muito velho para ela. Mas Júlia teimava em idealizá-lo como uma imagem de beleza masculina. Só tinha um desejo agora: Achá-lo.

Por tal desejo, começou a sofrer uma serie de pesadelos. Sonhou uma noite que voltava a parada de ônibus. Ali, com o papel à mão, abordava cada passageiro que subia , indagando quem o perdera , mas só via rostos que balançavam em negativas.

   Em outro sonho embarcara no coletivo que levava ao mercado. Lá, as bancas não vendiam frutas ou verduras, eram cheias de monografias e estavam todas assinadas.  Quando viu a primeira assinatura vibrara. Finalmente, descobrira-lhe seu nome, mas logo a decepção: cada uma trazia um nome diferente. Qual seria  entre eles o do  seu amado? Acordou gemendo, suada, agitada.

   Porém, numa coisa acreditava: seus sonhos a alertavam para uma conclusão óbvia: Sua “alma gêmea” era alguém que tomara o ônibus naquela parada. Resolveu confiar nos sonhos. E esperava ansiosamente pelas noites e depois seguia certo rito. Lia um trecho da monografia e a punha sob o travesseiro e aguardava o sono vir apenas para sonhar. Nem sempre isto funcionava, mas Júlia, tão fantasiosa, teimava. Teve um novo sonho quando leu pela décima vez aquele autor desconhecido descrever o que pensava sobre o amor.

   - Vejo o amor- dizia ele- como uma plenitude que deverá somar atração física e um dialogar que acuse uma afinidade muito ajustada de pensamentos e emoções. Sem esta plenitude, o amor entre um homem e uma mulher estará castrado, não alcançará suas possibilidades totais e trará mais frustrações e sofrimentos do que júbilos a ambos.
O Beijo de Klimt

   Nunca Júlia se sentiu tão identificada à sua “alma gêmea” e isto a levou a um sonho assim: Estava novamente na parada do ônibus e quando fez sinal para que o motorista que conduzia à orla marítima a levasse, este a advertiu: Este não o levará a quem queres! Deverás ir ao Campus!  Nunca um despertar lhe trouxera tanta alegria. Possuía agora a chave do seu dilema. Conseguira achar o espaço onde encontraria o seu homem.

   Sem por limites à sua fantasia, concluiu que o motorista do seu sonho deveria ser uma daquelas entidades que ela supunha viver em algum plano transcendente e cuja finalidade única de existir era auxiliá-la em suas metas.

   Por acaso ocorreu-lhe alguma vez o mais simples: por um anúncio em jornal comunicando haver achado a monografia?  Não. Não lhe ocorreu.  Isso, aliás, não combinaria nem um pouco com o seu modo de ser. Preferia mesmo continuar conduzida por seus sonhos. Atraiam-lhe coisas que ultrapassassem as fronteiras da razão. O desvendar daquele mistério, através dos esforços de seu subconsciente lhe parecia muito mais excitante. E, foi compensada.Veio por fim a noite que sonhou ter chegado ao Campus.  Ali, lembrou-se que o seu amado escrevia com muita fluência e que por seu estilo deveria pertencer aos estudos humanísticos. Como aluno ou professor seria naquele setor que o encontraria e assim restringiu em muito a área de sua busca. Finalmente, ainda em sonho, foi até a Faculdade de Letras e viu afixado na porta um enorme cartaz que dizia: Concurso de monografia. Tema: Quem sou eu? Seguia-se uma lista de professores inscritos e ao lado do nome, Gabriel Alencastro, um lembrete a lápis vermelho: Impedido de participar.

  Só nesta ocasião, absolutamente convicta de que Gabriel Alencastro era o seu homem, que Júlia conseguiu passar do terreno quimérico dos sonhos para o da realidade. Resolveu procurá-lo. Na verdade, partia ali da estaca zero. Contava apenas com um papel sem assinatura em mãos,  porque o resto, todas as indicações que possuía, vinham apenas de sonhos. Porém, lembremos,  Júlia era alguém para quem a fantasia era algo muito consistente, portanto nem chegou a questionar a validade daquilo tudo.

   E Gabriel Alencastro? Afinal existia? Sim. Era ele mesmo. Sem ter uma cópia do escrito que fizera, tomara o ônibus do Campus exatamente minutos antes de esgotar-se o horário do concurso. Ao querer apresentar-se, constatou que perdera a monografia e está visto também a chance. E, que tal era ele? Velho, estrábica, barrigudo?  Nada disso.  Correspondia com perfeição ao que Júlia ideara pra ele: Jovem e charmoso. Amou Júlia e ela amou-o. Afinal, vamos permitir que no mundo de Júlia o romantismo tenha lugar; que as suas imaginosas fantasias consigam uma solução inusitada para coisas que parecem impossíveis de serem concretizadas. Que ela encontre enfim aquilo no que acredita: Possuir uma “alma gêmea".



                                                                Da vó

                                                     Porto Alegre, janeiro de 2012.